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Uma carreira de fomento à pesquisa

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Cuidar de corpo e mente é saída para envelhecer com saúde

 

Por William Nunes
Prêmio IAC_Joaquim José de Camargo Engler (1)

Monica Carneiro Meira Bergamaschi , Secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo;
Joaquim José de Camargo Engler, diretor administrativo da FAPESP; e
Celso Lafer, presidente da FAPESP.

Diretor administrativo da FAPESP recebe prêmio de Personalidade da Pesquisa

Um dos objetivos de uma universidade pública no Brasil é levar o conhecimento produzido dentro dela para fora dos seus muros e, além disso, dar algum retorno à sociedade que a sustenta. Joaquim José de Camargo Engler, Diretor Administrativo da FAPESP e com vasta experiência e conquistas na USP, foi vencedor do prêmio Personalidade da Pesquisa pelo Instituto Agronômico (IAC) neste ano.

Nascido em Campinas, em 30 de janeiro de 1942, Engler estudou em escolas públicas desde o seu primário. De início, seu desejo ao finalizar o ensino médio era de prestar vestibular para Engenharia Elétrica na Escola Politécnica. No entanto, o professor diz que naquela época era muito difícil entrar na Poli e só passava quem fazia um curso pré-vestibular que só existia na capital. “Eu teria que ter recursos para me manter em São Paulo e fazer um cursinho caro”, diz Engler. Seu pai trabalhava em um pedágio estadual seu o salário era pequeno. Para se sustentar no interior durante seu ensino médio e para juntar dinheiro para a faculdade e se bancar no futuro, Engler até deu aulas particulares de matemática e latim. Foi então quando ele ingressou no cursinho popular do Centro Acadêmico da ESAQL (CALQ) que passou a considerar a possibilidade de cursar Agronomia em Piracicaba. “Quando estava no terceiro colegial, um grupo de alunos da Luiz de Queiroz veio apresentar a faculdade, o curso de Agronomia, as instalações e as inscrições. Isso me entusiasmou.” Para prestar o vestibular em Piracicaba, Engler chegou a se instalar na casa de um amigo por alguns meses. Juntos, mais alguns amigos também tentaram o curso de Agronomia, porém apenas ele conseguiu passar. “Quando saiu o resultado eu não tinha expectativa de entrar, pois tinha pouco tempo de preparo. Eu ainda tinha como vontade a área de exatas. Pensava muito na Engenharia Elétrica. Mas aí entrei em Agronomia e foi um dilema. Como eu ia jogar fora aquele resultado do vestibular que me garantia uma Universidade pública e começar tudo de novo?”

Segundo o professor, a sua carreira como agrônomo e economista não foi influenciada pela família, mas a sua vontade por Engenharia Elétrica começou por causa de uma das coisas que o pai gostava de fazer. “Meu pai era autodidata e um dos hobbies dele era mexer na parte elétrica. Nós trocamos todo o sistema de eletricidade da casa que compramos. Eu fiz toda a reforma elétrica por orientação dele, porque ele já estava com idade e não podia fazer esforços. Então isso foi me entusiasmando”, conta Engler. Além disso, o professor acrescenta que, no ensino médio, se identificava muito com a matéria de física elétrica. “Mas acabou dando outro rumo. Eu brinco com o pessoal da Poli que eu seria um Politécnico frustrado”, completa ele.

Apesar de não ter sido sua primeira opção, a escolha pela carreira de Agronomia também foi pensada. Apesar de ser considerada formalmente da área das ciências biológicas, o curso é muito diversificado, proporciona uma ampla visão de negócios e inclui também disciplinas da área de humanas e exatas. “As matérias de biológicas eu fazia porque era necessário. A área de exatas era onde eu me saía bem, desde matemática, no primeiro ano, até ciências de materiais. Quando chegamos ao quarto ano tivemos também a parte de Economia e Administração e foi onde comecei a me interessar muito pelo assunto”, diz o professor. Para ele, deu para equilibrar o seu interesse pelas exatas e uma escola oficialmente de Biologia.

Marina Almeida

Prédio da Administração Central da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ).

Carreira

Engler então conclui sua graduação em Agronomia em 1964, com especialização em Tecnologia de Alimentos. Ao se formar, recebeu quatro prêmios de melhor aluno. As premiações também davam um retorno em dinheiro, recurso esse que usou para continuar se sustentando enquanto se profissionalizava. Com isso, viveu até outubro de 1965, quando já iniciava sua pós-graduação em busca do doutorado. “Depois fui chamado para trabalhar no Departamento de Economia da ESALQ, no qual eu tinha obtido média 10 durante o período todo”. Começou a trabalhar em 4 de janeiro do mesmo ano para uma vaga de docente. No entanto, a oficialização de seu nome só sairia no Diário Oficial em maio. A partir disto, os instrutores tinham que passar por uma entrevista para o regime de tempo integral regida por uma comissão estadual de regime e trabalho. Havia uma grande fila para essas entrevistas e o contrato só poderia sair após a realização delas. “Isso foi ocorrendo desde setembro e meu primeiro salário só recebi dia 15 de outubro. Eu casava dia 16. Peguei o cheque, fui ao banco e voltei embora para Campinas para casar”, conta.

