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A ficção científica Melancolia, último trabalho de Lars von Trier, lançado em Cannes causando muita polêmica
Por Claudia Costa
Sem dúvida, o artista dinamarquês que conquistou maior repercussão internacional ganha retrospectiva na Sala Cinemateca. Ao longo de seus 30 anos de carreira, Lars von Trier vem explorando as possibilidades expressivas e narrativas do cinema com uma série de obras absolutamente únicas e desafiantes. Sua estreia profissional no cinema aconteceu em 1984 com o longa Elemento de um Crime, thriller policial neo-noir, altamente estilizado, filmado num expressivo sépia e situado em futuro indefinido (muito bem recebido em Cannes). O filme inaugurou a trilogia que se completaria com Epidemia e Europa. Mas a consagração viria no início da década de 90, com a minissérie televisiva O Reino (exibida na íntegra), o melodrama Ondas do Destino e o filme Os Idiotas, o segundo realizado sob os princípios do Dogma 95, manifesto que propunha a criação de um cinema despido de artifícios como tripé, iluminação artificial e trilha sonora incidental. A partir daí todos os seus filmes chamaram atenção do público e da mídia: do aclamado e inovador Dançando no Escuro ao perturbador Anticristo, passando por filmes sem cenografia, Dogville e Manderlay, além da corrosiva comédia O Grande Chefe e seu último trabalho, a ficção-científica apocalíptica Melancolia, lançado em Cannes causando polêmica por suas declarações infelizes, em que dizia ser compreensivo em relação a Hitler e ao nazismo – e que resultaram em seu banimento perpétuo do festival. Tudo na mostra exibida pela Cinemateca, em parceria com a Embaixada da Dinamarca no Brasil e com o Danish Film Institute, e com o apoio do Laboratório de Investigação e Crítica Audiovisual (Laica) do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA/USP. A seleção ainda inclui os curtas Cada um com seu Cinema, projeto coletivo em comemoração aos 60 anos do Festival de Cannes, e Dimension, fruto de um ambicioso projeto não concluído do diretor, que tomaria 33 anos para ser finalizado; e três documentários: Tranceformer, um perfil biográfico do cineasta, The Humiliated, espécie de making of de Os Idiotas, e The Purified, centrado nos cineastas do movimento Dogma 95. A retrospectiva fica em cartaz até 20 de outubro, na Cinemateca (Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana, tel. 3512-6111, ramal 215). Ingressos: R$ 8,00, com meia-entrada. Programação completa em www.cinemateca.gov.br.