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Grupo Antitabagismo do HU ajuda uspianos a largar o cigarro

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Hospital Universitário já recebeu 1.600 fumantes que queriam abandonar o vício. Com auxílio de médicos e psicólogos, os dependentes conhecem o próprio caminho para largar o cigarro

Por Daniela Bernardi

O cigarro está em primeiro lugar como causa de morte evitável no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1,2 bilhão de pessoas sejam fumantes. Entre 2005 e 2010, o governo brasileiro investiu R$ 86,2 milhões no tratamento de fumantes. Entre os programas que recebem apoio financeiro do Ministério da Saúde, está o Projeto Antitabagismo do Hospital Universitário (HU), que atende a população interessada todas as segundas-feiras pela manhã.

O programa foi criado pelo pediatra João Paulo Becker Lotufo para atender os pais fumantes de seus pacientes asmáticos. Nessa época, podia-se fumar dentro do hospital. Por conta disso, começaram a ser feitas campanhas contra o cigarro e, principalmente, contra o tabagismo passivo. “Em 2004, fizemos uma enquete, com a qual descobrimos que a maioria dos funcionários era contra o cigarro”, recorda Lotufo. Para ajudar os 400 funcionários que fumavam, foi montado o ambulatório para atendê-los.

Participantes do projeto comemoram conquista e recebem diploma ouro, prata ou bronze

O programa estendeu-se para todos os funcionários da USP, até que, em 2007, o hospital foi credenciado no Ministério da Saúde e, desde então, passou a receber medicamento gratuito para dar aos pacientes, que hoje, inclui qualquer cidadão. “Quando o fumante decide parar, nós não podemos mandá-lo para casa. Por isso ele sempre é recebido independente do momento”, explica Lotufo, que também é assessor de direção do HU. Dos matriculados, 30% não reaparecem. Contudo, dos que ficam, 45% param de fumar, uma ótima estatística entre as mundiais, segundo o médico.

Neste primeiro contato, Lotufo conversa com o paciente, podendo recomendar medicação para ele. Mas o programa inicia-se mesmo com o ciclo de quatro palestras em um grupo de acolhimento. Este é o período mais difícil do tratamento, quando há a crise de abstinência.

São ensinadas técnicas de como se afastar do cigarro ou dificultar o acesso a ele. “Como a moça que guardava o cigarro no porta-malas para não fumar no trânsito”, exemplifica Lotufo. Após as quatro semanas, o paciente passa a ser acompanhado individualmente pelo Lotufo e pela psicóloga Edinalva Cruz.

Rosângela Rodrigues Pereira, funcionária da Veterinária, fumava desde os 11 anos de idade. Chegou a participar do projeto há três anos, mas voltou a fumar. Hoje, com a segunda participação, já conseguiu reduzir de um maço por dia para meio cigarro.

A dependência química

Edinalva Cruz explica como é possível driblar a dependência psicológica

Para acabar com a “fissura” – vontade extrema de fumar – são usados medicamentos como a vareniclina, que tira a vontade de fumar ao bloquear os centros receptivos de nicotina no cérebro, ou os adesivos, que repõem a nicotina no sangue do paciente. Neste caso, são usados adesivos de 21mg até que a pessoa pare de fumar. Após um mês, a quantidade pode diminuir gradualmente até que a vontade não exista mais.

Durante o tempo de desintoxicação, o paciente pode usar alguns métodos para compensar a ausência de nicotina, como gomas de mascar e pastilhas. Elas elevam um pouco o nível de nicotina e alivia o desejo. “Existem outras técnicas também, como tomar água gelada, fazer uma caminhada ou tomar banho”, aconselha o médico que explica que passados três minutos, a fissura não existe mais.

Dependência psicológica e comportamental

Depois do tratamento químico, o paciente se vê livre da dependência da nicotina no seu corpo. Porém, ainda existe a dependência psicológica, que após anos de vício faz parte do cotidiano e da personalidade do indivíduo. “É preciso tomar conhecimento da sua dependência para saber como lutar contra ela”, explica a psicóloga.

João Paulo Lotufo conta a história da criação, feita por ele, do Projeto Antitabagismo do HU

Quem já parou de fumar volta ao hospital uma vez por mês para garantir a manutenção, e quem ainda está fumando continua frequentando o serviço uma vez por semana. Com a psicóloga, são mostradas as dificuldades e como criar estratégicas para lidar com elas. “Eles ficam mais preparados para enfrentar as recaídas”, completa. Se as ferramentas forem poucas para o sucesso do paciente, dentro do grupo psicológico são buscadas outras formas para alcançá-lo.

A dependência psicológica pode ser comportamental ou emocional. A primeira é a dependência do hábito. A psicóloga explica que é um piloto automático, no qual o fumante pega o cigarro sem perceber. Por isso, é trabalhada a estratégica de pensar antes de pegar o cigarro. “Eu preciso fumar? Posso ficar sem ele agora? Posso adiar?”, exemplifica.

Os gatilhos também são inimigos de quem está tentando parar. São ações que sempre vêm seguidas do fumo, como dirigir, almoçar ou tomar café. “É preciso pesquisar quais são os seus próprios gatilhos para eliminá-los ou para procurar outros comportamentos que substituam o fumo, como caminhadas ou escovar os dentes após o almoço”, conta Edinalva.

Já a dependência emocional pode acontecer quando o fumante usa o cigarro como calmante. Lotufo lembra que o cigarro foi difundido na Europa pela rainha Catarina de Médici que se dizia curada da enxaqueca por causa dos efeitos do tabaco. Já para a psicóloga, o fumante fica ansioso por causa da vontade intensa de fumar e busca o cigarro para se acalmar.

A presença de depressão entre fumantes é duas vezes maior do que na população comum. O cigarro é usado como antidepressivo, isso porque ele libera o hormônio do prazer, a dopamina. “A pessoa que acha que o cigarro é o único prazer de sua vida não precisa de um cigarro, mas de um tratamento”, explica Edinalva. Para ela, os ex-fumantes podem administrar melhor os seus problemas, pois não têm mais a muleta do cigarro.

Conheça o outro projeto que o doutor João Paulo Becker Lotufo é criador e responsável, o Dr. Bartô

Serviços
Doutor João Paulo Becker Lotufo

(11) 3024-7490 – jlotufo@hu.usp.br

Projeto Antitabagismo

3091-9319 / 9321 – antitabagismo@hu.usp.br

Endereço HU: av. Professor Lineu Prestes, 2.565

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