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Alegria e disposição: A vida sob o olhar especial de Diana Pozzi

Pofessora Diana em sua sala na FMUSP

“Pequenas descobertas impulsionam construções diárias e se prevenir também é aprender a viver”

Por Márcia Scapaticio

Professora da Faculdade de Medicina, Diana Helena de Benedetto Pozzi trabalha na área de imunologia e oncologia. O contato direto com os pacientes a fez repensar sua relação com as ciências médicas, despertando o seu interesse pelas chamadas terapias alternativas.

Mas, para conhecer a trajetória dessa paulistana que demonstra forte ligação com a história da cidade, é preciso recorrer à memória, tarefa fácil para a professora, que se recorda de muitos detalhes sobre a infância e juventude: “Nasci em 1941 numa maternidade localizada na alameda Campinas. Quando criança brincava nas encostas do Museu do Ipiranga, atual Museu Paulista. Era um mundo diferente de hoje, corríamos, andávamos de bicicleta à vontade. Essa liberdade e descobertas da infância me influenciaram muito, pois exercitei a imaginação e a criatividade, relembra Diana.

Na época de estudante de Medicina

Na época em que era estudante de graduação em Medicina pela USP, nos anos 60, participou de atividades culturais e sociais, trabalhou em associação com o Centro Acadêmico e em comunidades carentes. O atendimento foi suspenso, pois era considerado esquerdista, e passou a ser feito pelo governo, na chamada operação Rondon. Nesse período, Diana relata com humor o início da repressão militar: “Tudo que tinha capa vermelha era considerado comunista”, brinca a professora. “Já nos anos 70, me formei com residência em pediatria e, mais tarde, me transferi para a área de clínica médica, como onco-hematologista.”

Diana realizou o seu pós-doutorado nos Estados Unidos, onde ficou por três anos como professora visitante. “Lá aprendi muito sobre a área de pesquisa, além do que está escrito nesse quadro (aponta para o quadro em que lemos “A grama do vizinho é sempre mais verde”. “Entretanto, o importante foi conversar com a turma que realiza o trabalho em grupo e não apenas com o supergrupo de médicos, que, por vezes, preocupa-se apenas com os resultados das pesquisas, sem escutar o que o paciente tem a dizer”, completa.

50º Marajó

Em viagem com os amigos de Faculdade

Tal observação ajudou Diana a reforçar uma de suas características ou qualidades, como ela mesma diz: “Sempre me preocupei com as ideias dos pacientes , o que tinham a dizer sobre a vida, a doença,e comecei a relacionar os fatos. A partir dos anos 80 começamos a ver que não somos os únicos a perceber essas coincidências, além de recorrer à literatura médica, na qual já se mencionava a relação do estado emocional com a doença, indicando que pessoas felizes não ficavam doentes, por exemplo”.

Com o passar do tempo, pesquisas sobre esse tema foram realizadas em países do exterior, como os Estados Unidos, mas, segundo Diana, ficaram um pouco de lado, pois faltava o caráter científico. “Através dos pacientes eu percebia que os procedimentos antigos, como a Medicina Tradicional Chinesa, que não recorriam apenas aos medicamentos, mas considerava o estado emocional, físico e mental eram eficazes e, quem desejava vencer a enfermidade, já tinha um grande aliado, que era a vontade de superar os próprios problemas”, afirma a doutora.

Show fm 1967

Show fm 1967

O avanço das pesquisas e do próprio caráter da medicina estimulou Diana em novas práticas, como apoiar a prevenção das doenças através de uma vida mais saudável, associada a bons pensamentos e energias, não apenas tratá-las quando já aconteceram. “Hoje em dia nós acompanhamos os benefícios de uma alimentação mais equilibrada e de momentos de lazer, acredito que pequenas descobertas impulsionam a nossa evolução como ser humano e procuro construir essa filosofia não só em minha vida, mas em minha profissão”, ressalta.

Com certeza, não há como separar a sua vida da medicina e, prestando atenção em suas palavras, em nenhum momento os dois lados se distanciam, ao contrário, a medicina e a dedicação aos pacientes estão logo ali, no olhar especial que conduz Diana em sua atividade humanística e profissional.

A professora já recebeu três prêmios em reconhecimento ao seu trabalho. Em 1966, o Prêmio Flaminio Favero, do Centro de Estudos Oscar Freire; vcem 1999, da Associação Paulista de Medicina e, no ano de 2002, a medalha de Reconhecimento Franco Americano, do Conselho Nacional do Instituto Humanista da Unesco.

Saiba mais sobre o trabalho das terapias alternativas, desenvolvido por Diana Pozzi.

2 comentários sobre “Alegria e disposição: A vida sob o olhar especial de Diana Pozzi”

  1. Silvia disse:

    Parabens, pela materia,

    A Prof.Dra Ana Diana é um exemplo dos profissionais da area medica

    que necessitamos sempre, diante das precaridades existente no nosso país.

  2. sandra papaiz disse:

    Gostei muito da materia.

    Tive oportunidade de conviver com a Professora Diana durante quatro anos e meio em que fui Diretora da Fundação Faculdade de Medicina.

    E'uma mulher dedicada à Ciencia, mas impressiona seu grande humanismo !

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