O lugar da natureza nas políticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil

O lugar da natureza nas políticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil

Qual o lugar da natureza nas políticas de identificação, preservação e valorização do patrimônio cultural promovidas por órgãos como o Condephaat e o Iphan? Este curso pretende apresentar um panorama das ações destas instituições no âmbito do patrimônio natural, entendendo-o como parte constituinte das reflexões e ações sobre o patrimônio cultural. Será discutida sua conceituação, trajetória de atuação e casos paradigmáticos, bem como será apresentada uma leitura crítica da bibliografia disponível.

Sobre o curso

Usualmente relegada aos instrumentos previstos pela legislação ambiental — que trata de questões ecossistêmicas em parques, unidades de conservação, áreas de preservação, etc — a natureza é entendida nesse curso não só conceitualmente integrada à reflexão do patrimônio cultural mas também como elemento necessariamente mobilizado pelas políticas e ações dos órgãos de preservação. Neste sentido, debater a trajetória da ação no campo do patrimônio natural por parte de órgãos como o Condephaat e o Iphan permite refletir sobre e difundir trajetórias outras que aquelas normalmente associadas à história do patrimônio cultural no Brasil, marcadas pela posição hegemônica de discursos ligados à arquitetura e ao urbanismo e à categoria “patrimônio edificado”.

Afastando a natureza da ação dos órgãos de preservação, mantendo-a limitada à atribuição da legislação ambiental, corre-se o risco de se negligenciar os sentidos, significados e valores culturais associados por diferentes grupos aos espaços naturais, bem como em insistir no mito de uma natureza intocada e ausente de ação humana.

Nesse sentido, a ação dos órgãos de preservação pode potencializar a valorização e salvaguarda das memórias de grupos sociais não privilegiados pela história oficial, destacando sua relação cotidiana com espaços naturais.

Programa

12/9. A construção da noção de patrimônio natural
17/9. O Iphan e a proteção do patrimônio natural
19/9. A experiência paulista de preservação de áreas naturais, o Condephaat
24/9. A Unesco e o contexto internacional 
26/9. A patrimonialização da natureza no contexto da Política do Patrimônio Imaterial e da Chancela da Paisagem Cultural Brasileira
28/09 (sábado). Aula de campo no Parque do Povo  
1º/10. Oficina com documentos oficiais

Sobre os ministrantes

Danilo Celso Pereira é geógrafo pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Geografia Humana também pela USP e mestre em Preservação do Patrimônio Cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), tendo desenvolvido as atividades práticas do programa junto à Coordenação de Paisagem Cultural do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (DEPAM) da autarquia federal. Atualmente é discente em nível doutorado no Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da USP e pesquisador convidado do Grupo do CNPq do Instituto Florestal do Estado de São Paulo intitulado “Planejamento e Monitoramento de Áreas Naturais Protegidas”. Tem experiência nas áreas de Geografia e Patrimônio Cultural, atuando principalmente nos seguintes temas: geografia crítica, cidades-patrimônio, patrimônio natural, paisagem cultural, políticas públicas de preservação e educação patrimonial. 

Felipe Bueno Crispim é licenciado em História pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Campus Assis. Mestre em História pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Foi relator do processo de tombamento do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (IA) pela Diretoria de Patrimônio Artístico e Cultural de Jundiaí e membro do Conselho Editorial da Revista Patrimônio, Memória e Cidade, da Secretaria de Cultura de Jundiaí e parecerista da Revista Arqueologia Pública do Núcleo de Pesquisas e Estudos Ambientais (Nepam–Unicamp). É autor do livro Entre a Geografia e o Patrimônio: estudo das ações de preservação das paisagens paulistas pelo Condephaat (1968–1989) e membro do Grupo de Trabalho em História Ambiental da Associação Nacional de História — Seção São Paulo (Anpuh SP). Atualmente é doutorando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp na linha de pesquisa História Intelectual, Cultura Visual e Patrimônios.

Serviço

Data e horário
12/9 a 1º/10/2019.

Terças e quintas-feiras, das 14h às 17h (com exceção da aula do dia 28/9, que ocorrerá no sábado, das 9h às 12h)

Carga horária
21h

Local
Casa de Dona Yayá (Rua Major Diogo, 353, Bela Vista, São Paulo, SP)

Vagas limitadas
32

Público-alvo
Profissionais e pesquisadores do campo do patrimônio cultural, estudantes, educadores e interessados em geral

Atividade gratuita

Inscrições

Interessados devem preencher o formulário disponível em forms.gle/DCKMTBBaKkkxeLv27 até o dia 11/8/2019.

Os selecionados serão notificados a partir do dia 19/8 exclusivamente por e-mail, devendo então confirmar a disponibilidade em participar do curso. Em caso de desistências, serão notificados os inscritos em lista de espera.

Critério de seleção

Será avaliada a justificativa de interesse pela participação no curso redigida pelos interessados no formulário de inscrição.