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“Hoje em dia a gente sabe que muitas doenças, para se manifestarem, têm de ter uma predisposição”, explica a médica Lee Fu-I, supervisora da Psiquiatria Infantil do Hospital das Clínicas. No caso da depressão, não é diferente. Uma criança que tem uma carga genética maior, com histórico do transtorno na família, tem maior chance de desenvolver o quadro da doença.
“A gente sabe cientificamente que a carga genética só é expressa em determinados momentos, determinadas condições ambientais, de vida. Se estiver na guerra, se morar numa favela muito violenta, ou então se aconteceu alguma coisa. Um divórcio dos pais, também, quando é uma coisa longa”, explica a médica.
Segundo ela, é importante identificar os fatores externos que desencadearam a doença. “Em uma criança, a gente começa tentando ver o que ela tem, é muito importante. Além de eu ver que ela está com sintomas de depressão, dependendo da gravidade eu posso decidir ou não entrar com medicação – que inclusive são os medicamentos que se usa no adulto, mas principalmente eu tenho que saber qual é a gravidade disso para que possa intervir ao seu redor.”
Lee explica que com algumas crianças basta conversar, fazer terapia. Se tudo em seu ambiente voltar ao normal e ela aprender a lidar com as mudanças que ocorreram em sua vida, os sintomas podem ser tratados. “Você tem de tornar a condição saudável para a criança para que, uma vez tirado o sintoma, ela consiga voltar a crescer, a se desenvolver. Quanto mais ela aprende da experiência, mais isso volta positivamente como fator de proteção para ela”, explica.
A psiquiatra explica que a carga genética sempre existirá, mas o episódio na infância pode ser tratado de forma a ajudar o paciente a se proteger no futuro: “A questão genética é uma questão que nós falamos que a pessoa simplesmente tem. É como uma alergia, se você tem uma vez, você sabe que pode ter de novo, mas pode cuidar para que não aconteça uma nova crise”. Desse modo, é preciso criar e orientar a criança sobre um mecanismo de proteção, para que ela não seja tão frágil. “Por isso o que a gente defende, e já temos 15 anos de ambulatório, é transformar o fator de risco para que ele seja fator de proteção”, conclui.
De acordo com o coordenador do serviço de Psiquiatria do Hospital Universitário, José Luiz Pacheco, “é priorizado o tratamento em regime extra-hospitalar, que foi um dos principais fatores para a desestigmatização dos transtornos mentais”. No HU, os pacientes são medicados e passam por terapia, sendo que os casos de maior comprometimento são encaminhados para a internação psiquiátrica.
O mais importante, porém, é acompanhar o desenvolvimento dessa crianças e orientar os pais. “Os pais têm de saber o que é a doença que essa criança tem, e nós explicamos o que é. O alívio de um diagnóstico já faz com que os pais voltem a agir de maneira mais normal e a criança tem onde se apoiar. Na escola também é importante ter a consciência do que é essa doença, para que também possa mudar algo e tornar o ambiente melhor para a criança”, explica Lee. Para Pacheco, “a ênfase do atendimento infantil é o acompanhamento e orientação dos pais e ele pode ser feito no Ambulatório de Psiquiatria Infantil no HU”.
Na USP, o diagnóstico e tratamento podem ser buscados no Hospital das Clínicas, no Hospital Universitário, que atende pacientes da comunidade (70%) e tem os 30% remanescentes destinados à rede pública da zona oeste da capital, e na clínica do Instituto de Psicologia.
Serviço
Programa de Atendimento ao Transtorno Afetivo da Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP
Rua Doutor Ovídio Pires de Campos, 785
(11) 3069-6509 (ambulatório)
Hospital Universitário
Av. Professor Lineu Prestes, 2.565
(11) 3091-9449 (agendamento)
O Ambulatório de Psiquiatria Infantil funciona no HU às quartas-feiras, no período da manhã
Clínica Psicológica do IP
Av. Professor Mello Moraes, 1.721, bloco D
(11) 3031-2420 (clínica)