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Com sua última grande epidemia na década de 70, o ebola ameaça hoje a África Ocidental
Após décadas de um suposto controle do vírus ebola, em agosto passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a nova epidemia como uma emergência pública internacional. Este é o surto mais longo desde a sua descoberta, em 1976. Apesar de a doença ter sumido dos holofotes da mídia durante um grande período de tempo, o ebola nunca foi exatamente controlado, segundo Eliseu Waldman, professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP). “Certamente já ocorriam casos, mas eles não eram identificados por ocorrer em comunidades pequenas e muito isoladas”, diz. “Possivelmente, o início desse surto teria sido em um funeral, devido a hábitos religiosos. Eles também se alimentam muito de animais selvagens e as carcaças são um reservatório de transmissão do vírus ebola.”
Os primeiros surtos na história se deram especialmente em populações da área rural, porém só agora os casos têm se espalhado para áreas urbanas mais densas e populosas. Em nota, a OMS divulgou que entre o mês de janeiro e o dia 25 de agosto deste ano já se contabilizavam 3.052 casos dentre suspeitos e confirmados, com 1.546 óbitos. Quase metade das ocorrências foi registrada em um período menor que um mês.
Para o professor, o problema é que a África está passando por um momento de grande crescimento econômico e um processo rápido de urbanização. No entanto, este processo não está sendo acompanhado de infraestrutura, com condições habitacionais e saneamento básico precários, aliados a um baixo nível de escolaridade. “Em países com estrutura social e condições de vida diferentes, o desastre não teria esta dimensão”, afirma o professor. A questão da falta de ferramentas para um bom funcionamento urbano reflete, inclusive, no tratamento da doença. Boa parte dos médicos que cuidam dos pacientes infectados é constituída por nativos, com a ajuda extra da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF). A transmissão do vírus ebola é tão grave que cerca de 10% dos infectados fazem parte do corpo de doutores. Waldman diz que isso se deve muito às más condições dos hospitais das regiões mais afetadas.
A epidemia chegará ao Brasil?
Estima-se que o vírus será controlado dentro do prazo de 6 a 9 meses, um tempo razoavelmente longo que demonstra a gravidade da situação. Entretanto, não é motivo para pânico no Brasil. Segundo a OMS, os países de risco são aqueles que fazem fronteira com os de transmissão ativa e os países que são centros de conexão de transportes internacionais. “(O ebola) Não chegará aos níveis da gripe suína”, compara Waldman. “Pode haver casos em outros continentes e em pessoas que viajaram para as regiões afetadas e voltaram para seu local de origem com o período de incubação da doença. Mas que essa epidemia alcance níveis continentais, eu acho pouco provável.”
Em São Paulo, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, referência neste tipo de doença, está colaborando. No dia 5 de setembro, foi ministrada uma palestra de orientação para ONGs de refugiados do ebola, chamada “O Risco de Disseminação de Doenças em Populações de Deslocamento”. A iniciativa atende às organizações que procuraram ajuda do hospital quanto a alguns casos suspeitos do vírus no Brasil. Além disso, visa a evitar o pânico no País.
O que tem sido feito?
A transmissão do ebola pode ocorrer de animal para homem, quando houver contato com qualquer tipo de fluido corporal dos infectados. De homem para homem, ela também se dá do mesmo modo e ainda se mantém arriscada mesmo post-mortem, sendo um dos principais motivos da disseminação da doença. A princípio, algumas atitudes de higiene básica devem ser tomadas por parte da comunidade em geral, bem como evitar contato com possíveis focos do vírus.
O mesmo está valendo para as equipes médicas que auxiliam no tratamento da população das regiões de risco. Por terem uma relação mais próxima com as vítimas, alguns cuidados são imprescindíveis. O médico generalista Paulo Reis foi recrutado pelo MSF para cuidar de pacientes na África. Ele conta para o site da organização que os corpos dos mortos pela doença têm que ser pulverizados com cloro e os enterros são supervisionados por profissionais da saúde. As ferramentas usadas no tratamento, como macas, estetoscópios e termômetros, são incineradas. Os médicos, inclusive, têm a ordem de não cumprimentar ninguém com aperto de mão. A medida não é só para evitar a transmissão do ebola, mas também para se preservar de doenças secundárias, como a gripe, cujos sintomas se assemelham aos da doença e podem se confundir.
Quais são os sintomas?
Após o período de incubação da doença (tempo entre o contato com o vírus e a manifestação dos sintomas), o ebola se assemelha muito a uma gripe. Algumas ocorrências podem ser:
1) febre abrupta;
2) fraqueza;
3) vômitos, tosse e/ou diarreia;
4) dores musculares (mialgia).
Os indícios podem evoluir para um estágio mais grave, chegando a quadros de delírio e, posteriormente, ao óbito do infectado. A letalidade do vírus chega a 51% para uma amostra do total de casos. A gripe suína mata 0,4% de suas vítimas, comparativamente.
Em São Paulo, profissionais da saúde têm sido orientados para que notifiquem o Centro de Vigilância Epidemiológica “os casos de viajantes que chegarem ao Brasil provenientes de áreas de circulação do ebola” e que apresentem os sintomas da doença. “São medidas gerais de proteção e de indicação de casos suspeitos. Pessoas que vêm de áreas de transmissão com indícios sugestivos têm que ser imediatamente encaminhadas para hospitais preparados para atendê-las”, reitera o professor Waldman. Em emergências como epidemias, são responsáveis e acionados os órgãos de resposta rápida dos ministérios, bem como as secretarias estaduais das regiões em questão.
Tratamento
O ebola até o momento não tem cura. No entanto, há medidas que mantêm o indivíduo vivo a tempo do seu sistema imunológico reagir à infecção e se curar. Algumas delas são:
1) manter a hidratação;
2) antibióticos para evitar outras infecções;
3) diminuir quadros de dores;
4) administração de anticoagulantes antes e depois do tratamento.
Além do tratamento paliativo, segundo Waldman, existem vários estudos de vacina, algumas em estágio de teste. Recentemente um médico e uma missionária dos Estados Unidos foram tratados com um medicamento experimental chamado ZMapp e receberam alta após seus exames darem negativo para o vírus ebola. “Mas não se sabe qual a efetividade disso. Não há nada comprovado de que dê resultados”, afirma o professor.
Mais informações: http://www.msf.org.br/
http://www.who.int/
http://www.cve.saude.sp.gov.br/
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