comunidade usp

Laboratório Central do HC é exemplo para a rede pública de saúde

  • Facebook facebook
  • Twitter twitter
  • AddThis mais

 

O Laboratório Central do HC recebe 1.200 pacientes por dia para a coleta de amostras

Com um olhar crítico em relação ao papel da medicina laboratorial, a entidade hoje figura entre os centros mais avançados do mundo.

Por Thaís Viveiro

Na rede pública de saúde, quantidade hoje não é um problema entre os laboratórios. O desafio agora é aprimorar o processo. Esse é o pensamento da equipe da Divisão de Laboratório Central (DLC) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, que ocupa uma posição de destaque entre os melhores centros do mundo. A confirmação de sua excelência veio no ano passado. No segundo semestre de 2010, o laboratório conquistou a acreditação oferecida pelo Colégio Americano de Patologistas (CAP), o certificado mais exigente na área. No total, 7 mil entidades detêm esta acreditação. No Brasil, são apenas 8. Entre elas, e entre todas as demais instituições latino-americanas credenciadas no CAP, apenas o Laboratório Central faz parte da rede pública.

Alberto Duarte é diretor do Laboratório Central e o primeiro professor titular, no Brasil, de Patologia Clínica

“O Laboratório Central tem muito a colaborar com o sistema público de saúde, mostrando regras e caminhos claros para que se estabeleça um compromisso com a qualidade”, afirma Alberto Duarte, diretor da entidade. Hoje, são organizadas visitas técnicas regularmente para especialistas brasileiros e estrangeiros interessados em aprender com a experiência do laboratório. Afinal, por trás de suas conquistas, há muitas etapas – aliadas ao olhar bastante crítico em relação ao papel da medicina laboratorial.

O Laboratório Central tem suas origens na fundação do Instituto Central do Hospital das Clínicas, em 1944. O hospital foi criado para dar suporte aos alunos da Faculdade de Medicina, sendo o laboratório ligado, mais especificamente, à disciplina de Patologia Clínica do Departamento de Patologia. Com a evolução das ciências, e também da faculdade, a parte de apoio diagnóstico ficou cada vez mais complexa, assim como o menu de exames. “Aqui a gente recebe muitos pacientes com doenças raras e, então, conseguimos ter uma diversidade maior para avaliar novas metodologias”, explica a doutora Flávia Rossi, diretora médica da Seção de Microbiologia. Assim, o laboratório foi aos poucos desenvolvendo suas 7 áreas técnicas e hoje recebe em torno de 1.200 pacientes por dia para coleta de amostras.

Quanto menor o número de exames para se chegar ao diagnóstico certo, melhor para o paciente, afirma Flavia Rossi

Em 1995, teve início o processo de transformação do Laboratório Central em centro de excelência. “Novos conceitos foram agregados aos laboratórios”, explica o coordenador da qualidade, Nairo Sumita, diretor Científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica. “Antigamente, o fato de poder disponibilizar o resultado no tempo considerado ideal pelo médico era sinônimo de qualidade. Hoje, isso não é qualidade – é uma obrigação”, conclui.

Logo no começo do processo, percebeu-se a importância de, além da instituição de boas práticas clínicas, adotar também o ponto de vista da gestão, o que compreende o gerenciamento da infraestrutura, de equipamentos e recursos humanos e a implementação de melhorias. Desde então, o laboratório tem definido periodicamente novas metas. Em 2006, as mudanças se reverteram em reconhecimento, quando foi conquistada a acreditaçao do Palc – Programa de Acreditação em Laboratórios Clínicos da Sociedade Brasileira de Patologia e Medicina Laboratorial. Além disso, a equipe conquistou certificações nas áreas de gestão e sustentabilidade, outro conceito que passou a fazer parte do dia a dia dos funcionários.

Novos conceitos foram agregados aos laboratórios, conta Nairo Sumita

“É um esforço enorme, mas todas essas conquistas foram se somando ao longo dos anos”, conta a doutora Maria Elizabete Mendes, responsável pelo Núcleo de Gestão e Sustentabilidade do Laboratório. “O que nos faz ser uma entidade de referência não são apenas as práticas inovadoras de gestão, mas o fato de termos aprendido a compartilhar isso. Tudo o que nós aprendemos, vamos ensinando para os nossos estagiários e residentes e assim vamos criando uma massa crítica para o mercado de trabalho”, conclui.

Um dos principais diferenciais do laboratório hoje é a valorização de sua equipe médica e do papel do patologista clínico. Com a proliferação de grandes grupos de laboratórios, a tendência nos últimos anos tem sido a substituição do médico por inteligência artificial. “A medicina não é exata”, contesta o diretor Alberto Duarte, o primeiro professor titular de Patologia Clínica no País. “A vivência e experiência que tem um grupo de médicos resulta em uma diferenciação que não existe na máquina”, continua Duarte. A equipe ressalta a importância de um olhar crítico, que apenas o especialista tem, para julgar a qualidade dos exames. “Aqui a filosofia é: quanto menor o número de exames para se chegar ao diagnóstico certo, melhor para o paciente”, acrescenta a doutora Flávia Rossi.

Próximas metas

Laboratório de Biologia Molecular. Ao todo, o Laboratório Central possui 7 áreas técnicas

A certificação do CAP não é apenas um atestado de excelência da entidade, mas é sobretudo uma alavanca para o crescimento do laboratório e da área no Brasil. Com ela, o Laboratório Central poderá ser credenciado para participar das mais avançadas pesquisas internacionais. Segundo o diretor, com a parte de assistência bastante desenvolvida, um dos grandes desafios agora é o investimento em pesquisa. “O lado de investigação é bastante importante. Só crescemos quando nos colocamos novas perguntas.” Alberto Duarte identifica o baixo investimento em pesquisa como um dos grandes problemas que a área enfrenta no País – a maior parte da tecnologia utilizada hoje, por exemplo, é proveniente do exterior. “Desenvolver ainda mais a pesquisa é o nosso objetivo, para que estejamos sempre à frente, sempre criando oportunidades de melhoria, seja de diagnósticos, seja para entender os mecanismos de novas doenças”, afirma o diretor.

Veja aqui mudanças que o Laboratório Central prepara para os próximos anos.

Deixe um Comentário

Fique de Olho

Enquetes

As questões nas reuniões do Conselho Municipal de Política Urbana envolvem, indiretamente, transporte e mobilidade. Em sua opinião, qual item seria prioridade para melhorar o transporte público?

Carregando ... Carregando ...

Dicas de Leitura

A história do jornalismo brasileiro

O livro aborda a imprensa no período colonial, estende-se pela época da independência e termina com a ascensão de D. Pedro II ao poder, na década de 1840
Clique e confira


Video

A evolução do parto

O programa “Linha do Tempo”, da TV USP de...

Áudio

Energia eólica e o meio ambiente

O programa de rádio “Ambiente é o Meio” foi...

/Expediente

/Arquivo

/Edições Anteriores