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Metodologia aplicada no laboratório da FCF no desenvolvimento da pele artificial ajuda a reduzir uso de animais como cobaias
Por Márcia Scapaticio
Ao olhar novos medicamentos e tecnologias aplicadas na área farmacêutica, por vezes, esquecemos quantas horas de trabalho em estudos e testes são necessárias para se chegar ao produto final.
Ao abrir a porta do laboratório da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) é possível observar o movimento das professoras Silvya Stuchi e Silvia Berlanga, coordenando a equipe. Um estudo que ganhou repercussão fora do âmbito universitário foi o desenvolvimento da pele artificial, porém, começamos o assunto com uma ressalva da professora Silvya: “O método em si, não é novidade. Nosso pioneirismo foi entender que essa metodologia se presta para descoberta de novos fármacos e medicamentos. Foi isso que introduzimos: a possibilidade de fazer, sistematicamente, os testes na pele humana”.
Recado dado, podemos entender o processo em suas fases, uma vez que o laboratório é especializado em pesquisas sobre a pele e câncer do tipo melanoma. Para esse tipo de atividade é estabelecida uma sequência de métodos. Os fragmentos de pele descartados em cirurgias são obtidos no HU, conforme acordado e aprovado pelo comitê de ética do hospital.
“Fazemos a cultura de pele, separamos os três tipos celulares e montamos um banco de células, acondicionadas no nitrogênio líquido. Dominado o processo, nossa missão é a descoberta de novos fármacos e terapias, além de desdobramentos tecnológicos para cosméticos que envolvam a pele”, explica Silvya. “Assim, reorganizamos a pele no laboratório, chamada de pele artificial, que será usada para testar as novas moléculas e formulações de uso cosmético”, completa.
Outro desdobramento da pesquisa é a possibilidade de criar a pele artificial já com melanoma, que é um dos tipos mais agressivos de tumor. O laboratório se consagrou por desenvolver esse método inédito e aplicá-lo no desenvolvimento de compostos que combatam esse tipo de câncer.
A professora Silvia Berlanga resume qual a importância disso para o País: “No exterior existem os kits de pele artificiais que não chegam ao Brasil, porque o material é perecível, com 48h de duração”. Também há a possibilidade, caso haja importação, do material se perder na alfândega. “Para transpormos essa dificuldade, procuramos estabelecer um modelo eficiente aqui no laboratório”, conta.
Um olhar atento sobre a pele artificial amplia a discussão sobre o assunto, por esse motivo o trabalho das professoras ganhou destaque. É o caso do uso de animais em testes de novas composições cosméticas. A professora da Faculdade de Medicina Veterinária Júlia Maria Matera explica que “as empresas desse setor têm interesse em reduzir os testes em animais, por isso, muitas são patrocinadoras de congressos e querem conhecer os projetos feitos por grupos de estudiosos em diferentes países”.
Júlia é dedicada ao tema. Há 11 anos buscou alterar a metodologia de ensino na Veterinária, propondo que o aprendizado fosse realizado em animais já mortos e não em animais vivos. “Isso me incomodava desde a graduação, com o passar do tempo me tornei docente e comecei a questionar que o aproveitamento poderia ser melhor com o animal morto, assim o aluno não precisava estudar pensando que daqui a pouco o cachorro teria que ser sacrificado”, explica.
Ainda não são todas as disciplinas que aderiram à ideia. Tal processo é utilizado na disciplina de técnica cirúrgica, ministrada por Júlia. Ela justifica que considera o lado emocional do aluno na concepção do conteúdo do programa e que os resultados são positivos. “Sinto que em sala de aula a maioria dos alunos aprovou a iniciativa e alguns até pensam em trabalhos de doutorado e mestrado sobre o assunto”, revela.
Silvia observa que a redução do uso de cobaias é uma tendência mundial. “O desenvolvimento das metodologias alternativas é importante, pois há diretivas internacionais que não permitem testes em animais com finalidade cosmética. A Europa e os Estados Unidos não utilizam mais ou reduziram o uso em cerca de 80%.”
Além dessa questão humana e de mercado, a pele artificial poderá ser aplicada em outras áreas da medicina. De acordo com Silvya, “futuramente essa tecnologia será vista em tratamentos de cicatrizes, quelóides, queimaduras e feridas do pé diabético”. O avanço de procedimentos técnicos somados ao trabalho realizado em laboratórios como o da FCF demonstra que “os resultados são mais próximos do real quando utilizamos a pele humana e, mesmo que esse método seja um pouco mais caro, é importante reduzir o uso de animais, conciliando interesses éticos e de mercado”, esclarece.
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