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Nesta terça será inaugurada exposição com aquarelas e desenhos do artista francês, que retratam o País no século 19
Jean-Baptiste Debret retratou o Brasil do século 19 em suas pinturas e desenhos. Nascido em Paris no ano de 1768 em uma família de artistas, estudou na Academia de Belas Artes e logo se tornou um dos pintores oficiais do império francês, registrando as conquistas do grande Napoleão Bonaparte. Em 1816, após a morte do seu único filho e simultânea queda do imperador, o artista foi convidado por D. João VI a participar da Missão Artística Francesa, convite ao qual aceitou, permanecendo no Brasil por 15 anos.
Durante esse tempo, retratou tanto as belas paisagens quanto a vida urbana do País, deixando um rico registro do Brasil imperial. Suas obras cativaram o mecenas Raymundo Ottoni de Castro Maya que as adquiriu e, posteriormente, transformou-as em patrimônio público. As obras foram adquiridas no final dos anos 30, em Paris, com o intuito de resgatar os originais de Debret, que havia servido de base para o livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, que o artista lançou na França, além de material inédito que ficara fora da publicação. Parte desse grande acervo, que hoje pertence ao Museu Castro Maya, pode ser contemplada a partir desta terça, na exposição “Debret – Viagem ao Sul do Brasil”.
A mostra reúne 60 obras entre aquarelas e desenhos, e está dividida em dois conjuntos: trabalhos feitos durante a viagem ao Sul do País e outros realizados no Rio de Janeiro. O primeiro conjunto apresenta paisagens da costa e da mata atlântica, e o cotidiano de índios, brancos e negros, com enfoque nas festas e tradições populares. As aquarelas e desenhos foram produzidos na comitiva do imperador D. Pedro I, que percorreu os Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, em 1827, e revelam a iconografia histórica do Brasil de maneira única. O segundo retrata a vida na Corte, desde os nobres até os escravos, destacando hábitos, vestimentas e os trabalhos executados.
Segundo a curadora Anna Paola Baptista, as imagens do Sul contrariam algumas das mais marcantes características do trabalho de Debret: a flagrante sensação de intimidade e proximidade com a cena retratada, que emana de suas aquarelas sobre o Rio de Janeiro. Nelas, ao contrário, predominam as vistas ao longe, tomadas a partir de um ponto de observação distante e alto. Outro fato é que “alguns historiadores acreditam que Debret não chegou a empreender o deslocamento ao Sul, tendo se utilizado de relatos e desenhos de outros viajantes para compor os trabalhos”, explica a curadora. “Mas isso é o mais importante? A viagem de Debret ao Sul pode não ter sido física, revela-se, porém, como construção mental e artística de uma paisagem, de uma representação que a coloca indubitavelmente na categoria de viagem.”
“Debret – Viagem ao Sul do Brasil” será inaugurada nesta terça, às 19h, na Caixa Cultural São Paulo (av. Paulista, 2.083, Conjunto Nacional, tel. 3321-4400). Visitação a partir de quarta, até 19 de junho, de terça a sábado, das 9h às 21h, e domingos e feriados, das 10h às 21h, com entrada franca.