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Patrimônio Cultural em pauta na Universidade

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A Universidade contribuindo para a cidade

 

Por André Meirelles

Seminário organizado pelo Centro de Preservação Cultural da USP debate a questão do reconhecimento dos bens culturais

MP 2008 Foto José Rosael

Na próxima semana, nos dias 26, 27 e 28 de maio, o Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP, instalado na Casa de Dona Yayá, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, promove o seminário “O Reconhecimento dos Bens Culturais”, com o objetivo de abordar questões relativas ao patrimônio histórico e fazer reflexões sobre como se reconhece um bem cultural. O encontro ocorrerá no Centro Universitário Maria Antonia (Ceuma) da USP e estarão presentes pesquisadores e representantes de instituições nacionais e estrangeiras. Além do CPC, o seminário é organizado e financiado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP e pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Já há algum tempo, professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP têm colaborado com o Departamento de Patrimônio Histórico, ligado à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, e com o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), ligado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, para oferecer subsídios a edifícios que sejam referências de preservação. Nesse sentido, houve a proposta da diretoria do CPC de promover um evento que discutisse o processo de reconhecer um bem cultural.

“A tentativa desse seminário é justamente trazer mais elementos para a discussão e problematizar os instrumentos disponíveis, as formas de elaboração de inventário e as formas de reconhecimento dos bens culturais”, afirma a professora Beatriz Mugayar Kühl, vice-diretora do CPC e docente da FAU. Para isso, foram organizadas três mesas de exposição, que ocorrerão nos três dias do evento.

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Maria Arminda do Nascimento Arruda: “O seminário é importante não só porque se trata de uma reflexão do patrimônio, mas também porque a USP tem um patrimônio inesgotável”
Crédito: Cecília Bastos

Serão levadas à discussão diversas pesquisas realizadas nas academias, seja na USP ou fora dela. “Esse seminário é uma ação de extensão, mas ancorada na pesquisa. Extensão universitária não é qualquer ação, mas uma ação que resulta da produção do conhecimento que a Universidade faz”, explica a pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP, professora Maria Arminda do Nascimento Arruda.

Segundo Maria Arminda, uma das metas centrais desta gestão da PRCEU é trabalhar na interface com as políticas públicas, e o seminário está ligado a essa proposta. Além disso, a pró-reitora valoriza a atuação do CPC nessa discussão. “É um centro de reflexão e de ação na área da preservação. Portanto, ele tem que ser um instrumento das políticas patrimoniais, arquitetônicas e de edificação da Universidade. Ele tem que ser um grande interlocutor.”

Mesas de discussões – A primeira mesa do seminário, no dia 26, terá como temática principal o processo de como reconhecer um bem cultural – ou seja, o que é colocado em um inventário e por quê. Serão levantadas questões como os critérios utilizados hoje em dia, como isso comparece nas discussões e de que forma repercute nas políticas públicas de preservação, tutela, tombamento e inventário.

A cidade de São Paulo será tomada como o eixo da problematização. Uma das especialistas convidadas, Marly Rodrigues, diretora da Memórias Assessoria e Projetos, fará uma comparação entre as políticas dos órgãos federais, estaduais e municipais em relação à preservação da capital paulista.

Entre os convidados estrangeiros, no primeiro dia do seminário, estará Gabriela Lee, da Universidad Iberoamericana Ciudad de México, que abordará os instrumentos normativos e as políticas para o reconhecimento dos bens culturais no México. “A Cidade do México é uma cidade enorme, com políticas às vezes conflitantes entre estruturas federais em relação ao patrimônio. Para nós, pode ser útil aprender mais sobre essa experiência”, destaca Beatriz. A vice-diretora do CPC ainda destaca o paralelismo entre a capital mexicana e a cidade de São Paulo. Outro especialista do exterior, na primeira mesa, será o francês Richard Klein, da École Nationale Supérieure d’Architecture et de Paysage (Ensap) de Lille. Klein abordará o patrimônio moderno.

Casa da Dona Yayá_ pinturas murais Foto Cecilia Bastos  3

Casa de Dona Yayá: atual sede do Centro de Preservação Cultural
Crédito: Cecília Bastos

Na segunda mesa do seminário, dia 27, as discussões serão sobre as práticas de inventários arquitetônicos, ou seja, tudo aquilo que está construído em nossas cidades ou áreas rurais e que possui um potencial de preservação. “Eles são uma testemunha significativa do fazer humano de outras épocas no campo da arquitetura. Eles têm essas características de tentar registrar e ser um instrumento de identificação daquilo que pode ser significativo para a preservação”, explica Beatriz.

