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Laços que não se rompem com o tempo

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Violências emanam de mais de uma fonte

 

Por Ana Luiza Tieghi

Já aposentado, Teixeira continua presente na USP. “É um laço muito forte”, afirma  Foto Francisco EmioloDurante quase quatro décadas, Teixeira ajudou a Universidade a gerir seus recursos financeiros e humanos

Por Ana Luiza Tieghi

 

A USP completou em janeiro deste ano 80 anos de sua fundação. Durante todas essas décadas, milhares de trabalhadores fizeram parte do dia a dia da instituição e acompanharam suas mudanças. Segundo o Anuário Estatístico da Universidade, com números referentes a 2012, há atualmente 16.837 funcionários técnico-administrativos. São milhares de pessoas que tiram seu sustento da Universidade e fazem com que ela funcione e obtenha cada vez mais sucesso.

Luiz Antônio Teixeira foi um dentre os quase 17 mil funcionários da USP, e agora está aposentado. Ex-diretor de finanças da Reitoria, Teixeira dedicou décadas de sua vida ao trabalho na Universidade e foi peça-chave para o seu crescimento.

Paulistano, nasceu no bairro de Vila Clementino em 1943 e morou em diversas partes da cidade, como Ipiranga, Aclimação, Jabaquara e Butantã, sua atual residência. Teixeira é formado em Economia e Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas do Estado de São Paulo (Facesp/Fecap), mas afirma não ter planejado seguir essa formação. “À época eu era bancário e estas eram profissões valorizadas naquele segmento”, explica, o que contribuiu para que seguisse na área financeira.

O ex-diretor de finanças da Reitoria veio parar por acaso na Universidade. Teixeira fazia estágio na Secretaria de Economia e Planejamento da Prefeitura de São Paulo e, ao terminar seu contrato, recebeu uma indicação para trabalhar na USP. “Vou ficar só uns dois meses”, pensou, pois a distância de sua então moradia, no bairro do Jabaquara, até a Cidade Universitária era grande. “No fim, fiquei quase 40 anos”, complementa. Teixeira entrou para o time de funcionários da Universidade em 1976.

É impossível trabalhar por tanto tempo em um mesmo local e não desenvolver com ele uma ligação especial. Foi assim com Teixeira, que afirma ser triste deixar a Universidade. “Eu fiquei aqui esse tempo todo, você aprende a gostar mesmo”, conta. Durante todos os anos que passou na USP, ele colecionou amigos pelos diversos campi. “Muita gente me conhece, mesmo aqui no bairro”, e brinca que precisa andar com o braço levantado quando visita a Cidade Universitária, pois sempre encontra conhecidos por onde passa. “É um laço muito forte”, explica.

Teixeira trabalhou durante na USP durante quase 40 anos

Teixeira trabalhou durante na USP durante quase 40 anos

Mudanças

Teixeira presenciou muitas modificações na administração da USP e nos seus sistemas operacionais. Hoje em dia é difícil imaginar a Universidade funcionando sem os seus sistemas de informática, com todos os processos correndo apenas em papel. “Quando eu entrei aqui era tudo manual”, conta. Além das diferenças nos instrumentos de trabalho, a própria situação da USP era distinta da atual. “Ela não tinha essa autonomia de repasse automático de recursos, que depois ganhou”, afirma. A autonomia referida por Teixeira só veio a acontecer em 1989. “Antes você tinha que ir de chapéu na mão pedir dinheiro para o governo, eu fiz isso”, relembra. O ex-diretor de finanças da Reitoria afirma ter até mesmo assinado empréstimos para a USP, uma atribuição de seu cargo no Departamento Financeiro.

Teixeira ajudou na implantação do Sistema Mercúrio e comenta que a transição do manual para o sistema informatizado foi um período difícil. Segundo ele, era complexo conciliar as necessidades e a linguagem do Departamento Financeiro com os recursos e códigos dos funcionários de tecnologia de informação. “Você explicava como queria algo e às vezes não saía do jeito que tinha pensado, porque as linguagens são muito diferentes”, conta.

