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Reconhecimento pela vida acadêmica

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Um cardápio gordo em casa e na TV

 

Raphael Martins

Lázaro Valentin Zuquette


Professor de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos foi premiado na edição de 2011 do Prêmio Jovem Cientista, como reconhecimento por seu trabalho de ensino e pesquisa


Em meados de outubro de 2011, Lázaro Valentin Zuquette recebe uma ligação-surpresa da presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O assunto seria a indicação do professor de Geotecnia da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) à Menção Honrosa do Prêmio Jovem Cientista daquele ano.

Lázaro Zuquette recebe o prêmio das mãos da presidente Dilma Rousseff

Esta é a principal categoria da premiação, um importante reconhecimento pela atividade acadêmica de um professor e pesquisador do CNPq, de caráter indicativo. É montada uma banca, que analisa o trabalho de vários docentes e escolhe o merecedor dessa prestigiosa homenagem da comunidade acadêmica, considerando diversos fatores de seu trabalho, como o número de pessoas que orientou e sua contribuição na área de atuação.

Em 2011, Zuquette foi o escolhido. Modesto, ele destaca sua sensação ao saber da premiação: “É muito legal pelo fato de não ser uma inscrição que eu ou outra pessoa tenha feito. Meu nome surgiu de um grupo que me indicou”. Zuquette não nega a satisfação pessoal, mas sem esquecer que grande parte do sucesso se deve ao trabalho em conjunto: “É um reconhecimento de um período de trabalho da vida da gente. Fomos premiados pelo que desenvolvemos, pela formação de estudantes, pela nossa atividade em pesquisa, tudo isso é importante. Pessoalmente, me senti muito grato por essa indicação, mas também é muito positivo para a escola, para a Universidade de São Paulo, para o Departamento de Geotecnia, para os meus orientados, pois é um reconhecimento para todos”, diz o professor.

O Prêmio Jovem Cientista é dividido, ainda, em outras cinco categorias, três relacionadas a trabalhos acadêmicos de estudantes – de nível técnico, universitário e pós-graduação – e outras duas que homenageiam instituições, uma de nível médio (escola) e uma universitária. O tema de 2011 foi “Cidades Sustentáveis”.

Foto de um dos trabalhos de campo na Tanzânia (África) em 2008

Cerca de dois meses depois da ligação do CNPq, no dia 6 de dezembro, Zuquette recebeu a premiação das mãos da presidente da República, Dilma Rousseff, em evento realizado no Palácio do Planalto.

O professor da EESC entra, assim, para um seleto grupo de acadêmicos que possuem um dos maiores títulos de reconhecimento dado a docentes e pesquisadores do País. Quando questionado sobre o que ainda o motivava a ser professor, Zuquette destaca os mesmos pontos que o levaram, lá no início, à carreira acadêmica: “Quem faz pesquisa, sempre tem a possibilidade de fazer algo novo. E a gente sempre convive com pessoas bem mais novas, sempre há a possibilidade de conviver com esse espírito e ideias dos jovens. Trabalha-se muito, então a pessoa tem que gostar da atividade de um professor universitário”.

Lázaro Valentin Zuquette nasceu no dia 29 de fevereiro de 1956, no distrito de Lusitânia, município de Jaboticabal, interior de São Paulo.

Filho de agricultores e morador de área rural, já no ginásio passou a estudar no município de Pitangueiras. “Eu morava numa fazenda a 8 km de Ibitiúva, eu ia até lá, pegava um trem e ia para Pitangueiras. Todos os dias, ida e volta, até finalizar o que hoje é o ensino fundamental.”

Em 1971, ingressou na Escola Técnica Agrícola de Vera Cruz, cidade próximo a Marília, depois de prestar concurso de admissão, como era comum na época. Cursava o chamado ensino científico durante as manhãs, que consistia na grade curricular comum de qualquer escola, e, no período vespertino, frequentava o ensino técnico, especializado no aprendizado de técnicas agrícolas.

Mais um trabalho de campo, utilizando um simulador de chuva (2007)

Foi desse ambiente de vida e estudo de Lázaro Zuquette que despontou o interesse pela geologia: “Foi por viver na área rural. Eu trabalhava com solo, tinha contato com rochas. [Onde vivia] Uns faziam agronomia, outros iam fazer alguma engenharia ou, como é o meu caso, geologia. Isso foi decidido muito cedo. Tinha uns 13 ou 14 anos e já sabia o que queria fazer”.

Em 1973, no último ano do colégio, prestou vestibular para Geologia. Aprovado, escolheu a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), onde cursou Geologia entre 1974 e 1978.

Além do curso da UFRRJ, a escolha pelo Rio de Janeiro foi bem pensada: “Era um desafio. O Rio chamava a atenção da gente. Culturalmente, poderia provocar uma diferença, um ganho. No Rio, tinham duas escolas fortes de geologia, o que também propiciava um intercâmbio de conhecimento e pontos de vista”.

E para o jovem que vinha do interior, a ida para uma metrópole provocou uma verdadeira mudança de vida, abrindo uma nova fase de aprendizado para Zuquette: “Estudei em Vera Cruz e passei por Marília, uma cidade com população bem razoável, mas é óbvio que foram um choque o tamanho e as condições do Rio de Janeiro. Tinha tudo: estudo, boas condições de aprendizado cultural, possibilidades de aprender e trabalhar, tinha a vida social… Era uma vida totalmente diferente”.

Durante a faculdade, Zuquette dava aula em cursinho e foi monitor de diversas disciplinas da sua área de estudo. Durante a época de monitoria, entrou em contato com o trabalho de pesquisa. Todos esses processos acabaram direcionando sua vida para a carreira acadêmica.

A pós-graduação em Geotecnia, assim como era de seu desejo, só existia na EESC. No último ano da faculdade, prestou e passou no concurso para mestrado em São Carlos. Simultaneamente, logo após concluir a graduação, foi contratado como professor da UFRRJ. Nessa etapa de sua vida, o costume com o grande e constante deslocamento da época de colégio se fez útil. “Viajava toda quinta à noite de São Carlos para o Rio, para dar aulas às sextas, durante o dia inteiro, e voltava no sábado. Cansava, mas dava pra fazer. Um acabava motivando o outro. Eram meios, atividades e lugares diferentes e era o mecanismo para alavancar a carreira, então uma coisa estava diretamente relacionada à outra. A carreira acadêmica vive dessa combinação”.

Lázaro e Glaucius Oliva, presidente do CNPq. O vencedor da Menção Honrosa recebe um cheque de R$ 20 mil

Zuquette foi professor na UFRRJ até 1980, quando trocou o Rio de Janeiro por Mato Grosso. Trabalhou na Universidade Federal de Mato Grosso entre 1980 e 1987, mantendo suas migrações semanais para estudar, pois entre 1984 e o começo de 1987 fez doutorado, também em São Carlos.

A partir de 1987, passou a trabalhar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto, no Departamento de Geologia, Matemática e Física. Na metade de 1995, prestou concurso para docente da EESC, onde está até hoje. Zuquette mora fixamente em São Carlos, é casado e tem uma filha. Como professor, leciona na graduação, na pós e orienta atividades de pesquisa e extensão: “É gratificante trabalhar aqui porque eu estou em São Carlos desde 1978. Convivo com a Escola de Engenharia de São Carlos desde essa época, então, para mim, é como uma segunda casa. Sempre tive uma ligação muito grande com a escola”.

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