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Duas exposições estreiam piso do novo prédio do Museu de Arte Contemporânea

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Crianças e a hipertensão

 

Por Giovanna Gheller
Com um prédio principal e um anexo, nova sede do MAC ganha mais espaço para abrigar obras e receber público

Com um prédio principal e um anexo, nova sede do MAC ganha mais espaço para abrigar obras e receber público

Com parte do acervo transferida para a sede do antigo Detran, o MAC USP ganha espaço para se desenvolver nas áreas de ensino e pesquisa

 

Neste mês, no dia 30, duas exposições irão inaugurar o quinto andar do prédio principal da nova sede do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC).

Como destaque, a mostra “Classicismo, Realismo, Vanguarda: Pintura Italiana no Entreguerras”, que está, desde março, na Cidade Universitária apresentando algumas das obras italianas trazidas para a criação do Museu de Arte Moderna-MAM entre 1946 e 1947.

O pintor italiano Giorgio Morandi compõe a exposição “Classicismo, Realismo, Vanguarda: Pintura Italiana no Entreguerras”

Para a curadora e docente do MAC, Ana Gonçalves Magalhães, as pinturas “constituem uma das mais importantes coleções de arte moderna italiana fora da Itália”, e contam a história da produção nesse país durante a primeira metade do século 20. Segundo Ana, “elas nos revelaram outra faceta do Modernismo europeu, cuja experiência até então era muito focada no período vanguardista e no contexto da Escola de Paris”. A curadora acredita que “a exposição fornece algumas pistas para compreender o que estava em jogo quando se falava de arte moderna, dentro do contexto paulista, no momento da criação das nossas instituições de arte moderna”.

É apresentado um panorama desse período na Itália, entre 1920 e 1940, no qual predominava uma arte figurativa com noções embasadas em realismo e em diálogo com a tradição clássica e que, por fim, foi promovida pelo regime fascista, que queria fazer sua propaganda no exterior por meio da constituição de um sistema de arte. No caso de São Paulo, valores como esses poderiam ser encontrados no estilo de artistas de origem italiana, como, por exemplo, Alfredo Volpi, cujas obras estarão disponíveis ao público na ala menor do mesmo piso. Para esta exibição, o curador convidado pelo museu é o artista plástico e professor da Escola de Comunicações e Artes Paulo Pasta.

 

A nova sede do Museu de Arte Contemporânea

Retrato de Adriana, de Afro Basaldella, também faz parte do conjunto de pinturas italianas

Retrato de Adriana, de Afro Basaldella, também faz parte do conjunto de pinturas italianas

O MAC, na Universidade de São Paulo há 50 anos, vem transferindo desde o começo de 2012 parte de seu acervo para o antigo prédio do Detran, um complexo arquitetônico próximo ao Parque do Ibirapuera idealizado por Oscar Niemeyer. A reforma do edifício passou por alguns entraves desde a época de seu planejamento, mas a causa mais recente de atraso foi a licitação do sistema de segurança do prédio, feita pela Secretaria de Estado da Cultura e aprovada somente em março. Essa medida de proteção já está sendo executada, e inclui a instalação de equipamentos como catracas, chips em obras, câmeras de segurança e linhas de aproximação.

A proposta, segundo o diretor do museu, Tadeu Chiarelli, foi de uma ocupação espacial gradativa, sem fazer uma grande inauguração. “Esta decisão foi tomada porque nós entendemos que, implantando paulatinamente o acervo no novo espaço, o público poderia acompanhar a transferência exatamente como ela se configura: um processo árduo, que requer muito trabalho, muita pesquisa. É importante que o público entenda que a implantação de um acervo artístico pertencente a uma universidade pública não é um mero espetáculo, uma exposição apoteótica que ganha manchetes no dia da inauguração para acabar depois de um, dois meses. A implantação de um museu como o MAC em um edifício como aquele é um processo que envolve uma série de profissionais visando a proporcionar uma experiência artístico-cultural de longa duração”, diz.

A ocupação gradual também é um fator ligado à segurança. Para o diretor, além da necessidade de um período para que o público fosse se familiarizando com o novo espaço – o que também “deu o tempo necessário para que a Secretaria de Estado da Cultura finalizasse com alguma tranquilidade os andares que ainda precisavam ser finalizados” –,deveria haver um intervalo de conhecimento e adaptação do prédio, em que seria analisada sua estabilidade e como toda a estrutura se comporta nele. Além do mais, há, ainda, uma expectativa de integração deste complexo com o Parque do Ibirapuera, o que faz o sistema de segurança ainda mais necessário, uma vez que é esperado grande aumento de público, que já vem crescendo significativamente desde fevereiro.