Teixeira afirma que o sistema começou de forma simples, com funções básicas, mas que hoje se tornou complexo e mais completo. “Várias atualizações foram feitas, tanto na área técnica quanto na financeira.” Agora os funcionários, mesmo os que estão na Universidade desde o tempo da implantação do sistema, já estão acostumados com suas funcionalidades e gerenciá-lo se tornou mais fácil. “Mas no começo a gente apanhava”, recorda.

Teixeira não tem dúvidas de que a implantação do Sistema Mercúrio beneficiou o trabalho administrativo. Atualmente, com a renovação natural do quadro de funcionários, conta que existem mais pessoas novas, que sabem lidar com o sistema e conseguem pensar em inovações para melhorá-lo cada vez mais. “Deixa com eles que vai.”

Gefim

Teixeira tem papel de destaque no Gefim, sigla que significa Gestão Financeira e de Materiais. São encontros realizados a cada dois anos com a intenção de promover a integração entre os funcionários de finanças, contabilidade e os que trabalham com a compra de materiais para a Universidade. O encontro, que teve sua nona edição em julho de 2013, começou com uma comissão em 1996. A partir dela, conseguiram organizar o primeiro Gefim no ano seguinte. O ex-diretor do departamento de finanças da Reitoria participou da organização de todas as edições já realizadas.

O evento sempre acontece no campus de Pirassununga da USP, tanto por questões econômicas, já que os participantes podem usufruir da estrutura da Universidade, com alimentação e acomodações, quanto estratégicas. “Neste tipo de evento nós temos a intenção de confinar as pessoas”, esclarece, pois é preciso manter todos os participantes focados no encontro, que tem duração de três dias para cada uma das quatro turmas atendidas.

Teixeira em participação no 6º Encontro Gefim, que aconteceu em 2007

Teixeira em participação no 6º Encontro Gefim, que aconteceu em 2007

A cada edição, o Gefim reúne cerca de 800 funcionários da Universidade. “É muito trabalho”, afirma Teixeira. Com foco em finanças e materiais, são apresentadas palestras que possibilitam a troca de experiência e atualizações entre os trabalhadores dos diversos campi da USP e até mesmo da Unicamp, que costuma enviar cerca de 30 funcionários para o evento. “Isso enriquece bastante”, conta. Funcionários da Unesp também foram convidados, mas Teixeira explica que para eles é mais difícil participar, devido à abrangência territorial da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, que está presente em 24 municípios de São Paulo. “Tem que ter uma logística grande.”

Durante o mês de realização do encontro, Teixeira viaja toda semana para Pirassununga, onde passa os primeiros três dias da semana no evento. Mesmo sendo cansativo, afirma que continua participando das reuniões de organização e que, enquanto tiver condições, irá participar dos futuros encontros.

Vida de aposentado 

Apesar de aposentado, Teixeira continua participando da vida universitária. “Tenho feito uma espécie de consultoria”, conta. Ele auxilia projetos que precisem de verbas a conseguir os recursos necessários junto à Secretaria da Fazenda, pela experiência adquirida nestes anos. Mas explica que faz apenas alguns serviços, já que o Departamento de Finanças e a administração da Universidade possuem pessoal qualificado e em quantidade certa para resolver os problemas. “Quando tem algum caso bem específico, eles me chamam para ajudar.” Além de auxiliar o andamento de projetos da Universidade, as consultorias são uma forma de ocupar o tempo, pois como ele mesmo afirma, “não dá para ficar em casa sem fazer nada”. Teixeira também aderiu aos exercícios físicos agora que está aposentado, pratica hidroginástica todas as semanas.

A relação do ex-diretor de finanças da Reitoria com a USP foi transmitida para sua família. Dois de seus três filhos trabalham na Universidade. “O mais velho está em Londres, mas acho que não volta mais”, conta. Um de seus filhos trabalha também na área financeira da USP, enquanto sua filha é funcionária de marketing. “Acabou que todos se envolveram com a Universidade”, explica. Como tiveram que se mudar para o Butantã, os filhos aproveitaram para prestar concursos na USP e ingressar na instituição que acolheu seu pai durante tantas décadas.

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