Seminário organizado pelo Centro de Preservação Cultural da USP debate a questão do reconhecimento dos bens culturais Na próxima semana, nos dias 26, 27 e 28 de maio, o Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP, instalado na Casa...
Perfil
“Quando as portas se abrem, através da arte, é possível acreditar em algo melhor”
Por Márcia Scapaticio
A música falou ao coração desde cedo, tanto que aos seis anos de idade já tinha intimidade com o piano. Influência materna confirmada, Lígia Amadio, nova regente da Orquestra Sinfônica da USP, diz que sua mãe a encantava com o seu canto: “Acompanhava minha mãe nos ensaios do coral, ela sempre esteve envolvida com música e, com certeza, foi a minha primeira referência”.
Nascida na capital paulista, Lígia percorreu vários lugares do mundo em busca de sua realização profissional, mas voltando à adolescência, quem a fez mudar o caminho? A musicista sempre gostou da área de exatas e se formou em Engenharia de Produção na Escola Politécnica, tal escolha leva a seu pai, autodidata, muito interessado em engenharia, chegando a desenvolver ferramentas e máquinas que o ajudassem no dia a dia.
A vivência acadêmica acabou por aproximá-la da música. Entre números e projetos, participou do coral da Poli, o que criou um desejo de se aprofundar na área cultural. Amante do cinema europeu e da música popular brasileira, Lígia se envolvia ainda mais com as atividades do coral e buscava conciliar a faculdade aos ensaios, porém, o passar do tempo confirmou a música clássica como prioridade.
Após o término de Engenharia, era a vez da regência. Prestou vestibular e iniciou nova carreira na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), optando pelo Bacharelado em Música. O a aperfeiçoamento acadêmico ocorreu em seu mestrado em Artes, também pela Unicamp.
Em sua trajetória, a maestrina aprendeu as escolas musicais de diferentes países, percebendo as particularidades de cada uma. Já se apresentou na Itália, Japão e Alemanha; quem agora é tomada como modelo não se esquece dos mestres: “Estudei com excelentes professores, que me apoiaram em toda minha trajetória profissional”.
A formação ampla é enriquecedora, ainda mais quando se fala da atividade musical, que exige uma prática diária. Lígia afirma que rege todos os dias, pois um dia sem exercícios causa um grande impacto no aprendizado. O reconhecimento e o desenvolvimento de um bom trabalho estão relacionados, diretamente, com a disciplina.
“Podemos entender a música ocidental como universal, mas com filosofias distintas.” Especificamente, no caso do Brasil, a regente destaca a importância dos valores humanos agregados pela música: “Problemas sociais devem ser combatidos através da educação e da arte, que é uma atividade não alienada, enriquecendo o cotidiano e as expectativas das pessoas”. Esta afirmação é feita com conhecimento de causa, pois Lígia trabalhou com jovens carentes por dez anos em Osasco, no Conservatório Musical Villa- Lobos.
A importância do ensino da música atinge vários aspectos do convívio social. Mesmo não se tornando, no futuro, um profissional da área, os valores desse aprendizado sempre permanecerão. Essa relação entre a força da arte e a vivência humana são os norteadores da carreira da regente, agora em nova fase, representando a USP com o desenvolvimento de novas ideias e projetos.