Ventrículos artificiais do Incor, modelos adulto e infantil

O Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina irá comemorar 20 anos da implantação do primeiro ventrículo artificial da América Latina, e apartir deste ano terá um modelo inédito: o ventrículo artificial infantil.

Em fevereiro de 1993, o mecânico Dorvílio Alves Madeira, na época com 30 anos e em fase terminal da doença de Chagas, foi o primeiro paciente da América Latina a receber um ventrículo artificial (Dispositivo de Assistência Ventricular – DAV) para se manter vivo. A operação, realizada pela equipe de Transplantes da Divisão Cirúrgica do Incor, fez com que ele pudesse aguardar, apoiado pelo aparelho durante cinco dias, até a disponibilidade do coração de um doador.

Desenvolvido pela bioengenharia do Incor, o DAV foi ligado ao coração de Madeira, para auxiliar o bombeamento do sangue arterial para o corpo. Hoje, ele tem vida normal e trabalha mais de oito horas por dia, em São José do Rio Preto, em São Paulo, onde mora.

Em julho, o DAV, que está em sua quarta geração, será testado em um estudo multicêntrico coordenado pelo Incor, com o apoio do Ministério da Saúde, para implantação do dispositivo em 30 pacientes em outros cinco centros brasileiros: Dante Pazzanese e Hospital São Paulo (SP), Hospital de Messejana (CE), Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Instituto de Cardiologia do Rio de Janeiro.

Até o final do ano, o coração artificial infantil, que está sendo desenvolvido no Incor desde 2002 em conjunto com a equipe de bioengenharia e cirurgia pediátrica do instituto, estará disponível para uso da equipe de Cirurgia Cardíaca Pediátrica e deve atender desde pacientes recém-nascidos até adolescentes.

Anualmente cerca de 30 mil crianças no mundo nascem com alguma malformação congênita no coração, que pode evoluir para a insuficiência crônica do órgão, necessitando de transplante.