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Homenagem a Ernesto Paterniani

O pesquisador foi reconhecido em vida como um dos maiores estudiosos brasileiros na área de seleção e melhoramento genético do milho.

Falecido em 18 junho de 2009, a trajetória de Ernesto Paterniani revela uma vida e uma carreira de empenho e paixão pela pesquisa. As últimas e importantes homenagens recebidas pelo geneticista foram o Prêmio da Fundação Bunge 2005, na área de Agronegócio, categoria Vida e Obra, o mais respeitado estímulo àqueles que estão construindo um Brasil melhor. Em 2008 recebeu o Prêmio Conrado Wessel, concedido à personalidade ou entidade de reconhecimento nacional nos campos da Arte, Ciência, Cultura e Medicina, pela Fundação que leva o mesmo nome.

Abaixo apresentamos um perfil de Paterniani realizado em 2007 e que traz trechos de entrevista com o também docente da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz”. O texto faz parte do Projeto Memória e foi escrito pela equipe da Assessoria de Comunicação (Acom) da Esalq.

“Pode existir quem acredite na seleção genética tanto quanto eu. Mais, não!”

A frase sintetiza a obra de Ernesto Paterniani, engenheiro agrônomo formado pela Esalq, e um dos mais respeitados pesquisadores brasileiros na área de seleção e melhoramento genético em milho. “Hoje, nem mesmo os geneticistas têm uma adequada percepção do real potencial da seleção para modificar, geneticamente, plantas e animais”, afirma o cientista que nos últimos anos vem participando ativamente dos debates sobre organismos geneticamente modificados.

Paulistano, filho de italianos oriundos de uma leva de imigrantes que desembarcou no Brasil para trabalhar nas lavouras de café, Paterniani chegou cedo a Piracicaba, quando os pais vieram à cidade para assumir o comando de um armazém de secos e molhados da família.

Inclinado a estudar engenharia civil, optou pela agronomia pela situação familiar da época. “Tinha facilidade em matemática e álgebra. Mas, ao ingressar na Esalq, em 1947, me interessei por genética, apesar do professor Friedrich Gustav Brieger ser alemão e falar um português quase incompreensível”, diz se referindo ao fundador do Departamento de Genética da Escola.

Posteriormente, já proprietária de um posto de gasolina e uma oficina mecânica na Vila Rezende, a família tinha um carro, coisa rara naquela época. “Eu era um privilegiado. Após o período de trotes, vinha para a Escola guiando um Chevrolet 1928”, diz ao recordar que no desfile dos ingressantes saiu vestido de Corcunda de Notre Dame.

Da turma de 1950, de apenas 36 alunos (entre os quais uma única mulher, Maria de Lurdes do Canto), ingressou na faculdade e se formou com a mesma classificação, ficando atrás apenas de José Romano Gallo. “No quarto ano, procurei um estágio e me colocaram na citologia. Em apenas um dia no laboratório percebi que meu negócio era outro, queria trabalhar no campo.”

Ao final do curso, foi contemplado com uma bolsa pela Fundação Rockefeller para agrônomos recém-formados estagiarem no Programa Agrícola Mexicano, que visava a aumentar a produção de alimentos. “Com os resultados obtidos com melhoramento de milho e trigo, em menos de dez anos, o México passou de importador a autossuficiente nesses cereais.” Na ocasião, conheceu e tornou-se amigo de Norman Borlaug, o pai da Revolução Verde.

Ao voltar do México, ingressou na Esalq para gerenciar um banco de germoplasma e percorreu grande parte da América Latina, coletando variedades locais das mais diversas raças de milho. “Após 17 anos recolhendo sementes, cerca de três mil amostras de todo o acervo do banco foram transferidas para a recém-criada Embrapa.”

Ao longo da carreira, desenvolveu estudos sobre descrição e classificação de raças de milho, conduziu pesquisas relacionadas à Genética Aplicada ao melhoramento de plantas, sempre buscando aumentar a eficiência e maior simplicidade na execução. Produziu inúmeras populações melhoradas usando a “seleção entre e dentro de famílias de meios-irmãos”, e criou um novo método de seleção de plantas prolíficas (mais de uma espiga por planta), antes do florescimento.

“Sinto me gratificado pela minha contribuição para a melhora das populações de milho, por meio dos programas de melhoramento, inclusive do exterior, que deram origem a novas variedades e híbridos de alta produtividade.”

Fonte: Assessoria de imprensa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq)

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