O bairro do Bixiga é dos mais plurais da cidade de São Paulo, ainda que não exista formalmente nos mapas oficiais da cidade: normalmente associado a algumas regiões no interior do distrito da Bela Vista, o Bixiga é palco para muitas manifestações culturais e memórias de grupos diversos. Marcado pela já centenária herança africana e italiana, o Bixiga também reúne imigrantes de origem de outras regiões do país, como o Nordeste, bem como de levas mais recentes de imigração (haitianos, palestinos, entre outros). Impossível de ser reduzido a um único rótulo, o Bixiga apresenta também desafios para a implementação democrática de políticas públicas que reconheçam a riqueza de sua diversidade cultural e promovam a valorização de suas muitas memórias.
No próximo dia 5 de maio, domingo, receberemos na Casa de Dona Yayá o pesquisador Thales Marreti Rosa para conversarmos sobre sua dissertação de mestrado, na qual ele discutiu a relação entre as ações de planejamento urbano e de preservação do patrimônio cultural na cidade e, em particular, do concurso de ideias para o bairro promovido durante a gestão de Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo (1989–1992).
Como conciliar os múltiplos interesses, discursos e memórias sobre o bairro? Como promover ações de patrimonialização dos bens culturais que não promovam o silenciamento de certos grupos e memórias e o enaltecimento de outros? Quais as potencialidades e limites de instrumentos como o tombamento? Conversaremos sobre estes e outros assuntos no domingo, dia 5/5, às 11h.
5 DE MAIO DE 2019: THALES MARRETI ROSA
O Concurso Nacional de Ideias para a Preservação e Renovação do Bexiga
A conversa tem como objetivo discutir questões relacionadas às políticas de participação popular em processos de patrimonialização e sua integração às práticas de planejamento urbano, tendo como objeto o Concurso de Ideias do Bexiga, realizado durante a administração municipal de Luiza Erundina (1989–1992). O Concurso apresentou-se como uma proposta inovadora dentro das políticas urbanas, possuindo como singularidade a participação direta da população afetada, desde a formulação dos requisitos que entrariam no edital de convocação até a eleição final das propostas. A partir dessa experiência, podem ser levantadas algumas perguntas relacionadas à identidade, à memória e a abertura do processo de tombamento do bairro da Bela Vista, iniciado durante o período e relacionado às disputas envolvendo diversos agentes participantes do Concurso, assim como questões sobre os limites da gestão democrática e da participação popular experimentados no projeto.
Sobre o pesquisador
Thales Marreti é bacharel em ciências sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e mestre em ciências pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Realiza pesquisas sobre patrimônio cultural, memória, história da arquitetura, do urbanismo e da urbanização. Participa atualmente do programa de Visitas Patrimoniais do SESC Pompeia.
Sobre as conversas com pesquisadores
Tratam-se de rodas de conversa com especialistas e pesquisadores do campo do patrimônio cultural, com o objetivo de promover a divulgação da produção acadêmica e a aproximação entre o universo acadêmico e a sociedade em geral. As conversas são uma oportunidade para conhecer os pesquisadores e seus objetos de investigação, além de proporcionar um espaço para debate e troca de conhecimento.
Serviço
Data
5 de maio de 2019
Horário
11h–12h30
Local
Casa de Dona Yayá. Rua Major Diogo, 353, Bela Vista
Público
Aberta a todos os interessados em discutir patrimônio cultural, memória e sua inserção na cidade — e em especial interessados no bairro do Bixiga.
Não há necessidade de inscrição prévia
Na ocasião a Casa de Dona Yayá estará aberta à visitação entre 10h e 13h.