A temática foi criada justamente para entender a metodologia e a forma de criação dos inventários arquitetônicos, levando em conta os métodos, desafios e perspectivas. Nesse segundo dia de evento, estarão dois convidados internacionais: Antonella Negri, da Itália, e Ana Paula Noé da Silva, de Portugal. “São métodos de catálogos e inventários que têm dado um resultado muito interessante. Nós escolhemos duas experiências europeias de raízes latinas, como Portugal, por conta da grande afinidade com o Brasil, para colocá-las em diálogo com as experiências atuais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)”, afirma Beatriz.

Já a terceira mesa, no dia 28, será uma exposição das experiências de reconhecimento de bens culturais recentes ou que estão em andamento na cidade de São Paulo. Para isso, estarão presentes Adda Ungaretti, do Condephaat, e professores da USP, emtre outros convidados.

“A experiência da USP se faz a partir de diversas iniciativas de elaborar um inventário e catalogação do patrimônio da própria Universidade”, revela Beatriz, que participará da mesa com Monica Junqueira de Camargo e Marianna Boghosian Al Assal, da Escola da Cidade. Nesse terceiro dia, a mesa seguirá no sentido de articulação das pesquisas no âmbito da academia e as políticas da preservação do município.

Importância - Para a vice-diretora do CPC, o seminário tem uma grande importância para se alterar o modo como os inventários são vistos. “Eles são encarados como se fosse um problema só do tipo de ficha e suporte digital que se usam para catalogar as obras. Creio que o problema é uma questão de que critérios nós discutimos para reconhecer os bens culturais, o que para mim é o problema principal”, diz Beatriz.

Engenho do Erasmo_ Foto Francisco Emolo 02

Engenho dos Erasmos: um dos patrimônios tombados do Estado de São Paulo
Crédito: Francisco Emolo

Para a pró-reitora Maria Arminda, é muito significativo que a USP discuta essas questões em seus campos de conhecimento. “Esse seminário é importante não só porque se trata de fazer uma reflexão do que seja o patrimônio, mas também porque a USP tem um patrimônio inesgotável, seja ele artístico, arquitetônico ou histórico.”

Além disso, a pró-reitora destaca o caráter próprio da Universidade de questionar e deixar em pauta os assuntos mais relevantes da sociedade. “A USP é uma universidade pública e tem como princípio e obrigação fazer uma reflexão sobre questões centrais da sociedade. Neste momento, esta é uma questão muito importante: o problema do reconhecimento dos bens culturais”, completa Maria Arminda.

Beatriz acredita que promover essa discussão dentro da USP é essencial para colocar a questão do reconhecimento dos bens culturais em pauta e, eventualmente, dar força ao assunto para o futuro. “A nossa intenção com a criação desse seminário é justamente oferecer uma primeira base, lançar questões e problematizar esse tema, com a esperança de que isso se desdobre em futuras discussões.”

 

 

 

Serviço

26/5

14h Abertura

Maria Arminda do Nascimento Arruda (pró-reitora da PRCEU)

Mônica Junqueira de Camargo (CPC e FAU)

Beatriz Mugayar Kühl (CPC e FAU)

Mesa 1 – O reconhecimento dos bens culturais e sua implicação nas práticas de preservação: experiências em confronto

14h30 Richard Klein,(França)

16h Marly Rodrigues, (Memórias Assessoria e Projetos)

17h Gabriela Lee, (México)

18h Debates /moderadora: Simone Scifoni (FFLCH)

 

27/5

Mesa 2 – Práticas de inventários arquitetônicos: métodos, desafios, perspectivas

14h Antonella Negri (Itália)

15h José Rodrigues Cavalcanti Neto (Iphan)

16h30 Ana Paula Noé da Silva (Portugal)

17h30 Debates /moderadora: Flávia Brito do Nascimento (FAU)

 

28/5

Mesa 3 – Propostas de documentação e inventário: a problematização de experiências

14h Adda Ungaretti e Amanda W. Caporrino (Condephaat)

15h Marianna Boghosian Al Assal (Escola da Cidade)

Mônica Junqueira de Camargo (CPC e FAU)

       Sabrina Fontenele Costa (CPC)

16h45 Manoela Rossinetti Rufinoni (Unifesp)

17h30 Debates /moderadora: Claudia S. R. Carvalho (Casa RuiBarbosa)

 

Local:Centro Universitário Maria Antonia (rua Maria Antonia, 294, Consolação, São Paulo).

 

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