Mundo inventado

Claudia Costa

Três exposições em cartaz em São Paulo apresentam mundos inventados, ou seja, fotos que recriam a realidade e até contos de fadas. Na Oca acaba de ser inaugurada a mostra “O Pequeno Príncipe”, obra que há 66 anos encanta crianças e adultos e que mergulha no seu universo e no de seu criador, Antoine Saint-Exúpery. Os 10 mil metros quadrados são ocupados com materiais inéditos, até mesmo na França, com uma cenografia mágica que retrata os ambientes reais por onde o autor passou e irreais, mas inesquecíveis, de diversas passagens do livro. A aventura já começa na compra do ingresso de entrada, em forma de passagem aérea do início da aviação.
Ao entrar, os visitantes encontram uma pequena Paris, cidade onde nasceu Saint-Exúpery, e passam por capítulos da sua obra: no total são 15 ambientes, com muitas surpresas e interação. O subsolo foi transformado em uma mapa das viagens do autor, e seguindo a trilha pode-se acompanhar as aventuras do piloto-poeta, na Patagônia e no Brasil, seguindo depois para o Norte da África até o deserto do Saara. A viagem termina no Cine Petit, com apresentações de uma produção multimídia inédita e interativa de O Livro Mágico, além de minidocumentários e o filme The Last Fight, que revela o útlimo vôo do autor.

Pequeno principe

No núcleo formado pelas janelas do tempo, descobrem-se desenhos originais de Saint-Exúpery, entre eles esboços e mensagens que revelam a concepção de O Pequeno Príncipe. Também é desvendado um outro segredo: a pulseira encontrada numa rede, por um pescador marselhês – último vestígio que levou as autoridades ao local exato onde Saint-Exúpery desapareceu a bordo do P38, avião pilotado por ele, em uma missão durante a Segunda Guerra Mundial. E não para por aí. Há salas como Me Desenha um Carneiro, Viagem com Pássaros e Cadernetas de Saint-Exúpery.

Contos de fadas – Para mostrar a importância dos contos de fadas e da tradição oral, o Sesc Santana apresenta uma exposição interativa de grandes proporções. “Quem Quiser que Conte Outra – Os Irmãos Grimm” traz elementos das principais histórias e lendas antigas que a dupla recolheu, diretamente da memória popular, e que eram destinadas originalmente a adultos. O público vai andar por uma floresta em meio a referências a contos como A Gata Borralheira, A Bela Adormecida, Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel e João e Maria, entre outros. Nenhum personagem foi recriado, mas todo o cenário está repleto de alusões. O teto da Floresta, feito de guarda-chuvas, imita árvores com troncos feitos de fitas de arranjos de flores, referentes à Chapeuzinho, e de pelúcia, referente ao Lobo Mau. Na entrada do Sesc, há uma torre de livros dos Irmãos Grimm, onde se pode ler algumas histórias, e uma enorme trança de cabelo. Entre as áreas de convivência, foi montado um túnel com uma instalação sonora que faz a passagem ao Palácio. Dentro dele há projeções do espelho da Branca de Neve, vestidos da Cinderela rodopiando, uma lareira, uma fonte, o jardim secreto e coroas. Na parte externa há um túnel de Seres Imaginários e o quiosque está tomado por referências à História do Alfaiate Valente, mais conhecida como João Mata 7. O projeto cenográfico é de Aby Cohen e Lee Dawkins.

Quem quiser

Invenção da Memória – E para encerrar a viagem, o Instituto Itaú Cultural, em parceria com a Maison Européenne de la Photographie, apresenta a mostra fotográfica “A Invenção de um Mundo”. Com curadoria de Eder Chiodetto, reúne 147 obras de 30 artistas da instituição francesa, centro de referência da fotografia contemporânea. A mostra está dividida em duas partes, A Invenção da Memória e O Eu Reinventado. Entre os destaques estão imagens de neve que queima, de Bernard Faucon, que abdicou da fotografia em 1995 para se dedicar à escrita, poetiza momentos de sonho, fantasia e realidade; imagens de objetos escolares que rememoram um passado, real ou inventado, assinadas por Christian Boltanski; jogos de luz e de sombra em fotos produzidas a partir de miniaturas de cenários, do catalão Jorge Ribalta; ou ainda cenários de guerra criados pelo belga Christian Carez em Souvenirs de Guerre eT de Solitude. O tema A Invenção de um Sonho aparece em trabalhos de Sarah Moon, reconhecida por suas imagens de moda e de publicidade, e de William Wegman, que privilegia o humor. Entre os nomes brasileiros, Vik Muniz apresenta três obras da série Drawing-wire, feita a partir de miniesculturas que, de longe, parecem desenhos a lápis; e Vicente de Mello, com Galáctica, que traz fotos de objetos registrados fora do contexto; além de um vídeo da brasileira Cris Bierrenbach, de 2003, que investiga os limites da expressão das linguagens visuais.

Oca (“O Pequeno Príncipe”)
Parque do Ibirapuera, portão 3
T. (11) 3034-6424
H. de terça a sexta, das 9h às 19h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 20h
Ingressos: R$ 18,00, com meia-entrada para estudantes e professores com identificação da instituição
Até 20 de dezembro

Sesc Santana (“Quem Quiser que Conte Outra”)
Av. Luiz Dumont Villares, 579
T. (11) 2971-8700
H. de terça a sexta, das 8h às 21h30, sábados, das 10h às 21h30, e domingos e feriados, das 10h às 20h
Ingressos: Grátis
Até 28 de fevereiro de 2010

Instituto Itaú Cultural (“A Invenção de um Mundo”)
Av. Paulista, 149
T. (11) 2168-1776
H. de terça a sexta, das 10h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h
Ingressos: Grátis
Até 13 de dezembro