Por Clara Roman
“ E hoje ela vive lá no céu
Ela vive bem juntinho de nosso senhor
De lembrança guardo suas meias, seus sapatos
Iracema eu perdi o seu retrato”
(Iracema, Adoniran Barbosa)
Dia 6 de agosto, Adoniran Barbosa, ou João Rubinato (nome de batismo), completaria 100 anos. Se estivesse vivo, estaria agora em um boteco, tocando um samba e comendo uma macarronada. Filho de imigrantes italianos, Adoniran começou a trabalhar antes dos 10 anos. Aos 14, vendia marmitas pelas ruas das várias cidades onde morou: Valinhos, Jundiaí e, finalmente, São Paulo.
O então jovem João Rubinato queria ser artista. Encontrou uma grande oportunidade no rádio, que se voltava à divulgação de uma cultura mais popular. Gostava de compor, mas a interpretação lhe oferecia mais sucesso. Iniciou cantando músicas de Noel Rosa e outros sambistas. Aos poucos, no entanto, começou a fazer suas próprias músicas.
Na contramão de outros compositores de samba, Adoniran expõe a realidade tragicômica do brasileiro, do paulistano pobre. Em suas músicas, utiliza a língua falada, de todo dia (“Nóis cantemo assim…”-Saudosa Maloca) e conta as histórias dos bairros do centro expandido, como o Brás e Bexiga, e do povo que outros chamariam de “excluído”.
Uma espécie de crônica paulistana, suas canções recriam um universo que contrasta com a imensidão da metrópole. Histórias solitárias, encontros frustrados, revestidos pelo tom alegre do samba.
Francisco Rocha acaba de lançar uma biografia do autor: Adoniran, o poeta da cidade. Confira a resenha na seção Cultura-Resenhas da Revista.
Além disso, em homenagem ao cantor e compositor, o Centro Cultural São Paulo preparou uma programação especial neste mês de agosto. Diversos cantores da música popular brasileira cantam os “casos” de Adoniran.
Confira:
7/8-19h: Maria Alcina e Vânia Bastos
8/8-18h: Fabiana Cozza, Osvaldinho da Cuíca e Milena
14/8-19h: Cida Moreira e Passoca
15/8-18h: Cauby Peixoto, Tobias da Vai-Vai e Graça Braga
21/8-19h: Virgínia Rosa, Maurício Pereira e Markinhos Moura
22/8-18h: Wanderléa, Thomas Roth e Márcia Castro
28/8- 19h: Eduardo Gudin e Tetê Espindola
29/8- 18h: Demônios da Garoa e Quinteto Branco e Preto
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