As obras incorporadas recentemente ao acervo estão em “MAC 50: Doações Recentes 2”, que inaugurou o mezanino do novo prédio em fevereiro

As obras incorporadas recentemente ao acervo estão em “MAC 50: Doações Recentes 2”, que inaugurou o mezanino do novo prédio em fevereiro

Segundo Chiarelli, esse pedaço do museu na cidade será uma forma de aumentar a visibilidade da representação universitária no campo da cultura: “Esta sede nova, um edifício com forte lastro arquitetônico e histórico, colocará o acervo mais perto da população, tornando-o ainda mais atraente”.

O MAC já nasceu no Ibirapuera, em 1963, em um pavilhão da Bienal dentro do parque, e nunca deixou de realizar exposições lá. A diferença é que agora, com instalações no antigo prédio do Detran, o braço do MAC na USP acaba tendo mais espaço e estrutura para desenvolver e focar“em atividades ligadas à docência e à pesquisa, além de trabalhos com artistas convidados”, como relata o diretor.

Nesse espaço já há uma biblioteca muito importante para os pesquisadores e para os estudantes da área, portanto, deslocar todo seu acervo documental para um prédio novo e fora do campus seria basicamente inviável para seu público-alvo, o que aconteceria da mesma forma com quase uma dezena de disciplinas optativas ministradas no local. Embora, também, não tenha seu próprio programa de pós-graduação, os docentes do museu participam de dois programas interunidades, um de Museologia e outro de Estética e História da Arte, este abrigado no MAC USP, onde o atual espaço para a apresentação de aulas é bastante adaptado. Uma das consequências disto, por exemplo, é que nem todas as disciplinas podem ser lecionadas todo semestre por falta de espaço. Diante dessa situação, a sede na Universidade será não somente mantida como transformada para que melhor atenda a esses aspectos de ensino e pesquisa propostos pela instituição.

O mezanino, que hoje abriga exposições, será futuramente um espaço comercial

Para o novo prédio será levado tudo o que a Universidade oferece de excelência. Irá para lá a maior parte das exposições do acervo, que são resultados das pesquisas realizadas por seus docentes, por seus bolsistas, e são, portanto, atividades da Universidade atuando como a terceira parte do tripé, a extensão. É uma forma de levar até a comunidade os resultados da produção acadêmica. À parte a característica de servir como um local de lazer, a nova sede será uma possibilidade de maior acesso a um patrimônio que é público, também pela localização, mas, principalmente, pela quantidade de obras que estarão expostas ao mesmo tempo, bem como pela duração das exposições. A intenção não é criar espaços distintos e delimitados para atividades específicas, mas sim melhor equipá-los para que estas atividades sejam desenvolvidas com maior eficácia.

 

Por dentro do MAC

O maior espaço do novo prédio traz a possibilidade de abrigar mais obras e também mais pessoas. Um de seus andares já é suficiente para superar em tamanho de exposição o espaço que se tem atualmente no prédio localizado na Cidade Universitária.

Algumas das exposições passadas e em curso na fachada do museu

Algumas das exposições passadas e em curso na fachada do museu

A nova sede é composta por um prédio principal, de oito andares, e um anexo, de dois. No maior, seis dos oito pisos estão destinados a exposições. Os planos são ter um restaurante no oitavo andar e, no mezanino, um café, uma lojinha e uma livraria. O primeiro andar será destinado somente à administração e ao auditório.

Por enquanto, o térreo, o mezanino, o sexto e o sétimo andar estão ocupados com exposições, além dos outros dois do prédio anexo. O quinto andar será inaugurado no próximo dia 30. Os andares restantes estão estruturalmente prontos, mas encontram-se vazios. Falta equipá-los com instrumentos como painéis, sinalização e iluminação específica.

Cada andar do edifício principal é divido em duas alas, uma para uma exposição menor e outra para uma em destaque. O segundo andar, em especial, é diferenciado: possui uma configuração para exposições multimídias, com o piso elevado para que seja passado todo o cabeamento necessário por baixo. Na ala maior dos sétimo, sexto, quinto e quarto andares ocorrerão exposições do acervo de longa duração, o que abrange um período entre um ano e um ano e meio. As demais irão abrigar exposições do acervo ou ligadas direta ou indiretamente a ele com duração aproximada de seis meses. O diretor acredita que “tais períodos permitirão que o público tenha condições de visitar mais vezes a mesma exposição, possibilitando também que o museu desenvolva séries de atividades relativas a uma mesma exposição”.

 

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