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Crianças também podem ser afetadas pelo transtorno bipolar

Embora pouco se fale sobre a doença em jovens, o diagnóstico e tratamento já são feitos em crianças

Por Amanda Previdelli

Até pouco tempo não se falava em distúrbio bipolar em crianças. Estudos recentes, porém, afirmam que é possível diagnosticar essa doença em pessoas de quase todas as idades. No caso de jovens, a chance de eles terem o transtorno aumenta em dez vezes se seus pais forem diagnosticados.

Para chegar ao diagnóstico de uma criança, é feita avaliação clínica com um psiquiatra – mesmo modo de diagnosticar um adulto. É importante, tanto para os pais quanto para os médicos, notar o momento de depressão clínica e saber diferenciar períodos normais de alegria e entusiasmo dos sintomas mais drásticos da doença. “Para isso, afirma a psiquiatra Sheila Cavalcante Caetano, do Programa de Transtorno Bipolar da Faculdade de Medicina, procura-se ver algo que atrapalhe o condicionamento e o convívio social dessa criança.”

Uma criança que tenha o distúrbio interrompe a aula frequentemente, tem um prejuízo na escola, é mais impulsiva e passa por mudanças bruscas entre depressão e energia. “Os sintomas atrapalham o próprio relacionamento com os pais. Ela se isola do convívio com a família ou se torna tão eufórica que não deixa os pais dormirem”, conta Sheila.

O projeto Estudo genético do sistema dopaminérgico em famílias de crianças com transtorno do humor bipolar está sendo desenvolvido atualmente pelos pesquisadores do Programa de Transtorno Bipolar. Os médicos irão colher amostras de sangue dos pais para realizar uma avaliação genética. A partir dessa avaliação, a psiquiatra espera entender quais genes estão ligados ao aparecimento do distúrbio nos filhos.

A psiquiatra Sheila Cavalcante

A psiquiatra Sheila Cavalcante

Ela explica, porém, que há um fator ambiental no aparecimento da doença, já que muitos dos afetados sofreram traumas quando pequenos. “É difícil identificar quanto é genético e quanto é ambiental. Mesmo porque uma criança que cresce com os pais tendo o transtorno, principalmente se ele não foi diagnosticado, passa por um lar mais desorganizado”, conta. Sheila também diz que é muito comum os sintomas serem desencadeados pelo uso de drogas, o que dificulta o diagnóstico.

O tratamento para crianças com transtorno bipolar começou a passar por uma padronização apenas recentemente. Como pouco se sabe sobre o desenvolvimento da doença no período da infância, assim que diagnosticada ela recebe o medicamento. Depois de cerca de dois anos, quando ela volta a ter o convívio social normalizado, deixa de tomar remédios.

Entretanto, uma vez diagnosticada, terá de ser sempre monitorada, mesmo depois de parar a medicação. A criança precisará mais do que nunca de um lar equilibrado e de um maior tempo de lazer com a família. Também é importante monitorar seus sintomas e informar seu professor do diagnóstico. “Tem de explicar para o professor o que a criança tem, porque ela tem uma capacidade de aprendizado normal, mas precisa de orientação”, conclui a psiquiatra Sheila Cavalcante.

Serviço

O Hospital das Clínicas está com triagem aberta para crianças. Mais informações, ligar para (11) 3069-7928.

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