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Psiquiatra faz alerta sobre outros distúrbios comportamentais

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Psiquiatra fala sobre outras doenças de saúde mental que também devem ser tratadas

Por Daniela Bernardi

Os distúrbios comportamentais não se resumem ao Transtorno Depressivo Maior (TDM), podem ser mais amenos ou diferentes. A distimia, por exemplo, é um tipo de depressão com sintomas mais imperceptíveis do que a TDM. “É importante tirar o preconceito das pessoas em relação à doença, porque há tratamento”, alerta o psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (IPq) ,Renério Fraguas Júnior que também ressalta as interferências causadas na vida dos pacientes.

A depressão que não é percebida

Enquanto a depressão maior apresenta cinco sintomas intensos, entre eles tristeza e anedonia (falta de prazer), a distimia causa até três sintomas, como baixa ou nenhuma autoestima, irritação, sono em excesso, alimentação exagerada, sentimento de negatividade, dificuldade em se relacionar com as pessoas, entre outros. “O doente não percebe quando o distúrbio começa, porque considera que o seu comportamento é normal e comum. Esta doença é bem menos sintomática”, explica o médico.

Outra diferença é que o TDM impossibilita a pessoa em seguir com a sua rotina; ela deixa de trabalhar, de estudar e de fazer outras atividades. Já a distimia atrapalha, porém a pessoa continua presente em suas obrigações. “O paciente também é prejudicado pela doença, em muitos casos, por exemplo, a ascensão no trabalho acaba sendo limitada”, conta Fraguas. Outra distinção é que a depressão é crônica e com picos intensos, já a distimia está sempre presente. “É importante que essas pessoas sejam tratadas para que a doença não agrave”, alerta.

Vulnerabilidade feminina

A depressão está presente em 11% dos homens e 20% das mulheres. Nestas, geralmente na época de fertilidade, principalmente em dois momentos: pós-parto e climatério (quando é iniciada a irregularidade do ciclo menstrual que está próximo à menopausa). A oscilação do nível de hormônios e fatores externos facilitam as mulheres a apresentar um quadro depressivo. “Nesta época da vida, elas, geralmente, deixam de ter a função de mãe. Além disso, nem sempre a vida profissional está bem sucedida, porque tiveram que se dedicar à família. Elas passam a estar expostas e a se sentirem não realizadas”, explica o psiquiatra.

A depressão pós-parto é causada por fatores biológicos, sociais e psicológicos. Ela é influenciada principalmente por antecedentes de depressão e falta de suporte do parceiro. “Durante a gravidez o ciclo ovulariano é perdido, mas após o parto ele volta à ativa. Algumas mulheres têm o sistema nervoso central mais sensível a oscilações hormonais que outras, o que as deixa mais vulneráveis à depressão”, resume Fraguas. O estresse gerado pela gravidez de risco também é um dos causadores da depressão pós-parto.

Psiquiatra Renerio Fraguas recomenda a prática de esporte como forma de prevenção à depressão

Acredita-se que a maioria dos antidepressivos passe para o leite materno, por isso, muitos médicos optam por diferentes formas de tratamento, como a psicoterapia. “Mas em casos mais graves, é preciso usar medicamento, porque a depressão materna faz mal à criança, atrapalhando a dinâmica familiar e o estímulo ao bebê”, ressalta.

Luto

Não se deve confundir o período de luto com a doença depressão. “Independente da duração do luto, os sintomas devem ser muito bem observados”, alerta Fraguas. Se muito fortes, sintomas como falta de apetite, insônia, culpa e vontade de morrer não são considerados normais na época de luto. “É diferente a pessoa falar que quer morrer para ficar próximo do ente que faleceu e dizer que tem vontade de estar morta porque a vida não faz mais sentido”, diferencia. Além do sentimento de tristeza, outros sintomas comuns são o estado de choque, a raiva, a hostilidade, a solidão e a sensação de vazio, porém em intensidades amenas.

Mania

Também existe a depressão bipolar, quando há picos de mania. Não estamos falando daquela mania de roer as unhas ou limpar a casa quatro vezes por dia. Mania é um distúrbio de comportamento que faz com que a pessoa fique agitada e com ideia de grandeza. “Geralmente, ela acha que é muito poderosa e que tem qualidades maiores que o normal”, explica Fraguas. Os delírios vão desde achar que é inventor de curas de doenças ou até que consegue falar com Deus. O paciente fica tão acelerado que não tem vontade de comer nem dormir.

“Essa fase bipolar é causada em 75% pelos fatores genéticos. No Brasil, atinge 1% da população”, finaliza. O tratamento são medicamentos de carbonato de lítio que são estabilizadores de humor. Por causa da agressividade e da falta de senso crítico, o paciente acaba exposto socialmente. “A pessoa que entra numa fase de mania sofre preconceito por causa das suas atitudes: delírios, gastos excessivos. Ela tem um comprometimento social maior que a pessoa com depressão”, explica.

Serviço

O Hospital das Clínicas (HC) não realiza consultas ambulatoriais direto com a população, já que ele é destinado para casos mais complexos. Para isso, é preciso passar por uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou por um ambulatório especializado que encaminharão os casos mais graves para o HC. Já no Hospital Universitário (HU), há o tratamento clínico. “A pessoa que tem o sintoma depressivo, deve procurar um clínico, porque a doença também pode ser causada pelo mau funcionamento do organismo, como a tireoide”, alerta.

O médico Renério Fraguas acaba de ser contratado para orientar e gerenciar o trabalho realizado por internos, residentes e médicos no HU. Ele auxiliará nas áreas de ensino, pesquisa e assistência em saúde mental, além de ajudar na integração do HC e com o HU.

Veja mais sobre o assunto em Depressão: doença que precisa de tratamento

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