Domingo na Yayá (24/3): Conversa com pesquisadores — Dia internacional do direito à verdade

Domingo na Yayá (24/3/2019): conversa com pesquisadores — Dia internacional do direito à verdade

DIA INTERNACIONAL DO DIREITO À VERDADE

No dia 24 de março celebra-se o Dia Internacional do Direito à Verdade. Na data são recordadas as graves violações de direitos humanos ocorridas em regimes de exceção instalados no passado em diferentes países. O dia é reivindicado e evocado por movimentos de defesa dos direitos humanos e pelos grupos que pautam a luta pela memória, verdade e reparação às vítimas das ações e crimes cometidos pelos estados e governos no contexto desses regimes. “Para que nunca mais se repita e para nunca mais esquecer” é lema compartilhado por muitos desses movimentos, colaborando para a construção de uma memória viva e crítica dos acontecimentos traumáticos de um passado ainda recente.

Tais agressões e violações de direitos, contudo, não ocorreram abstratamente, mas eram concretamente localizadas. Restam, portanto, lugares de uma memória difícil e de construção simbólica de uma consciência pela defesa dos direitos humanos e da cidadania. Se tais lugares não devem ser silenciados ou invisibilizados — não repetindo, portanto, as estratégias de silenciamento de vozes marginais adotadas durante os regimes de exceção —, porém, também demandam ações de memorialização, salvaguarda e valorização sensíveis às memórias traumáticas que ensejam.

Tais são os lugares de memória e consciência ligados à ditadura-civil militar que serão objeto de debate no próximo dia 24 de março na Casa de Dona Yayá. Quais são esses lugares? Por que não sabemos deles? Como lidar com eles e o que fazer com o que resta deles?

PROGRAMAÇÃO

Serão duas apresentações de trabalhos de pesquisadoras da temática dos lugares de memória das ditaduras civil-militares na América Latina, seguidas de discussão com os presentes.

DEBORAH NEVES
Patrimônio e memoriais da ditadura em São Paulo e Buenos Aires
A conversa tem por objetivo discutir com os participantes a importância da preservação de espaços ligados às recentes ditaduras por meio do tombamento como forma de reparação simbólica e como parte da política pública internacional de memória e verdade. A conversa terá como foco principal as experiências das cidades de São Paulo e Buenos Aires, desde a década de 1980 até os dias atuais.

ANACLARA VOLPI ANTONINI
Intervenções e experiências de memorialização de lugares relacionados à ditadura militar em São Paulo
A palestra apresentará os principais debates realizados no mestrado da autora, intitulado Lugares de memória da ditadura militar em São Paulo e as homenagens ao operário Santo Dias da Silva, cujo objetivo foi analisar o sentido dos lugares de memória relacionados à repressão e à resistência à ditadura militar em São Paulo e das mobilizações pela sua identificação, preservação e/ou memorialização no contexto da metrópole paulista. Além do levantamento sobre as iniciativas de memorialização realizadas, o trabalho enfocou as homenagens periódicas ao operário Santo Dias da Silva no lugar de seu assassinato como intervenções que contrariam os processos de apagamento dessa memória e ressignificam o lugar com sua sinalização e apropriação. A palestra discutirá também a construção do objeto de pesquisa no contexto brasileiro e o modo como o desenvolvimento do tema nos âmbitos político e social influenciou o próprio processo investigativo. Por fim, problematizará a especificidade do tema atualmente e as relações entre pesquisa e atuação política.

SOBRE O DIA 24 DE MARÇO

A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas instituiu em 2010 o 24/3 como Dia internacional para o direito à verdade sobre violações graves de direitos humanos e para a dignidade das vítimas. Na data recorda-se, além das graves agressões a direitos ocorridas nos mais variados contextos repressivos, o assassinato do arcebispo Oscar Romero, de El Salvador, ocorrido em 24 de março de 1980 durante uma missa que celebrava. Romero ficou conhecido dentro e fora de seu país em função de sua militância a favor de justiça social e direitos humanos. No Brasil a data está inserida no calendário oficial desde 2018 com a promulgação da lei 13.605, proposta pela deputada Luiza Erundina. Mais informações sobre esse dia encontram-se em un.org/en/events/righttotruthday/.

SOBRE AS PESQUISADORAS

Deborah Neves é bacharel e licenciada pela USP (2008), especialista em Gestão do Patrimônio e Cultura pela Unifai (2011), especialista em História Recente pelo Conicet-CAyCIT Argentina (2012), mestre em História Social pela Usp (2014) e Doutoranda em História pela Unicamp. Atua como historiadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico (UPPH), vinculada ao Condephaat, desde 2010.

Anaclara Volpi Antonini é geógrafa e mestre em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo. Realiza pesquisas sobre patrimônio cultural, memória, urbanização e lugares de memória relacionados à ditadura militar. Participa da Rede Paulista de Educação Patrimonial (Repep) desde 2013.

SOBRE AS CONVERSAS COM PESQUISADORES

Tratam-se de rodas de conversa com especialistas e pesquisadores do campo do patrimônio cultural, com o objetivo de promover a divulgação da produção acadêmica e a aproximação entre o universo acadêmico e a sociedade em geral. As conversas são uma oportunidade para conhecer os pesquisadores e seus objetos de investigação, além de proporcionar um espaço para debate e troca de conhecimento.

SERVIÇO

Data
24/3, domingo

Horário
10h30–12h

Local
Casa de Dona Yayá (Rua Major Diogo, 353, Bela Vista)

Público
Aberta a todos os interessados em discutir a memória e sua inserção na cidade.

Não há necessidade de inscrição prévia

Na ocasião a Casa ficará aberta entre 10h e 13h para visitação.