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A doença, que apresenta casos tardiamente diagnosticados, pode ser controlada
Por Amanda Previdelli
O transtorno bipolar é um distúrbio psiquiátrico que afeta cerca de 1% da população mundial em sua forma mais grave. Como em outras doenças afetivas, ele provoca uma mudança drástica na personalidade do indivíduo, que chega a afetar seu convívio social. Uma pessoa com a doença alterna fases de forte depressão (inclusive chegando a alcançar momentos suicidas) com outras de momentos maníacos, de alta e incontrolável euforia. Apesar de não ter cura, o diagnóstico do distúrbio não equivale a uma sentença de morte.
Uma das maiores dificuldades dessa doença é que, apesar de não ser rara, ela não é facilmente diagnosticada. Como não existe nenhum exame que possa detectá-la, o diagnóstico é feito através de avaliação clínica durante entrevista com um psiquiatra. O perigo é que as pessoas com o distúrbio passem grande parte da vida não diagnosticadas ou tendo seus sintomas explicados por causas erradas – “não é rara a confusão entre o transtorno e a depressão clínica ou o uso de drogas” , afirma a psiquiatra Doris Moreno, responsável pelo ambulatório de pesquisa do Grupo de Estudos de doenças Afetivas (Gruda) do Instituto de Psiquiatria no Hospital das Clínicas. Desse modo, é importante saber reconhecer os sintomas característicos e como lidar com alguém que é portador.
Segundo Doris, “o transtorno bipolar não prejudica necessariamente o trabalho, mas sim o relacionamento”. O problema, de acordo com a psiquiatra, é que a irritabilidade da pessoa com o distúrbio pode comprometer seu convívio com outros durante trabalho. Para lidar com os sintomas é preciso ter paciência e compreender os seus sintomas.
Um indivíduo com a doença também tem propensão a ser mais distraído e interpretar a realidade à sua própria maneira. Por isso, é essencial que quem trabalha com ele confirme se tudo o que foi dito foi entendido. Da mesma maneira, a objetividade também é importante, já que não se pode dar margens para muitas interpretações.
Doris Moreno também reitera que os pacientes com o distúrbio tendem a hiper-reagir e são mais sensíveis a álcool, drogas e falta de rotina. Por isso, tem de haver um cuidado com as “noitadas” depois do trabalho e no próprio horário de expediente, pois essa pessoa precisa de uma certa regra de cotidiano: “São pessoas que não podem, por exemplo, dar plantão”, conta a psiquiatra.
Uma maneira importante de se ajudar o colega com transtorno bipolar é reparar nas possíveis mudanças de comportamento de um paciente em tratamento. “O transtorno é uma doença crônica. Ela não tem cura, mas pode ser tratada com medicamento e mudanças de hábito ajudam a controlar os sintomas”, afirma Doris. Entretanto, a doutora explica que não é raro o paciente acreditar que já está “curado” e deixar de tomar o remédio. O tratamento é assunto bastante delicado com quem tem o distúrbio, e muitos pacientes têm dificuldade de ouvir sugestões e críticas de seus próprios familiares. “Nesses casos, pode haver no ambiente de trabalho uma certa pressão para o empregado tomar remédio, manter um sono regular e uma certa rotina”, completa a psiquiatra.
O diagnóstico do transtorno bipolar muda a vida de uma pessoa. Por um lado, ela passa a receber o medicamento que vai controlar seus sintomas e permitir que ela conviva normalmente em um ambiente social. Entretanto, o paciente precisa se adaptar com um novo estilo de vida e, para isso, precisa de um sistema de apoio não só familiar como também em seu trabalho.
Serviço
Gruda – Grupo de Estudos de Doenças Afetivas
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP
(11) 3069-6648
seg, 29 de junho
dom, 28 de junho
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sáb, 27 de junho
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sex, 26 de junho
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