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Critérios na hora da escolha determinam qualidade da educação infantil
A primeira infância, período compreendido entre o nascimento até os seis anos de idade, é essencial para a apreensão da linguagem e para o desenvolvimento cognitivo, motor e interpessoal da criança. Determinante para a formação das ligações neurais, esse período é importante para o desenvolvimento infantil futuro.
Devido a isso, a primeira parte da educação infantil, oferecida por creches e pré-escolas, é a base para a aprendizagem. Uma educação de qualidade na primeira infância é primordial ao desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social das crianças. Uma vez que se opta por uma creche ou pré-escola para auxiliar a formação da criança, é preciso ter critérios para escolher uma instituição de qualidade, sendo de caráter público ou privado.
Crianças que não possuem contato com educação infantil de qualidade podem apresentar prejuízos à aprendizagem futura. Segundo estudo do professor da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto, Daniel Domingues dos Santos, “é importante saber que a criança precisa de estímulos para desenvolver suas habilidades motoras, de comunicação e raciocínio, e sociais”.
A ausência de educação qualificada na primeira infância afeta o desenvolvimento educacional futuro. “Os poucos estudos nacionais que usam bases de dados com informações diretas de qualidade das creches corroboram a impressão de que nossas creches são de baixa qualidade, para padrões internacionais, e de que qualidade importa significativamente na determinação do desenvolvimento infantil”, explica.
Atenta às demandas nacionais e às políticas públicas, a Universidade de São Paulo foi construindo ao longo do tempo um modo de atendimento às crianças que se configura como altamente qualificado. A Creche Central, localizada no campus da Capital, foi a primeira da Universidade de São Paulo a atender em tempo integral crianças abaixo de três anos de idade, sendo inaugurada em 1982. Hoje possibilita atendimento a 185 crianças.
Cinco creches da Universidade são administradas pela Superintendência de Assistência Social (SAS), por meio da Divisão de Creches, objetivando proporcionar educação infantil de qualidade a crianças filhas de funcionários, estudantes e docentes. Três estão localizadas na cidade de São Paulo, são elas: Creche e Pré-escola Central e Oeste, campus da Capital, e Creche e Pré-escola Saúde, complexo da Saúde. As outras duas estão localizadas no campus de Ribeirão Preto – Creche e Pré-escola Carochinha – e no campus de São Carlos, respectivamente.
Para a diretora da Creche Oeste, Rose Carnelosso, é essencial a compreensão da valorização da infância, bem como a promoção de atividades que estimulem a liberdade de expressão e a tomada de decisão. “É fundamental compreender que a educação infantil envolve vários aspectos. Olhamos a criança integralmente: aspecto físico, emocional, afetivo, ético e estético. A família precisa compreender que a criança é um sujeito inteiro, não só cabeça. Muitas vezes as famílias buscam instituições de educação infantil que valorizam somente o intelecto.”
A escola desde muito cedo deve exercitar a convivência com o outro, a liberdade de expressão, além de promover o desenvolvimento da argumentação. É essencial que a criança aprenda a aceitar a diversidade e reconhecer que está inserida em um mundo de diferenças.
Segundo Rose, na hora de procurar uma creche de qualidade é preciso investigar se a instituição tem formação em serviço, se é bem avaliada por parte de funcionários e famílias e se essa avaliação se transforma num plano de atuação para melhorar o trabalho da instituição. É fundamental que o currículo esteja centrado em brincadeiras e na interação entre as crianças. “A brincadeira com intenção é fundamental para a constituição da criança pequena”.
É importante ponderar se as atividades contribuem com o desenvolvimento infantil. “No Brasil há muitas crianças, mas nem todas desfrutam da infância verdadeiramente. Uma escola de educação infantil tem que promover isso. Então a criança se apropria da cultura e produz cultura”, concluiu a diretora.
Os pais, além de visitar o espaço físico, devem exigir o Projeto Político-Pedagógico, que contém as diretrizes curriculares da instituição, bem como definições sobre o calendário escolar, reuniões do conselho, eventos com as famílias, programa do curso, dentre outros. Segundo a psicóloga Ana Maria de Araújo Mello, orientadora na Escola de Aplicação, os pais devem procurar conhecer não só o projeto político-pedagógico, mas também investigar se a instituição possui regulamentação frente aos órgãos do Ministério da Educação. “A regulamentação é uma só, tanto para creches públicas, quanto para as privadas. Todas precisam prestar serviços à comunidade”, ressalta.
É responsabilidade das instituições disponibilizar as atividades curriculares. A educadora ainda ressalta que a legislação prevê o direito à vaga de qualidade. “O que é qualidade: é respeitar a regulamentação dos indicadores e não deixar, por princípio, vaga ociosa.” Outro importante aspecto a ser levado em conta é a condição do ambiente: dimensões, proporcionalidade, funcionalidade, mobilidade e temporalidade do espaço. De acordo com Ana Mello, os espaços, além de estimularem atividades criativas, devem proporcionar à criança interação sem risco com os colegas.
