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A obra antes da arte

Obra Recortes Urbanos

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MAC revela pesquisas por trás das exposições

Por Roberta Figueira

Quando chegamos a um museu geralmente não paramos para pensar no processo pelo qual passou a exposição que estamos apreciando. Muitas vezes não sabemos quem é o curador, como surgiu a ideia de fazer aquela exposição ou se ela é fruto de alguma pesquisa. Esse universo além da exposição é o que pretende revelar a nova revista virtual do MAC. Segundo Sérgio Miranda, editor da revista, havia uma necessidade de mostrar que cada exposição colocada à disposição do público no MAC tem uma pesquisa por trás. A exposição Cidades Imaginadas, em cartaz no MAC Ibirapuera, é uma prova disso.
Ela é fruto de uma pesquisa sobre imaginários urbanos. “A cidade sempre interessou por um ponto de vista de construção da memória e da identidade. É o espaço onde as coisas da vida da gente acontecem”, diz Lisbeth Rebollo Gonçalves, diretora do MAC e curadora conjunta da exposição.  As obras de Cidades Imaginadas trazem múltiplas visões de três artistas cidadãos sobre sua cidade. Waldo Bravo, Hélcio Magalhães e Jonathas de Andrade têm de maneiras variadas, mas fundamentais para seus trabalhos, pesquisas sobre a cidade.
Waldo Bravo traz uma obra baseada em outdoors que descortina o que deixávamos de ver da cidade de São Paulo. Segundo a diretora, há um jogo entre o outdoor que esconde, a cidade que se revela por trás dele e a maneira como você enquadra a cidade. Outra obra do artista traz um jogo de espelho. “Dependendo de como você olha, vê você ou enxerga uma cidade diferente, com um novo movimento”, diz. Para ela, a obra é um jogo metafórico de como a cidade se espelha para você e como você espelha a cidade.

São Paulo Imaginada

São Paulo Imaginada

Hélcio Magalhães participou da pesquisa sobre os imaginários urbanos. Ele faz um recorte de algumas imagens que saem dessa pesquisa, quando registrou personagens e lugares urbanos de São Paulo apontados por esses cidadãos entrevistados. “O movimento foi inverso. Ele foi buscar o que os depoimentos revelavam”, explica a diretora. No painel baseado em grafites o artista fez uma leitura da visão espontânea dos grafiteiros, desse registro que eles plantam sobre a cidade.

Recenseamento Moral do Recife

Recenseamento Moral do Recife

Para Lisbeth Rebollo, o terceiro artista, Jonathas de Andrade, apresenta uma obra muito forte e madura para sua idade. Ele percorreu Recife entrevistando moradores aleatoriamente, seguindo o roteiro de um formulário de 1981 sobre costumes morais e de convivência. Trabalha com o resgate de registros verídicos e fotos de arquivos que revelam o relato da pessoa entrevistada. Ele faz uma medida da moral que permeia a vida da cidade.
Ao falar da exposição a diretora afirma que no MAC se faz muita pesquisa, que é o que motiva a produção editada em forma de exposição de arte ou outros eventos. “O trabalho aqui é um processo contínuo e muito agitado”, explica. Para Sérgio Miranda é o objetivo de mostrar isso ao público que gerou o projeto da Revista Contemporânea. “O MAC muito maior do que o que as pessoas veem na parede”, afirma.
O projeto de uma publicação impressa para o MAC com a intenção de ser um espaço de discussão mais profunda sobre arte já é antigo. No entanto, por questões técnicas e financeiras, isso era inviável. Foi aí que surgiu a idéia de se fazer uma revista digital. “Ela é uma revista digital para aproveitar o meio digital, com vídeos, slides, áudio. Usa a linguagem própria que o meio permite”, explica o editor. Para a diretora o meio digital também permite que a publicação seja mais democrática. “A revista quer trazer pessoas do MAC falando do MAC e de coisas lá de fora e pessoas de fora falando sobre o MAC e coisas externas a ele, ou seja, todos falando sobre tudo que interessar a respeito de arte”, explica Sérgio Miranda.

São Paulo em Grafit

São Paulo em Grafit

O projeto que ainda está em sua primeira edição promete evoluir. Segundo o editor, a revista será registrada e montará uma comissão editorial com docentes e outros especialistas na área. A segunda edição está prevista para março, antes da saída de Lisbeth Rebollo Gonçalves da diretoria, mas a revista não tem periodicidade definida já que ainda não se sabe qual será a posição do próximo diretor do MAC a respeito da publicação.
Quem tiver interesse em colaborar com a publicação pode enviar textos para o e-mail mac.cont@usp.br.

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