Domingo na Yayá (junho de 2019): Conversa com pesquisadores sobre o bairro do Bixiga

Domingo na Yayá — Conversa com pesquisadores sobre o bairro do Bixiga

O bairro do Bixiga é dos mais plurais da cidade de São Paulo, ainda que não exista formalmente nos mapas oficiais da cidade: normalmente associado a algumas regiões no interior do distrito da Bela Vista, o Bixiga é palco para muitas manifestações culturais e memórias de grupos diversos. Marcado pela já centenária herança africana e italiana, o Bixiga também reúne imigrantes de origem de outras regiões do país, como o Nordeste, bem como de levas mais recentes de imigração (haitianos, palestinos, entre outros). Impossível de ser reduzido a um único rótulo, o Bixiga apresenta também desafios para a implementação democrática de políticas públicas que reconheçam a riqueza de sua diversidade cultural e promovam a valorização de suas muitas memórias.

No próximo dia 2 de junho, Domingo na Yayá, às 11h, receberemos a pesquisadora Vivian Barbour para conversar sobre sua dissertação de mestrado, na qual ela discute questões ligadas ao reconhecimento da Vila Itororó como bem cultural na cidade de São Paulo. A Vila, localizada na região central do Município, próxima ao leito do rio de mesmo nome — atualmente correndo sob a Avenida 23 de Maio — passou por um longo processo de patrimonialização iniciado ainda em meados do século XX. Ao longo desse processo a transformação da Vila em patrimônio cultural foi eventualmente usada para legitimar o não-reconhecimento da população que a habitava, silenciando sua presença e sua memória no lugar e eventualmente justificando até mesmo sua expulsão do local. Quais os limites do instituto do tombamento? A que interesses o processo de patrimonialização responde? Conversaremos sobre estes e outros assuntos na próxima edição do Domingo na Yayá.

2 de junho de 2019: Vivian Barbour

O patrimônio existe? Sentidos da Vila Itororó

O processo de patrimonialização da Vila Itororó traduz as transformações e permanências por que passou o campo da preservação em São Paulo desde a década de 1970. Nele, há uma clara tensão entre os discursos hegemônicos do patrimônio, fundados na sobrevalorização estética e na expertise técnica, e os movimentos de alargamento do conceito de patrimônio, que passa a englobar o ordinário, o cotidiano e a cultura como prática social. Essa disputa vem colocando em questão o próprio papel do patrimônio na cidade, especialmente no que diz respeito ao seu uso e sua inserção no cotidiano — resposta que, no caso da Vila, ainda está sendo desenhada. A pergunta que propomos neste trabalho — o patrimônio existe? — se apresenta, então, como um disparador para situar a noção de patrimônio cultural e de suas práticas como fruto de processos subjetivos desenvolvidos no presente. Vamos conversar sobre a experiência da Vila e o que ela pode nos ensinar sobre os desafios e limitações presentes no campo tendo em vista os instrumentos e arranjos institucionais disponíveis, com o objetivo de trazer luz à necessidade de se pensar em políticas que garantam preservação material com preservação social.

Sobre a pesquisadora

Vivian Barbour é advogada, pesquisadora e urbanista. É bacharela em Direito pela FD–USP (2012) e mestra em História e Fundamentos da Arquitetura do Urbanismo pela FAU–USP (2017), com pesquisa sobre a construção de sentidos em torno da patrimonialização da Vila Itororó. Colaborou com o processo de reabertura do Museu Memória do Bixiga (MUMBI) entre 2016 e 2019. É membro da Association of Critical Heritage Studies (ACHS) e coordenadora da área de Direito Urbanístico do MAB Advogados.

Sobre as conversas com pesquisadores

Tratam-se de rodas de conversa com especialistas e pesquisadores do campo do patrimônio cultural, com o objetivo de promover a divulgação da produção acadêmica e a aproximação entre o universo acadêmico e a sociedade em geral. As conversas são uma oportunidade para conhecer os pesquisadores e seus objetos de investigação, além de proporcionar um espaço para debate e troca de conhecimento.

Serviço

Data
2 de junho de 2019

Horário
11h–12h30

Local
Casa de Dona Yayá. Rua Major Diogo, 353, Bela Vista.

Público
Aberta a todos os interessados em discutir patrimônio cultural, memória e sua inserção na cidade — e em especial interessados no bairro do Bixiga.

Não há necessidade de inscrição prévia
Na ocasião a Casa de Dona Yayá estará aberta à visitação entre 10h e 13h.