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Diretora da Saúde Pública assume vaga em Conselho de Meio Ambiente da Fiesp

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Helena Ribeiro, uma das referências nacionais na área de saúde e meio ambiente, fala da importância do contato com os industriais

Por Daniela Bernardi

A aula de meio ambiente e saúde pública mal tinha acabado e já havia três ou quatro alunos entrando na fila para falar com a professora Helena Ribeiro, atual diretora da Faculdade de Saúde Pública. Não é para menos, formada em Geografia pela PUC-SP, ela é uma das grandes referências nacionais na área de saúde e meio ambiente. Em fevereiro deste ano, ela assumiu uma das vagas do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp (Cosema).

Nascida em São Paulo, no bairro de Higienópolis, zona oeste da cidade, Helena cresceu numa família de sete irmãos. “Era uma casa com muita agitação”, relembra a professora. Filha de mãe estônica e pai brasileiro, a docente herdou de seu avô materno um espírito aventureiro. Victor Von Nielander comandou a expedição russa ao Pólo Norte, em 1905. “Sempre gostei de viajar e dos estudos de campo da faculdade. Meus filhos e netos acabaram herdando o mesmo gosto por viagens.”

Em 1975, época do movimento hippie e do movimento contra a poluição, Helena se mudou para os Estados Unidos junto com o primeiro marido e os filhos pequenos, para terminar o mestrado na University of California, em Berkeley. “Fiz meu mestrado na área de geografia agrária e meio ambiente, focando no uso da terra e nos impactos ambientais”, conta a geógrafa.

“No Brasil, diferente de Berkeley, ainda não tinha despertado a preocupação ambientalista”, revela a professora, que, apesar de estar no centro dos movimentos dos anos 70, não se envolveu diretamente com eles. “Eu conversava e debatia com os alunos, mas tinha que cuidar da minha filha de 2 anos e do meu filho de 5 meses”, explica ela, que morou no país durante três anos.

Helena e o neto Lucas, em viagem no Quênia em 2010

Em 1988, a pesquisadora foi pioneira: seu doutorado sobre poluição do ar e doenças respiratórias foi um dos primeiros estudos do Estado de São Paulo publicados na imprensa, na Social Sciences and Medicine. Ele englobava os municípios de Osasco e de Jequitiba e o bairro do Tatuapé, em São Paulo. Este tinha um índice de poluição muito elevado, devido ao trânsito e às indústrias. Consequentemente, o índice de doenças respiratórias também era alto. Já Osasco, estava dentro dos parâmetros da legislação; e Jequitiba não tinha poluição. Para o doutorado, foram feitas pesquisas em crianças de 11 e 13 anos de escolas públicas destas regiões para avaliar o índice de doenças respiratórias entre elas.

Dez anos depois, a pesquisa foi refeita com crianças dos mesmos locais, e os resultados mostraram que a diminuição da poluição local influencia na queda do número de doenças respiratórias. No bairro do Tatuapé, as indústrias foram embora ou iniciaram ações para controlar a poluição emitida por elas; em consequência, a predominância de doenças também caiu.

Em 1990, foi convidada para ser assessora da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, no mandato de Luiza Erundina. “Foi uma experiência muito rica, porque foi uma época de bastante movimentação e experimentação de políticas na cidade.” Durante os três anos que trabalhou na Prefeitura, Helena colocou algumas ações em práticas: a ciclovia na Av. Juscelino Kubitschek e a flexibilização do horário do comércio e das escolas. “Com os shoppings abrindo mais tarde e as escolas começando mais cedo, o trânsito na cidade diminui e, consequentemente, a qualidade do ar melhorou”, afirma ela.

Helena Ribeiro com o neto Lucas no Quênia 2010

Durante o ECO-92, organizou todas as atividades que aconteceram em São Paulo, como a Feira de Tecnologia Ambiental, no Anhembi, e os seminários internacionais. Além disso, a diretora foi representante da Prefeitura em eventos internacionais no Japão, Alemanha e Holanda.

A docente também foi uma das fundadoras do International Council for Local Environment Initiatives (Iclei), que tinha como objetivo inserir políticas municipais nas cidades, que até então só contavam com ações estaduais. “Durante os quatro anos que fiquei no Iclei, fizemos ações em Santos, Curitiba, Belo Horizonte e até Toronto, que realizou políticas conjuntas com o município paulistano”, conta ela.

Em 1995, a geógrafa prestou concurso para vaga de docente na Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP) e passou a ministrar três disciplinas: Meio ambiente e saúde pública, Seminários de saúde ambiental e Geografia da saúde e da doença. Em março de 2010, foi escolhida para ser a nova diretora da Faculdade. No ano passado, conseguiu que o Conselho Universitário aprovasse um novo curso de graduação na área: Bacharel em Saúde Pública. “Este profissional não cuidará individualmente das pessoas, mas estará apto para cuidar da saúde como um fenômeno coletivo, vendo os aspectos que causam as doenças e as possíveis formas de recuperação”, explica.

A diretora foi convidada para o Cosema, assumindo o cargo no início deste ano. “Achei importante aceitar este convite, porque nós falamos para os industriais que são pessoas que não estão voltadas para o meio ambiente”, conta a professora. Junto com o Conselho, ela realiza estudos e faz a interlocução entre órgãos do governo e indústrias, com o objetivo de promover a permanente interação das entidades com o assunto.

2 comentários sobre “Diretora da Saúde Pública assume vaga em Conselho de Meio Ambiente da Fiesp”

  1. Parabéns pela abordagem jornalística num tema multifatorial. O envolvimento do ser humano para a preservação da saúde deve ser

    o objetivo de todas as manifestações.

    Fiquei somente na dúvida se podemos genelarizar que os industriais

    não são voltados para o meio ambiente.

    Saudações univercitárias.

  2. Ruth de Gouvêa disse:

    Estou nuito orgulhosa: Fui sua aluna na Saúde Pública nos anos 70. Fiz mestrado com o Carlos Celso e no doutorado fu orientanda do Ari! Depois coroei a minha vida como assistente do professor Samuel na EESC. Abraços RUTH

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