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Barões (2010), de Bruno Jorge, documentário brasileiro que reúne imagens poéticas do centro de São Paulo
O Fluxus 2010 exibe mais de 40 curtas de animação, ficção, documentários e obras experimentais, que podem ser votados tanto na exposição quanto na internet
Por Claudia Costa
Pioneiro na utilização da internet como suporte de exibição de audiovisuais, o Fluxus – Festival Internacional de Cinema na Internet expande em sua edição 2010 o conceito da mobilidade de imagens, levando o cinema para o museu. Assim, o festival acontece tanto no site (www.fluxusonline.com) quanto no Museu da Imagem e do Som (MIS), que exibe toda a sua programação. São mais de 40 filmes escolhidos entre os 1.200 inscritos de 62 países. Além dos vídeos da mostra competitiva, ainda é apresentada uma retrospectiva com 14 obras de edições anteriores do festival, assinadas por importantes artistas, como Seoungho Cho, Anney Bonney, Anouk de Clercq e Cao Guimarães.
Na programação internacional, destaque para Atados (Espanha, 2009), de Paco Almazo, sobre uma mulher de 60 anos que rega tranquilamente as plantas de sua varanda quando um homem de sua idade a ataca e faz dela prisioneira em sua própria casa, dando início a um sequestro nada convencional; A Baía da Raposa (França, 2009), de Grégoire Colin, em que um adolescente observa a entrada de um iate de luxo na baía, trazendo a bordo um casal, e ele espia a mulher jovem e bonita enquanto anoitece; Era Uma Vez (Irã, 2009), de Soran Fahim, sobre a bela filha de um homem que é considerada o bem mais protegido da aldeia, da qual ele não deixa ninguém se aproximar; O Gosto Amargo do Chocolate (França, 2008), de Lucile
Chaufour, sobre uma jovem mãe, duas crianças e fragmentos de um dia num subúrbio parisiense.
Entre as animações estão Belleville (França/Alemanha, 2009), de Pascale Guillon, encontro de criaturas estranhas, como um velho galgo inglês que atravessa um cemitério mancando, uma lavadeira com uma cabeça de pavão que arrasta pilhas de roupa suja e uma ovelha cheia de fervor religioso; A Cobra Branca (EUA/Taiwan, 2009), de Ying-Fang Shen, em que um homem é seduzido por cobras disfarçadas como uma bela jovem de branco e sua criada de verde; O Silêncio sob a Casca (França), de Joanna Lurie, em que criaturas singulares vivem nas profundezas de uma enorme florestas coberta sobre a neve; Laudromatik (Bélgica, 2009), de Jeroen Swyngedouw, uma viagem à la Júlio Verne, porém desta vez não para o centro da Terra, mas para as profundezas nunca exploradas de uma máquina de lavar enferrujada; e Kananana (Brasil/Inglaterra, 2009), de Cassiano Prado, que se passa sob o céu árido e sem vida de uma metrópole utópica, onde acontece um experimento ultrassecreto em laboratório.
Há ainda os brasileiros Barões (2010), de Bruno Jorge, documentário baseado em uma configuração de imagens poéticas no centro de São Paulo vistas por pessoas que trabalham como cartazes ambulantes; Paulo Menten (2009), de Wagner Munhê, documentário sobre o artista plástico Paulo Menten, que na adolescência ainda não sabia se seria escritor ou artista; Pólis (2009), documentário sobre um dia qualquer, em uma cidade comum, onde o horror e o sublime do urbano estão em constante transformação; e as ficções Sobe, Sofia (2009), de André Mielnik, abordando a solidão, e A Visita do Olhar da Sombra (2010), de Fábio Cançado, compilação de 20 pequenos filmes, criando metáforas marcadas por conceitos plásticos e fotográficos; além dos experimentais Bolivia Te Extraño (2009), de Dellani Lima e Joacélio Batista; e No Final do Mundo (2009), de Gabriel Martins.
Na retrospectiva estão filmes como Aqui de Novo (Brasil, 2002), experimental de Lucas Bambozzi, sobre a contradição entre o que se quer e o que se faz; Cabeças de Tomate (Áustria, 2001), de Paul Horn e Harald Hund, também experimental em que a família Meiberger vive de cabeça para baixo; Gameover (Rússia, 2002), de Vadim Vyazantsev, uma sátira à tendência russa de simular o high-tech através de uma combinação de força bruta e entusiasmo de um grupo de indivíduos motivados, e que tem menos de 55 segundos, mas foi produzido durante quatro anos; Mostre sua Língua (EUA, 2005), de Seoungho Cho, que poderia ser descrito como uma amostra da natureza com trilha sonora eletrônica, mas que nas mãos do diretor se transforma em um trabalho perturbador; e Whoosh (Bélgica, 2001), de Anouk de Clercq, com filmes de cinema, grafismos e música que atuam entre si, numa reflexão poética sobre a nossa era.
A mostra do Fluxus 2010 fica em cartaz até 20 de junho, com visitação de terça a sábado, das 12h às 19h, e domingos e feriados, das 11h às 18h, no MIS (av. Europa, 158, tel. 2117-4777). Ingressos: R$ 4,00 e R$ 2,00; grátis aos domingos.