No comando desde 2009, o trabalho de Ligia Amadio surte efeitos, levando o nome da orquestra para o Brasil

Por Raphael Martins

A décima quarta edição do Prêmio Carlos Gomes de Ópera e Música Erudita aconteceu no último dia 11 de julho, na Sala São Paulo. Buscando gratificar trabalhos influentes, a premiação tem grande reconhecimento e projeção nacional, por ter um júri de alto escalão formado, inclusive, por músicos renomados.

Entre os indicados estava Ligia Amadio, regente da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (Osusp). Apesar de evidentemente honrada com a indicação para as categorias Regente e Regente de Ópera, a maestrina demonstra uma opinião curiosa a respeito das premiações: “Há muitos anos que tenho uma posição muito cética em relação a prêmios e concursos. Minha experiência como candidata e como jurada em inúmeros concursos nacionais e internacionais, ensinou-me que o mais importante, sempre, é o valor real de nosso trabalho, de nosso estudo, e de nossas ações. Prêmios são agradáveis, mas jamais asseguram uma verdadeira carreira”.

Ligia valoriza o trabalho, a dedicação e os resultados das apresentações. Acredita que as indicações, em momento algum, são resultados de uma ação individual, mesmo exercendo o papel do regente, trazendo seu estilo próprio, sonoridade e dando os níveis de exigência. “É uma bonita sensação a de ser indicada, pois é um reconhecimento que não buscamos, e que chega sem que suspeitemos. (…) Não considero que a indicação tenha sido dirigida ao meu trabalho pessoal, mas sim, ao trabalho realizado pela Osusp”, disse, fazendo questão de ressaltar o papel de seus músicos no resultado final.

Talvez por isso, a maestrina aparenta completa satisfação pela simples indicação, por lembrarem de seu trabalho. Roberto Tibiriçá, pelo trabalho à frente da Sinfônica Heliópolis e da Sinfônica de Minas Gerais, e Luiz Fernando Malheiro, por apresentações de destaque no Theatro São Pedro, foram, respectivamente, os vencedores nas categorias Regente e Regente de Ópera da premiação.

A maestrina rege a orquestra na Sala São Paulo

Nascida em São Paulo, Ligia Amadio foi nomeada regente da Osusp em agosto de 2009, por indicação dos próprios músicos à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, um dos órgãos responsáveis pelo seu gerenciamento. Esse fator contribuiu bastante para o entrosamento entre regente e músicos. Beirando os dois anos, esse bom relacionamento somado ao suporte dado por toda a equipe de apoio da orquestra são os segredos do crescente sucesso.

Nesse tempo, foram várias as memoráveis apresentações da orquestra, contando com a presença de ícones da música clássica. A maestrina, que se diz cada dia mais satisfeita com as performances, ressalta: “Todos os concertos que presenciei ou que tive a honra de reger foram muito especiais, e em nenhum momento tive a sensação de que não estávamos no caminho certo. É claro que há altos e baixos, melhores e piores performances, dias em que temos menos ou mais energia”. A sequência de bons trabalhos levou a Osusp e sua regente à premiação, especialmente as performances centradas na interpretação do repertório brasileiro e a ópera Tosca, do compositor italiano Giacomo Puccini, responsáveis pelas indicações.

“Se pude realizar algo positivo em minha gestão como regente é porque recebi o apoio do reitor, da pró-reitora de Cultura, do diretor e de toda a equipe administrativa e de apoio técnico da Osusp, mas, principalmente, porque pude contar com a generosa entrega e dedicação dos excelentes músicos que integram a orquestra.” É dessa forma que Ligia Amadio encara as valorosas indicações ao Prêmio Carlos Gomes; uma honra pessoal, mas, em todos os momentos, compartilhada com todos os envolvidos no projeto. Apesar de ser, representativamente, a comandante das ações, a maestrina não esquece, nem por um segundo, de quem, junto com ela, faz tudo acontecer: os músicos.