Após ter casado e obtido seu título de Doutorado em Agronomia pela ESALQ em 1968, Engler viajou para os Estados Unidos, em Ohio, para continuar seus estudos e se tornar PhD em Economia Agrícola pela The Ohio State University. Ao regressar para o Brasil, continuou trabalhando na administração da faculdade como coordenador da pós-graduação, depois como presidente da comissão por dois mandatos. E em 1982, Engler se torna diretor da faculdade. “Durante a diretoria da ESALQ, uma das maiores preocupações nossas era a melhoria da infraestrutura, principalmente do laboratório e da biblioteca, que já estavam bem acanhados. E então conseguimos recursos para a construção dessas áreas.” Hoje, o acervo da Luiz de Queiroz é o maior na área de Ciências Agrárias no Brasil. O Centro de Informática da ESALQ (CIAGRI) também foi mais um suporte que aconteceu durante o período do professor Engler como diretor.

Outra conquista da gestão de Engler foi a criação formal do campus de Piracicaba. Antes a unidade existia apenas fisicamente e não possuía dotação orçamentária própria. O orçamento da ESALQ tinha que ser feito frente às despesas da instituição de ensino e pesquisa e também da infraestrutura de uma fazenda de grande porte, mais todos os laboratórios. E em 1986, no penúltimo ano sob a direção de Engler, conseguiram a aprovação da Universidade para a formalização do campus Luiz de Queiroz.

Neste mesmo período, o professor, além de estar na diretoria da unidade de Piracicaba, também acumulou a coordenação do campus. Este último cargo foi, então, transformado em prefeitura, função esta que Engler foi o primeiro a tomar posse. Ao término de seu mandato, foi convidado pelo ex-reitor da USP, José Goldemberg, para ser assessor de Planejamento e Orçamento.

Através de toda a sua experiência e seu vasto repertório na área de pesquisa, Engler trabalha hoje como diretor administrativo da FAPESP. Inicialmente, foi convidado pela diretoria científica do professor Flávio Fava de Moraes para ser coordenador da área de Ciências Agrárias. “O diretor científico escolhe entre os pesquisadores do Estado de São Paulo e principalmente entre aqueles que, de alguma forma, tiveram um projeto ou bolsa na Fundação. Então, por uma análise de currículo, ele escolhe algumas pessoas para a coordenação da área”, explica Engler.
A partir daí, em 1987, foi um dos três membros indicados pelo Conselho Universitário da USP, que são escolhidos periodicamente para o Conselho Superior da FAPESP, e foi eleito pela lista tríplice da área de Ciências Biológicas. Após seis anos de mandato Engler deixa de ser conselheiro e torna-se, então, Diretor Administrativo da Fundação.

Esalq

Engler quando era presidente da Comissão de Pós-Graduação

Pesquisa

No que diz respeito ao legado de suas pesquisas e ao retorno à sociedade, o diretor conta que “a preocupação era sempre a avaliação da produtividade agropecuária, fatores que podiam influenciar a melhoria dessa produtividade e, como consequência, haver uma redução de custos. Isso que permitiria um melhor desenvolvimento do agronegócio, inclusive da exportação de produtos agropecuários, que ainda é um fator relevante no PIB brasileiro.”

A pesquisa que mais exigiu sua dedicação foi a dissertação para o PhD. Segundo ele, o foco consistia em uma análise que simulava a competição entre vários produtos agropecuários para uma prévia da agricultura brasileira. Havia a competição entre trigo, soja, pecuária e a conclusão que se chegava era que era melhor para o País continuar importando trigo e se dedicar mais aos outros produtos. “Foi o que aconteceu”, diz ele. No final da década de 60 para o começo de 70 a soja ainda era uma incógnita para o Brasil e foi se introduzindo gradativamente na região central, onde teve grande desenvolvimento. A pecuária, nesta mesma época, também atingiu níveis elevados. “Então foi uma produção que, antes de ir para os Estados Unidos, coletei dados em várias partes do Brasil, tanto na região central, quanto sul e sudeste, visando áreas no RS, GO, MT e levantando dados para o desenvolvimento desse trabalho.”

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