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Oito décadas de pioneirismo

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Reforma política é possível?

 

Ana Luiza Tieghi

Escola de Educação Física e Esporte completa 80 anos com uma série de eventos e tem muito o que comemorar

No ano de 1934 surgia o que viria a ser a Escola de Educação Física e Esporte da USP. Oito décadas se passaram e muita coisa aconteceu até que a EEFE se tornasse o que é hoje, um modelo de pioneirismo em sua área.

De 1934 a 2012, a EEFE formou 4.863 alunos na graduação e 612 na pós-graduação. Foto: Cecília Bastos

De 1934 a 2012, a EEFE formou 4.863 alunos na graduação e 612 na pós-graduação. Foto: Cecília Bastos

Os 80 anos da escola não poderiam passar despercebidos. Para comemorar a data, várias atividades estão sendo promovidas durante o segundo semestre deste ano. Uma comissão foi criada na instituição para organizar as comemorações, que ganharam até mesmo um site especial (www.eefe80anos.com). A professora Patrícia Chakur Brum é a diretora dessa comissão – formada por professores, funcionários e alunos da escola – e explica um pouco mais sobre o que está sendo realizado na unidade. “São vários eventos, palestras, tem uma gincana que vai ser organizada pelos alunos, com a participação de todos. Nós também teremos uma celebração no final do ano, é um semestre cheio de eventos”, conta.

O início das comemorações ocorreu no dia 4 de agosto, quando houve um encontro de gerações na escola. “Nós tivemos por volta de 450 egressos da escola, ex-professores, antigos funcionários e alunos, que vieram se encontrar aqui”, explica Patrícia. Aqueles que egressaram da escola há muitos anos puderam também conhecer as mudanças que foram feitas na unidade, em uma visita guiada, que contou com a participação do pessoal de serviço e dos laboratórios. Patrícia classifica o encontro como “muito bem-sucedido”, por ter permitido um intercâmbio de experiências entre pessoas que estão ligadas por sua passagem pela EEFE.

No dia 4 de agosto, uma reunião de antigos funcionários, professores e alunos com os atuais integrantes da EEFE marcou o início das comemorações dos 80 anos da instituição. Na foto, a professora Maria Augusta Peduti Dal' Molin Kiss fala sobre memórias. Foto: divulgação EEFE

No dia 4 de agosto, uma reunião de antigos funcionários, professores e alunos com os atuais integrantes da EEFE marcou o início das comemorações dos 80 anos da instituição. Na foto, a professora Maria Augusta Peduti Dal’ Molin Kiss fala sobre memórias. Foto: divulgação EEFE

História

Inicialmente chamada de Escola Superior de Educação Physica do Estado de São Paulo, a EEFE começou a funcionar em 1934 para dar formação aos professores da rede de ensino, explica o professor Alberto Carlos Amadio, um dos mais antigos da unidade. “Ela formava instrutores, com cursos de um ano de duração, não tinha estatuto de escola superior, que veio a ganhar mais tarde”, conta. Pioneira, foi a primeira instituição de educação física no Brasil com caráter civil e que permitia o ingresso de mulheres. A grande nadadora Maria Lenk, falecida em 2007, foi uma das alunas da instituição, já na segunda turma, em 1935.

A histórica nadadora Maria Lenk (primeira da direita) foi aluna da segunda turma da EEFE, em 1935. Foto: divulgação EEFE

A histórica nadadora Maria Lenk (primeira da direita) foi aluna da segunda turma da EEFE, em 1935. Foto: divulgação EEFE

Ligada ao então Departamento de Educação Física do Estado (DEF), a escola teve suas aulas práticas realizadas em diversos locais da cidade, antes de ser incorporada à USP. A Escola de Educação Física da Polícia Militar foi um deles, além da Associação Atlética São Paulo, o Parque da Água Branca, o Clube de Regatas Tietê e o Esporte Clube Pinheiros. Enquanto isso, as aulas teóricas eram ministradas na sede do DEF, onde também se localizava a secretaria da escola. “Na época, o curso já possuía muita coisa de teoria, até porque eram médicos que dirigiam a escola, e eles já tinham essa visão biológica da educação física”, explica Amadio. Mais tarde, o Conjunto Esportivo do Ibirapuera passou a concentrar todas as atividades em sua estrutura física.

Antes de se instalar na Cidade Universitária, a escola passou por diversos locais da cidade. Um dos principais deles foi o Conjunto Esportivo do Ibirapuera, onde esta foto, de 1972, foi tirada. Foto: divulgação EEFE

Antes de se instalar na Cidade Universitária, a escola passou por diversos locais da cidade. Um dos principais deles foi o Conjunto Esportivo do Ibirapuera, onde esta foto, de 1972, foi tirada. Foto: divulgação EEFE

“Em 1940 a escola ganha reconhecimento federal. Depois, em 1958, ela se torna um instituto de ensino superior do Estado”, conta o professor. A EEFE passa a fazer parte da Universidade de São Paulo em 1969, e em 1975 muda-se definitivamente para o campus da Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira. A mudança no espaço físico foi fator fundamental para o próximo passo de pioneirismo da EEFE: a criação do primeiro mestrado em Educação Física do País, em 1977. Apenas após a fixação na Cidade Universitária foi possível consolidar os laboratórios da unidade. “Nas primeiras turmas do mestrado tinha gente do Brasil todo”, conta Amadio, ele mesmo foi integrante da segunda turma de mestrado da EEFE, em 1978. “Aí tem o pioneirismo destacado, com essa questão de nuclear a pesquisa, de prestar um serviço para o País”, acrescenta.

