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Há dois anos, São Paulo viu a “Bienal do Vazio”. A mostra ganhou o apelido por trazer vazio o segundo piso do prédio da exposição – apontando para a crise que a instituição enfrentava. Logo na abertura, o polêmico andar vazio foi alvo de pichadores. Inaugurada no último dia 25 de setembro, com curadoria do economista Moacir dos Anjos e de Agnaldo Farias, professor do Departamento de História da FAU, a 29ª edição da Bienal não faz diferente: está ainda mais provocadora – e pichadores não demoraram a se manifestar. “É da ordem da arte produzir polêmica. Ela apresenta aquilo que nós não conhecíamos, trabalha com zonas obscuras, que ainda não foram metabolizadas”, afirma Agnaldo Farias. Desta vez, no entanto, não há espaço vazio na Bienal – e a exposição traz até samba e poesia.
O Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, foi ocupado por 800 obras, de cerca de 160 artistas, brasileiros e estrangeiros. O mote da exposição este ano é o par arte e política. “Queremos mostrar o caráter político da arte, não apenas a arte falando da política, mas ela mesma, com a sua natureza inquieta, encontrando novas formas de transformar as pessoas”, explica Farias.
Assim, enquanto há obras que retratam personagens políticos, outras se ocupam em proporcionar uma experiência diferente ao visitante. É o caso de Un lugar para vivir cuando seamos viejos (Um lugar para vivermos quando formos velhos), da argentina Ana Gallardo, um espaço com sofás e vídeos de casais dançando bolero, propondo um lugar ideal para velhice. “Política é muito mais do que atuação político-partidária”, diz o curador, ressaltando que um dos objetivos da Bienal é esclarecer esse conceito. “É a ideia do encontro das diferenças, do intercâmbio, da conversa, do exercício de se pensar em relação ao outro.”
Para transmitir esta noção, a Bienal tem, em seu título, poesia: “Há sempre um copo de mar para um homem navegar”, verso do poeta alagoano Jorge de Lima. “Queríamos trazer a importância da palavra poética, aquela que tem uma certa opacidade, um dado enigmático”, conta Farias. “O papel da arte é fazer perguntas. A universidade, lugar de respostas, precisa ser visitada pelas artes. O mundo, a nossa formação, precisa passar por isso. Nós palmilhamos um mundo cheio de certezas – equivocadamente cheio de certezas”, continua.
Além de instalações, fotografias e vídeos, a mostra inova com os “terreiros”, espaços desenhados pelos artistas onde o público pode descansar e ser também protagonista da exposição. “Uma exposição de arte e política apenas contemplativa seria uma contradição”, acredita o curador, afirmando que o conceito foi inspirado pelo samba Brasil pandeiro, de Assis Valente, com seu verso “Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros, que nós queremos sambar”. “Nós queremos politicar, debater, discutir. A ideia é que aqui haja uma celebração da política e isso tem a ver com o próprio samba”, afirma Farias. O terreiro “Eu Sou a Rua”, por exemplo, será um lugar de palestras e debates, o terreiro “Longe Daqui Aqui Mesmo” traz um misto de biblioteca e labirinto e “A Pele do Invisível” é destinado a projeção de filmes.
O evento que coloca o país no circuito internacional de arte contemporânea estreitou, este ano, os laços com curadores estrangeiros, convidando profissionais de diversas origens, de Angola ao Japão, a ajudar na escolha dos artistas. Agnaldo Farias conta que o trabalho foi permeado de diálogos cortantes e discussões muito vivas. “Houve muito contraste de opinião. Eles nos deram subsídios magníficos.”
Com o objetivo de se aproximar também do público (afinal, a organização da Bienal espera atrair 1 milhão de pessoas ao evento), a exposição tem agora um novo website. Lá, você encontra o Canal 29, que traz notícias, fotos e entrevistas com os artistas, curadores e organizadores do evento. Ande pela Bienal desde já: http://www.29bienal.org.br/FBSP/pt/29Bienal/Canal29/Paginas/default.aspx.
29ª Bienal de São Paulo
Local: av. Pedro Álvares Cabral, portão 3, Pq. do Ibirapuera
Data: até 12/12
Horários: de 2ª a 4ª feira: das 9h às 19h
5ª e 6ª feira: das 9h às 22h
Sábado e domingo: das 9h às 19h
Valor: gratuito
Fone: 5576-7600
seg, 29 de junho
dom, 28 de junho
dom, 28 de junho
sáb, 27 de junho
sáb, 27 de junho
sex, 26 de junho
sex, 26 de junho
ter, 2 de junho