Para quem está procurando por creches públicas, o principal fator a ser considerado é a proximidade com o local. É saudável para a criança a existência de um amigo no quarteirão, segundo a psicóloga e educadora. Além disso, Ana lembra que a escola particular, no Brasil, é considerada de melhor qualidade em relação à pública, mas isso nem sempre é uma realidade.
Fruto de intensas reivindicações sociais, a Constituição de 1988, no artigo 208, inciso IV, tornou obrigatório o “atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”. Antes direito da mulher trabalhadora, o direito à vaga em creche de qualidade é agora um direito da criança.
“O Brasil, pensando na Legislação, é um país absolutamente avançado. Temos tudo para garantir um estado de bem, de zelo, para todas as crianças que frequentam creches municipais, pré-escolas municipais e creches de empresas. Todas elas devem ser regulamentadas, obrigatoriamente”, analisou Ana Mello, que coordenou por mais de duas décadas a creche Carochinha.
Ao longo dos anos, as creches da USP contribuíram e foram beneficiadas com a formação dos estudantes de Pedagogia, Fonoaudiologia, Psicologia e Enfermagem, além de pesquisadores ou docentes de vários cursos da Universidade que buscam o espaço para a coleta de dados ou parcerias colaborativas. Para a diretora Rose Carnelosso, essas parcerias foram essenciais para o desenvolvimento das creches, bem como o para aprimoramento educacional dessas instituições.
“As creches da Universidade de São Paulo são referência na educação e cuidados de crianças pequenas desde a sua fundação, garantindo o direito da criança à educação de qualidade, independentemente dos dispositivos legais”, afirmou o superintendente da SAS, Waldir Antonio Jorge. Aspecto importante, os ambientes físicos são amplos e polivalentes, promovendo interação entre as crianças e o processo de aprendizagem. “Garantindo ainda o contato com a natureza, terra, água, plantas e animais, elementos fundamentais para o crescimento saudável e sensível das crianças”, afirmou o superintendente.
As creches da USP primam pela garantia à criança de acesso aos processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimento. “Para garantir esses objetivos, as creches criaram rotinas que contemplam ateliês, rodas de conversas, projetos de trabalho, brincadeiras nos pátios, nutrição e saúde”, informou Marília Zalaf.
Como não há vagas para todas as crianças, a SAS disponibiliza auxílio-creche aos servidores – docentes e não docentes – no valor de R$ 545,00. O valor do reembolso é acrescido diretamente no salário do servidor. Segundo a educadora e pesquisadora Ana Mello, que coordenou por mais de duas décadas a creche Carochinha, esses programas foram criados devido à insuficiência dos órgãos públicos, bem como das empresas privadas, em oferecer número de vagas compatível à demanda, sempre muito maior. Assim, o auxílio destina-se ao atendimento de crianças em creches fora das instituições empregadoras.
Em média, o valor pago pela Universidade por um aluno matriculado nas creches administradas pela SAS é três vezes maior do que o auxílio-creche, o que distingue a qualidade de ensino da instituição. Segundo o superintente, Waldyr Jorge, não há previsão de construção de novas unidades. “Há um desejo da comunidade (de ampliação das vagas), mas isso tem que ser estudado em nível de custo e benefício. Não havendo condições de aumentar o nosso custo – com construção, contratação – nós oferecemos o auxílio-creche. Tem gente até que prioriza o auxílio por interesse pessoal”, concluiu.
Em tese de doutorado sobre o impacto do auxílio-creche para a comunidade e para e à educação infantil, realizada em 2010, Ana Mello constatou que em muitos casos não existe o repasse do valor para as crianças, configurado em ensino de qualidade, o que determina influência negativa na formação e no desenvolvimento educacional infantil.
O processo de avaliação socioeconômica para ingresso nas creches acontece no mês de outubro de cada ano. Após o envio do número de vagas disponíveis, por faixa etária, a Divisão de Promoção Social inicia o processo de seleção socioeconômica e divulga as vagas no site da SAS a todos os pré-inscritos. O processo é realizado por assistentes sociais e dele resultam listas classificatórias para cada faixa etária e categoria, utilizadas o ano todo para o caso de vagas excedentes ou de desistentes. Ao todo existem 580 vagas, divididas de maneira proporcional a cada categoria: 40% para funcionários não-docentes, 40% para alunos e 20% para docentes. Os servidores que não alcançam classificação para o direito à vaga nas creches da Universidade recebem o auxílio-creche.
Unidades de atendimento da SAS
- Creche e Pré-Escola Central – Campus Butantã, para 185 crianças
- Creche e Pré-Escola Oeste – Campus Butantã, para 100 crianças
- Creche e Pré-Escola Saúde – Faculdade de Saúde Pública, para 55 crianças
- Creche e Pré-Escola Carochinha – Campus Administrativo da USP Ribeirão Preto, para 140 crianças
- Creche e Pré-Escola São Carlos – Campus Administrativo da USP São Carlos, para 90 crianças
seg, 29 de junho
dom, 28 de junho
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sáb, 27 de junho
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sex, 26 de junho
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