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Preservar a memória do admirável público

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Parceria entre o Arquivo Miroel Silveira e o Centro de Memória do Circo propõe resgate histórico da dramaturgia circense

Por Márcia Scapaticio

O palco do circo é um grande espaço para a arte de interpretar. Nele, os palhaços fazem rir crianças curiosas e adultos saudosos de uma época na qual essa atração cultural era mais valorizada. Pensando em resgatar a história do movimento circense e apresentá-lo às novas gerações como base importante das artes dramáticas, o Centro de Memória do Circo, o Arquivo Miroel Silveira da Escola de Comunicações e Artes, os Doutores da Alegria e a Escola São Paulo de Teatro firmaram uma parceria para a construção de um banco de dados sobre essa dramaturgia.

A coordenadora do Centro, Verônica Tamaoki, não esconde a alegria em ver a concretização do projeto. “É satisfatório acompanhar a criação de um espaço consagrado à memória do circo, bem como a organização dessa classe, juntamente com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura. Nosso objetivo com a parceria é organizar os registros escritos e de imagens. Reunimos documentos dos circos Nerino e Garcia, os dois principais do País, e empreendemos um espaço multimídia para visita do público e de pesquisadores”, explica.

O pesquisador do arquivo da ECA Walter de Souza conta a história do centro, que possui seis mil processos de censura e de peças teatrais que ficaram sob o poder do Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda do Arquivo Público do Estado, até o final da ditadura militar. “Esse material ia ser queimado, mas o professor de Artes Cênicas, Miroel Silveira os trouxe para a USP, porém ele faleceu logo em seguida. Os documentos ficaram guardados até o ano 2000, quando a professora Cristina Costa assumiu o núcleo e transformou o acervo em projeto temático, que serve de base para estudos e pesquisas até hoje.”

Homenagem ao palhaço brasileiro

Verônica confirma que um desdobramento do projeto é dar acesso aos pesquisadores e curiosos, que se interessem pela cultura circense: “O interesse pelo assunto aumentou bastante, as novas gerações estão buscando esse conhecimento, pois o circo influenciou muitas artes. A universidade também se voltou para o circo, atendemos muitos graduandos e mestrandos, alunos de escolas de teatro, de moda e de comunicação”.

Segundo Souza, a transmissão do circo é oral, feita de pai para filho, mas com o advento dos meios de comunicação de massa o circo perdeu espaço. “Era comum as pessoas se emocionarem e até desmaiarem durante as apresentações, mas o circo perdeu terreno nos grandes centros, as famílias se dispersaram, assim como o saber acumulado”, completa.

Verônica relembra a citação de Mário de Andrade que, em 1931, mencionou a importância do trabalho do palhaço Piolin, pedindo seu registro. “O circo teve destaque no movimento modernista brasileiro e Mário fez questão de ressaltar isso, pois percebeu que não estávamos mais na época da memória oral.”

Na opinião de Souza há um aumento de interesse por esse segmento artístico devido aos grupos de teatro e do Cirque Du Soleil, que atraem um grande público por meio da renovação da tradição circense. No campo da pesquisa, uma das funções da USP é sistematizar esse conhecimento, oferecendo-o para as novas gerações. “Resgate e transmissão são duas vertentes simultâneas que guiam nosso trabalho em parceria com o centro”, afirma.

Um comentário sobre “Preservar a memória do admirável público”

  1. J notariano disse:

    Fez-me relembrar um Circo Alemão que veio ao Brasil na década de 50 ou 60.Era criança e após algum, tempo conheci um ex-artista do circo que se apresentava e se exibia com acrobacias montado em cavalos. Era o professor Dr. Fritz Ney; advogado Alemão com várias obras literárias e vários doutorados. Escolheu o cavalo para locomoção pessoal e viveu até os 90 anos cavalgando. Falou-me tudo sobre circo. – Na sequência outro circo se instalou em um parque em frente a minha casa no intrerior. (Interessante que era no centro da cidade)- Circo argentino (Mundial Circus) com muitas atrações para adultos; jovens e crianças. Meu pai era profissional da Saúde e se relacionou com os diretores do circo. Eram três humoristas conhecidos por Palhaços; Pimpa;Pumpum e Rimpimpim. – A seção de trapézio foi inesquecível e um desses trapezistas também frequentou minha casa. Depois soube que esse trapezista trabalhou no filme O Maior Espetáculo da Terra- (Pifrai Marciano)e os palhaços, eram médicos. – Claro que a educação era outra bem diferente de hoje e o CIRCO DEIXOU SAUDADES NAQUELES QUE TIVERAM A SORTE DE ASSISTIR AOS ESPETÁCULOS. Mazzarope ficou milionário e mesmo no áuge de sua fortuna se apresentava em circo. (Também esteve em minha casa quando criança). Hoje nos referimos ao sistema político ou adminsitrativo como se fosse um circo, que ofensa.

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