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“Uma estrada de mil léguas começa sempre com o primeiro passo”
Por Mariana Franco
Alguns em implantação, outros já prontos e funcionando, ao todo vinte Centros de Produção Digital (CPDigis) serão instalados nas diferentes unidades da Universidade até 2010. O projeto leva às unidades estruturas básicas com estúdio de gravação, sala de videoconferência, sala de aula inteligente e sala de controle, capazes de gravar aulas, palestras, experiências, produzir materiais pedagógicos, realizar videoconferências e palestras, dentre muitas outras possibilidades. A estrutura estará disponível a qualquer docente que queira se utilizar dos recursos para suas atividades.
Ewout ter Haar, professor da Licenciatura do Instituto de Física (IF), já utiliza a sala de aula inteligente do CPDigi do IF para ministrar suas aulas de Tecnologia do Ensino da Física. Nas aulas, professor e alunos contam com computadores com acesso à internet.
A web aplicada ao ensino torna as aulas não só expositivas, mas também interativas – os alunos criam documentos colaborativos durante as aulas, dispõem de recursos para pesquisa e contextualização do assunto tratado. Terminada a aula, os elementos tecnológicos contribuem para complementar o que foi visto em classe, levando o espaço de discussão e aprendizagem também para fora da sala de aula.
“Uma aula nesses moldes modifica a postura do aluno. Ao invés de ter uma postura passiva, encostado em sua cadeira apenas escutando o que diz o professor, ele toma uma postura ativa, escutando e participando. Ficar ativo durante uma aula é também mais cansativo, mas assim se faz um uso mais eficaz da hora e meia de aula que temos”, explica Haar. “Todos os recursos tecnológicos são implementados no sentido de criar ambientes de aprendizado mais ricos e completos, que complexificam a sala de aula”, acrescenta.
Stela Piconez, professora da Faculdade de Educação especializada em formação de professores e uso de ambientes virtuais apoiados por recursos da internet, salienta que não basta apenas pensar em modos de inserção das tecnologias digitais no espaço pedagógico, mas no seu uso como suportes auxiliares uma vez que a escola tenha um projeto pedagógico bem estruturado.
“A chave não é qual a tecnologia que está disponível na sala de aula, mas como ela é utilizada. Seu valor está diretamente relacionado ao uso que se faz dela. As possibilidades de acesso dos alunos à informação pelo uso da web permitem que eles desenvolvam seus próprios estilos de recuperação, compreensão e organização das informações, explorando ambientes virtuais, gerando questões, colaborando e produzindo conhecimentos que podem ser compartilhados. Isso funciona se o projeto da escola abraça abordagens interacionistas, que têm no aluno o agente mais importante na construção do conhecimento e no professor seu maior aliado.”
Stela alerta também para a complexidade que deve ser considerada ao se tratar de Ensino a Distância. “O que está em jogo na transformação que se tem como expectativa é o reconhecimento de que novas tecnologias não produzem resultados qualificados por elas mesmas. A simples reprodução de palestras ou gravação das aulas não garante que os alunos possam estar efetivamente construindo conhecimentos.”
Quando questionada sobre o que podemos esperar para o futuro da educação, responde que “uma estrada de mil léguas começa sempre com o primeiro passo”. Não há dúvidas de que o mundo da educação está mudando, e que se a Universidade e as escolas não olharem com atenção à integração das tecnologias na função de educação escolar, outras instituições o farão. A professora acredita, porém, que as abordagens apoiadas por recursos tecnológicos não substituirão a educação baseada em sala de aula, que, para a maioria dos alunos, ainda representa o ambiente de aprendizagem mais rico.
Ainda assim, é possível antecipar algumas transformações, tais como inclusão digital de todos os alunos, responsabilidade destes pela própria aprendizagem, mudança do papel do professor para parceiro na aprendizagem e propensão para todos tornarem-se aprendizes por toda a vida.
“Novas definições do que significa produzir conhecimento substituirão os modos tradicionais. Consequentemente, toda concepção de material didático apoiado por tecnologias amplia consideravelmente o desenvolvimento de novas habilidades hipermodais exigidas para o mundo atual. Dá para entender, porém, que as transformações necessitam passar ainda por reflexões, muito estudo e pesquisa. Apenas a transposição das aulas tradicionais para lousas eletrônicas subestima suas potencialidades tecnológicas e não garante que transformações necessárias ao mundo atual possam ser conquistadas”, conclui.
Saiba mais sobre a estrutura dos Centros de Produção Digital e suas possibilidades de uso clicando aqui.