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A mostra inclui documentos originais de peças teatrais, poemas, contos e romances dos anos 40 e 50
Aproveitando o lançamento do novo romance do escritor português José Saramago (Prêmio Nobel de Literatura), está em cartaz uma exposição sobre sua vida e obra. O conto, como ele mesmo prefere chamar, A Viagem do Elefante (Cia. das Letras, 264 págs., R$ 42,00) é baseado na história real sobre a insólita viagem de um elefante, chamado Salomão, nascido em Goa e transportado pelos mares a Portugal no século 16, por extravagância de um rei e um arquiduque.
O próprio início do livro sentencia isso: “Por muito incongruente que possa parecer…”, mas a verdade é que Dom João III, rei de Portugal e Algarves resolveu oferecer, em 1551, ao arquiduque austríaco Maximiliano II, genro do imperador Carlos V, um elefante. O fato histórico é o ponto de partida para a história de ficção sobre “a viagem do elefante”, e é com muito ironia e humor que o autor reconstrói a epopéia, fazendo considerações sobre a natureza humana ao provar que sempre se chega aonde se tem de chegar.
E na onda do lançamento, o consagrado escritor ganha a mostra retrospectiva “José Saramago: A Consistência dos Sonhos”. Polêmico, pessimista confesso, brilhante, ativista e incômodo, segundo o curador Fernando Gómez Aguilera (da Fundação César Manrique, organizadora da mostra), que reuniu cerca de 500 documentos originais, entre poesias inéditas, manuscritos, notas pessoais, primeiras edições, traduções, fotografias, vídeos e gravações, que traçam a vida literária do autor, explorando as chaves de seu imaginário.
Concebida por ocasião do 85º aniversário do autor, a mostra é resultado de intensa pesquisa. Saramago soube construir, a partir da década de 80, uma literatura renovadora e original, com a qual ganhou em 1998 o Prêmio Nobel de Literatura, concedido a um autor em língua portuguesa. “Armado de um autor-narrador forte, que invade o espectro de sua narrativa, defende que a obra é o romancista”, explica Aguilera, complementando que Saramago nunca ocultou sua militância comunista, projetando mundialmente seu trabalho e sua figura pública em defesa da liberdade, dos direitos humanos e da inclusão social, animado por valores e ideais suscetíveis de construir outra realidade, mais justa, mais humana.
A mostra está organizada em três grandes segmentos: Manuscritos e Documentos, Consciência Pública e Universalidade, propondo um vasto percurso pela produção literária de Saramago e seus contextos ideológicos e sociais. E o espaço expositivo conta com recursos audiovisuais, permitindo ao público se aproximar das chaves do autor por diversas portas de entrada.
Instituto Tomie Ohtake
Av. Brig. Faria Lima, 201, Pinheiros (com entrada pela r. Coropés)
T. (11) 2245-1900
H. terça a domingo, das 11h às 20h
Ingressos: Grátis
Até 15 de fevereiro de 2009