Seminário organizado pelo Centro de Preservação Cultural da USP debate a questão do reconhecimento dos bens culturais Na próxima semana, nos dias 26, 27 e 28 de maio, o Centro de Preservação Cultural (CPC) da USP, instalado na Casa...
Por Marcia Scapaticio
Projeto idealizado pela Cocesp trabalha de modo inovador o combate à dengue
No verão é comum aparecerem campanhas alertando sobre o combate ao mosquito da dengue. Porém, é importante lembrar que mais do que campanhas sazonais e momentâneas, o modo mais adequado de enfrentar o mosquito são ações de caráter permanente.
Esse é o pensamento que norteia as ações do projeto piloto Meu Ambiente de prevenção à dengue, idealizado pela Coordenadoria do Campus da Capital (Cocesp) e desenvolvido em parceria com a Faculdade de Saúde Pública (FSP), com a Secretaria de Saúde, com o Instituto de Pesquisa do Sujeito Coletivo e do Laboratório de Cartografia e do Departamento de Geografia da FFLCH.
Hamilcar José Ferreira de Miranda, assistente técnico de direção da Coordenadoria, explica que o trabalho começou em 2001, com varreduras anuais no campus do Butantã. “Em 2007 fizemos uma reunião, chamando os representantes das unidades para discutir o projeto, mas quando marcamos o retorno para averiguar a situação em cada área o número de pessoas presentes foi pequeno.” Tal situação mostrou que era necessário sensibilizar a comunidade universitária para o problema. A partir desse momento, foi feito o contato com o professor Fernando Lefèvre, da FSP, e atual coordenador do projeto.
Lefèvre destaca que a dengue é tratada de forma convencional, e que essa postura tem de ser mudada. “Nós precisamos alterar o modo como as campanhas são feitas, pois não está dando certo e a prova disso é que não houve controle da epidemia. Nosso trabalho tem o objetivo de apresentar uma proposta diferente, que envolva uma atividade educativa permanente, com o sentido de prevenção”, completa.
Dados da Cocesp apontam que, entre dezembro de 2009 e fevereiro de 2010, cinco mosquitos foram encontrados nas armadilhas deixadas em lugares específicos do campus.
Miranda afirma que os eixos do projeto são a “informação e a comunicação, no sentido de disponibilizar informações claras e objetivas, fato que provocaria o estágio da conscientização nos frequentadores do campus”.
A experiência em estudos de saúde mostrou a Lefèvre a necessidade de mudança na mentalidade do cidadão, “que deve ser feita sem a obrigação moral, que por vezes é enfatizada nas campanhas tradicionais”. O diferencial da iniciativa é a formação de uma trinca: a realização de um trabalho integrado, associado a uma atitude participativa e de caráter público. O componente da divulgação de informação é enfatizado pelo professor como um ponto-chave, para que a pessoa se veja como parte do meio ambiente. “Através dos cartazes e da divulgação buscamos mensagens que associem a pessoa à ideia de ser o próprio ambiente e não algo exterior a ele. Todos somos o ambiente e o mosquito está incluído nele”, explica.
Lefèvre e Miranda concordam que essa consciência é importante para que resultados positivos apareçam. “Ninguém irá controlar uma dengue teórica, neste caso é preciso que o funcionário saiba onde estão os focos de proliferação. Você precisa saber o que está acontecendo na sua frente e cada um irá cuidar do seu Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue)”, ressalta Lefèvre.
Essa atitude vem se disseminado e alguns funcionários entram em contato quando veem um mosquito suspeito. “Não são apenas ações formais que dão resultado, mas a atitude dos funcionários atentos, que acham um criadouro do mosquito e nos avisam, é um bom reflexo dessa educação ambiental”, confirma Miranda.
Tal aproximação entre a pessoa e seu ambiente também conta com o auxílio da tecnologia. O Laboratório de Cartografia, do Departamento de Geografia da FFLCH, mapeia a Cidade Universitária, apontando os locais onde foram encontrados mosquitos transmissores da dengue. “Essa ação tem impacto direto para que todos percebam esse problema como um inimigo real e não algo distante”, reforça Lefèvre.
A intenção da Cocesp é criar um núcleo de saúde pública para o campus. “A atividade continuada permite que o esquecimento não aconteça e outros problemas podem ser resolvidos por meio da disseminação de informação”, conclui Miranda. O projeto ainda disponibiliza treinamentos presenciais e on-line, oferecidos não só no Butantã, mas aos funcionários dos outros campi da USP, o que proporcionará a sua expansão, pois ainda funciona em caráter experimental no campus da capital. No mês de junho os treinamentos continuam.
Serviço:
Projeto Meu Ambiente de Combate à Dengue
Site: www.usp.br/cocesp
Contato: meuambiente@usp.br