Bertrand Gadenne As borboletas, 1988 Instalação Coleção do artista

Por Cláudia Costa

O conceito da exposição “Um Mundo sem Medidas”, em cartaz no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, foi tirado do conto Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Assim como a jovem sonhadora perdida em um mundo de divagações, o público é convidado a se perder entre jogos com escalas, incongruências e desequilíbrios que questionam o real. Nela, o espectador é transformado em herói de uma narrativa em três dimenões, encontrando obras que remetem a contos de fadas, devaneios, medos e fantasmas da infância.

Entre os destaques está a série de fotografias Esquivas, de Mireille Loup, apresentando quadros naturais majestosos de rochedos, águas paradas e vegetação selvagem, com uma menina colocada em situações estranhas. O fotógrafo francês Phillippe Ramette também traz trabalhos desconcertantes, realizados sem nenhum truque, em que ele coloca em si curiosas próteses em posições improváveis, desafiando a gravidade. Françoise Pétrovitch utiliza a cerâmica para retratar um universo de sonho, povoado de referências infantis alegres e perturbadoras, como os pesadelos.

O Gigante, de Samuel Rousseau, projetado nas janelas da fachada do museu, é impressionante pelo seu tamanho, mas parece impotente já que é prisioneiro de uma moldura muito estreita para ele; inversamente, no interior do espaço, o homenzinho (projeção de vídeo do artista) não pode atingir o topo dos degraus que lhe permitirão chegar às alturas. Há ainda esculturas sonoras de Olivier Dominici, audíveis somente por meio de um fone de ouvido, e projeções de Bertrand Gadenne, em que um rato gigante parece surgir magicamente da escuridão, além de muitos outros trabalhos.

Gilbert Garcin A Testemunha, 2002 - série Simulacros fotografia p/b Galeria As filhas do calvário, Paris

MAC/USP
R. da Reitoria, 160, Cidade Universitária
T. (11) 3091-3039
H. de terça a sexta, das 10h às 18h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h
Ingressos: grátis
Até 31 de janeiro de 2010