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Por Maria Clara Matos
Projetado para estar pronto em 2010, o Museu da História de São Paulo, a ser construído na Casa das Retortas, propõe o contato com a multifacetada história do estado. O espaço está inserido no projeto do governo do estado e da Prefeitura para revitalização do Parque D. Pedro II, área na qual foi inaugurado recentemente o Catavento, espaço interativo de artes, ciências e conhecimento, localizado no Palácio das Indústrias.
Segundo a gestora do projeto do museu, Carla Almeida, a ideia da criação do museu partiu do governador José Serra. “Desde a época da Prefeitura, o governador já dizia que sentia falta de um museu que fizesse o resgate da história do estado como um todo. Nós temos vários museus pelo interior e cada um tem a sua história, mas não temos nenhum que una a capital com o interior, que conte a história do estado como um todo”, conta Carla.
O museu pretende fazer um passeio pela história de São Paulo, um percurso cronológico que se inicia com os habitantes primitivos, antes da chegada do colonizador, perpassando pelos bandeirantes, a revolucionária expansão cafeeira, a implantação do parque industrial, entre tantos outros fatores históricos e peculiares a São Paulo.
Mas até quando o futuro museu chegará nessa narrativa de nossa história? Roberto Pompeu de Toledo, curador do museu, também jornalista e escritor, revela que ainda não há nada definido, mas que provavelmente o percurso chega até um pouco mais da metade do século 20.
Para Pompeu de Toledo quanto mais próximos ficam os acontecimentos, mas difícil fica analisar e tirar um fio condutor de nossa história: “Precisamos de uma certa distância histórica para visualizar o que foi importante de algo que acabou não sendo visível a nós e que moldou fatos posteriores, o que não foi apenas modismo. Mais recentemente fica difícil fazer essa triagem, que é necessária para retirarmos uma narrativa”.
“A ideia é de que ao terminar de percorrê-lo o visitante saia com a sensação de ter feito um percurso pela história de São Paulo”, explica o curador. Para isso serão utilizados recursos eletrônicos, reprodução de cenários em maquetes, além de peças autênticas como documentos da época.
O investimento previsto é de 52 milhões de reais. Além do museu, em um prédio anexo, será criado o Centro Paulista de Documentação, sob a coordenação do historiador Marco Antônio Villa. O centro em parceria com o Arquivo Público do Estado de São Paulo produzirá e organizará documentos e depoimentos referentes à memória e à história política, econômica e social do estado.
Para a implantação do projeto, a Secretaria de Cultura firmou parceria com a Fundação Energia e Saneamento, que fica responsável pelos setores de contratações, museografia/museologia, projeto arquitetônico e de restauro, enquanto a Secretaria se responsabiliza pela parte de licitação de obras e implantação propriamente do museu.
A Casa das Retortas, onde será implantado, o museu era um complexo fabril que marca a época da chegada das indústrias à cidade, entre os séculos 19 e 20. O prédio começou a ser construído em 1872 para a fabricação de gás de carvão destinado à iluminação pública. Das 28 retortas – recipientes que recebiam o carvão para a produção do gás – existentes no local surgiu seu nome.
Em 1889, a construção foi ampliada, em decorrência do aumento da demanda do combustível e da insatisfação da população com a iluminação com óleo de peixe ou querosene. Com esse aumento de demanda e consumo, foi necessário aumentar o Gasômetro, sendo edificada uma nova usina, a atual Casa das Retortas. Em 1910, a primeira construção foi demolida e, em 1972, a produção de gás foi encerrada.