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Yara Petralla e a tela que mostra "A conversão de São Paulo a caminho de Damasco"

Museu Paulista da USP realiza restauração ao vivo de obra histórica de José Ferraz de Almeida Júnior

Por Isadora Martins

Quem visitar o Museu Paulista da USP, no Ipiranga, a partir do dia 1º de dezembro, terá uma surpresa: a possibilidade de acompanhar a restauração ao vivo de uma das mais importantes telas da capital, A Conversão de São Paulo a Caminho de Damasco, do pintor José Ferraz de Almeida Júnior. Com 111 anos (a obra é de 1889), a pintura representa o momento em que Saulo, que viria a tornar-se São Paulo, converte-se ao cristianismo.

Feita para ocupar o teto da antiga Igreja da Sé, a obra passou ao museu quando a igreja e algumas construções do entorno foram demolidas para dar lugar à atual Praça da Sé, em 1912. Na nova morada, ficou exposta ao público, mas há 15 anos encontrava-se encoberta.

Retirada provavelmente às pressas do antigo templo, a pintura, composta por pedaços quadriculares emendados, sofreu restaurações e intervenções que, para as técnicas atuais, são consideradas inadequadas. Conforme explica a restauradora responsável pela atividade, Yara Petrella, “antigamente, entendia-se que a restauração deveria ser feita por um pintor bem qualificado. Hoje, essas duas profissões são separadas, embora andem em paralelo”.

Esta é a primeira vez que uma restauração será aberta ao público. O trabalho deve durar em torno de 11 meses.

Contudo, por se tratar de um ofício de extrema minúcia e concentração, além de utilizar muitas vezes materiais fortes como solventes, há certas condições para que os voyeurs observem o processo. A princípio, quem visitar a exposição sobre a obra poderá acompanhar o trabalho da restauradora Yara através de uma porta de vidro. Outra opção é agendar com o serviço educativo do museu uma visita monitorada, de acordo com os horários disponíveis para esse fim. Nesse caso, será permitido aos espectadores entrar na sala e conversar com a equipe de restauração, bem como observar a tela mais de perto.

Na antessala do ateliê, um painel será atualizado com fotos e explicações de cada fase de restauração. Nesse espaço, desde o dia 16 de novembro, haverá também uma exposição sobre a pintura, a igreja que a abrigava e o processo de demolição.

A antiga catedral da Sé

Face desconhecida – Segundo a diretora do museu, professora Cecilia Helena Lorenzini, a iniciativa aproxima o grande público de uma faceta geralmente desconhecida, que é o trabalho que acontece nos bastidores. “As unidades de acervo são estudadas individualmente e no conjunto do qual elas fazem parte, são catalogadas, contextualizadas em uma pesquisa de base e, principalmente, conservadas e restauradas. Todo esse movimento que antecede a exposição é desconhecido do grande público.”

Para ela, é somente nesse movimento de pesquisa, cuidado e análise que se encontra sentido no ato de expor o objeto para o público. “Parece, por um outro lado, que o museu só existe para expor, e isso não é verdade. O museu existe como uma instituição que é guardiã de um patrimônio histórico e cultural da nação, que faz parte das heranças culturais da sociedade brasileira, e cabe a ele cuidar desse acervo em todas as acepções dessa palavra.”

Yara explica como acontecerá esse cuidado. A restauração basicamente ocorrerá em duas etapas. Na primeira, a frente da obra será limpa, retirando as nivelações e repintes das antigas restaurações e reparando os danos. Logo após, a restauradora colocará a tela “de bruços” e se dedicará ao verso da pintura, onde irá extrair a entelagem e trocá-la por uma nova. Depois de devidamente reentelada, a tela será colocada de volta no chassi e receberá o acabamento final.

“Rejuvenescida”, a pintura ganhará morada definitiva no museu. A iniciativa vem num momento especial, já que, no ano que vem, quando o processo se completar, serão comemorados os 300 anos da transformação de São Paulo de vila em cidade.

A restauração da obra A Conversão de São Paulo a Caminho de Damasco se inicia a partir do dia 1º, com visitação de terça a domingo, das 9h às 17h, no Museu Paulista, que fica no Parque da Independência, s/nº, Ipiranga. Mais informações pelo telefone 2065-8000.

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