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Instalação da Pinacoteca, Casamata é composta por peças de cerâmica semelhantes a ninhos de pássaros
Casamata é uma fortificação, geralmente subterrânea, à prova de bombardeio. Comumente utilizada em períodos de guerra, a instalação fechada e com teto em forma de abóbada, pode funcionar como abrigo de canhões e metralhadoras. Com esse título e ocupando a área central da Pinacoteca, a exposição do artista plástico Laerte Ramos associa a arquitetura bélica ao ninho do pássaro conhecido como joão-de-barro.
A exposição “Casamata” nasceu dentro de extenso trabalho de pesquisa do artista em seu ateliê. Ele busca na natureza formas e texturas associadas à cerâmica, criando produções com esse material há dez anos. Para essa mostra, a preferência pelo pássaro também conhecido como forneiro foi influenciada tanto pela matéria-prima utilizada pela ave na construção de sua habitação, o barro, quanto pelo formato de suas construções, semelhante às casamatas.
Realizada para o projeto Octógono Arte Contemporânea, a instalação é composta por cem peças de cerâmica, de 34 formatos distintos. As peças estão dispostas no ar, suspensas por cabos de aço ligados ao teto. “O grande diálogo da escultura é com a atmosfera e com a luz. Isso fica muito claro nesta exposição (…) A cidade de habitações de Laerte é estática e muito comportada”, avalia Ana Paula Nascimento, curadora da exposição.
A presença de casamatas pintadas em branco no espaço central do museu possibilita a interação das esculturas com o espaço banhado de luz, contribuindo para contrastar com as paredes de tijolos historicamente inacabadas do prédio da Pinacoteca. Além disso, o mármore branco do piso amplia o jogo de cheios e vazios, o peso da matéria e a leveza do suporte. Para a curadora, Ramos pretende chamar a atenção para o espaço do museu. “É o branco que reflete a luz, em oposição às paredes de tijolos que são de um material completamente fosco e que demonstra a passagem do tempo”, ressalta.
“O trabalho de arte proporciona uma relação sensível em cada indivíduo. Cada um que absorve o trabalho o enxerga de uma maneira diferente”, revela Laerte Ramos. Para ele, cabe ao artista conhecer de que maneira o público absorve a obra, mas a relação do espectador com a arte é intimamente pessoal e intransferível. Ainda assim, a exposição faz referência à própria cidade, uma vez que se coloca como uma “coleção de abrigos e habitações”.
Muitas esculturas trazem em suas superfícies areia e plantas artificiais, causando um jogo de agrupamento e combinações. Para Ana Paula, o artista plástico utiliza-se de elementos da arquitetura moderna brasileira, como a laje plana e o teto jardim. “Existe uma referência muito forte a essa arquitetura modernista brasileira. Notadamente Oscar Niemeyer utilizava-se da curva e da abóbada”, completa.
Questionando a presença indesejada dos pombos que sempre encontram brechas para adentrar os mais variados espaços da cidade, a instalação é também composta por Columbiformes. Trata-se de 44 pombos de cerâmica, em dois tamanhos distintos, patinados de verde, em cujo dorso foram colocados pequenos feixes metálicos. As peças estão espalhadas por diversos pontos do museu como forma de chamar novamente atenção para as marcas de uma construção nunca finalizada.
Ainda como extensão dos Columbiformes, a mostra traz almanaque com jogos e curiosidades sobre as espécies de aves popularmente conhecidas como pombos. Além de vídeo produzido pela Pinacoteca que revela o processo criativo de Laerte Ramos em seu ateliê.
“Casamata”
Exposição aberta até 29 de julho
Ingressos a R$ 6,00, meia entrada a R$ 3,00
Sempre às quintas na Pinacoteca
Conversa com Laerte Ramos, 8 de maio, às 19h, gratuito
seg, 29 de junho
dom, 28 de junho
dom, 28 de junho
sáb, 27 de junho
sáb, 27 de junho
sex, 26 de junho
sex, 26 de junho
ter, 2 de junho