A vida acadêmica de Amadio ainda voltaria a se cruzar com a história da EEFE. Após seu mestrado, o professor foi para a Alemanha fazer seu doutorado, pois não havia cursos de doutoramento em Educação Física no Brasil. “Essa saída da geração do professor Amadio para estudar fora foi especialmente importante, porque deu um salto qualitativo na área aqui no Brasil”, afirma a professora Patrícia. Ao voltar para sua terra natal, Amadio assumiu a coordenação da comissão de pós-graduação da EEFE, e percebeu que o momento de criar o curso de doutorado na unidade havia chegado. “A gente já tinha massa crítica produtiva para pensar na estruturação do doutorado”, aponta o professor. Em 1989 formou-se a primeira turma de doutoramento da escola, mais uma vez pioneira. “Eu sou uma das primeiras formadas no doutorado em Educação Física no Brasil”, destaca Patrícia.

Prática de ginástica olímpica na EEFE, atualmente. A escola foi a primeira instituição civil de educação física a aceitar mulheres. Foto: Cecília Bastos

Prática de ginástica olímpica na EEFE, atualmente. A escola foi a primeira instituição civil de educação física a aceitar mulheres. Foto: Cecília Bastos

A pós-graduação é uma força na unidade. Como conta a professora, a EEFE possui o único programa de pós-graduação em Educação Física nota 7 na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). “Isso mostra que a gente acaba trilhando os caminhos da área aqui no Brasil”, afirma. “Essa para mim é a característica mais importante da nossa pós-graduação, a relevância para a capacitação de grupos de estudo e pesquisa e centros de formação Brasil afora”, conta Amadio.

Além do ensino

Os cursos comunitários também têm destaque na EEFE. São diversas iniciativas que aliam educação física com terapias, levando a expertise da escola para a sociedade.  São trabalhos realizados com pessoas portadoras de necessidades especiais, idosos, obesos, de prevenção cardiológica, ensino de natação, entre outros. “A escola tem também um programa que vai até os parques da cidade fazer um levantamento de fatores de risco cardiológico”, conta Patrícia.

Amadio destaca o curso de Natação para crianças asmáticas, já antigo na unidade. “É um referencial até hoje na cidade. A asma é um problema típico da cidade de São Paulo, e a escola recebe essas crianças com acompanhamento especial.” Até mesmo pessoas que passaram por transplantes cardíacos são atendidas. “O próprio condicionamento físico para cardiopatas é feito aqui em conjunto com o Instituto do Coração”, explica Patrícia. A atividade física, para essas pessoas, é muito mais do que lazer, ela é parte do tratamento. “A escola entra nessa atividade, seja com coronariano, diabético, asmático, cadeirante, idoso, então isso é um papel relevante. E outra vez, nucleando vários centros”, aponta Amadio.

Vista aérea das instalações físicas da EEFE, em foto de 2007 do Jornal da USP, ainda sem o novo prédio. Foto: Jorge Maruta

Vista aérea das instalações físicas da EEFE, em foto de 2007 do Jornal da USP, ainda sem o novo prédio. Foto: Jorge Maruta

Futuro

Faltando apenas dois anos para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, é de se esperar que a EEFE esteja se preparando para a ocasião. “Nós temos alunos de pós-graduação que estão treinando para competir na próxima olimpíada”, conta Patrícia. O programa A USP nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 é liderado pela escola, que presta atendimento para atletas de todas as unidades da Universidade. Amadio conta que atualmente na USP existem 12 atletas com potencial olímpico, quatro deles são alunos da EEFE. Esses atletas recebem uma bolsa para treinar, paga pela Universidade. O programa tem várias frentes, sendo uma delas a disponibilização de bolsa-atleta que varia conforme o nível do praticante, além da bolsa-estagiário para alunos da escola que atuam nos laboratórios que fazem avaliação e prestam apoio aos atletas nacionais. “Recebemos aqui pessoas do atletismo, equipe de vôlei, de basquete, o sub-20 do futebol, são vários atletas que são acompanhados”, conta o professor.

No futuro também haverá um programa de capacitação on-line para treinadores esportivos, que utilizará a plataforma da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo).

A funcionária Maria Regina de Sá e os professores Alberto Carlos Amadio e Patrícia Chakur Brum fazem parte da história da EEFE e a conhecem como a palma da mão. Foto: Cecília Bastos

A funcionária Maria Regina de Sá e os professores Alberto Carlos Amadio e Patrícia Chakur Brum fazem parte da história da EEFE e a conhecem como a palma da mão. Foto: Cecília Bastos

Os investimentos feitos na estrutura física da EEFE apontam para a continuidade da excelência em pesquisa. “A escola fez um grande investimento em infraestrutura, reformando toda sua área administrativa e salas de aula, além dos recursos humanos. Nos últimos anos foi possível contratar pessoal técnico especializado para os laboratórios”, afirma Maria Regina de Sá, chefe da Seção de Relações Institucionais e Comunicação. Um novo prédio foi construído para abrigar laboratórios. “Todos estão bem instrumentados para prosseguir e fazer jus aos investimentos que foram realizados aqui na unidade, e nós temos tudo para continuar”, acredita Patrícia. “Os melhores do Brasil nós já somos, agora queremos ser os melhores do planeta”, finaliza Amadio.

Agenda de comemorações

As comemorações do aniversário seguem nos meses restantes do ano. Em setembro são duas ocasiões: no dia 18 acontece a palestra “Financiamento para Pesquisa no Estado de São Paulo”, com Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp, e no dia 26, uma série de palestras com professores da EEFE acontece durante todo o dia. Para saber detalhes da programação de setembro e conferir as atividades dos próximos meses, entre no site www.eefe80anos.br. Na página também é possível ver depoimentos de pessoas que fazem parte da história da escola, fotografias históricas e conhecer mais sobre a trajetória da unidade.

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