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Dezenas de profissionais de saúde voluntários, toneladas de equipamentos, envolvimento de estruturas locais na triagem e no atendimento: é a complexa preparação de mais uma viagem dos Expedicionários da Saúde, que de 15 a 23 de novembro vão atender a população indígena macuxi na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Não se trata de uma ação para consultas simples ou mera distribuição de medicamentos: os Expedicionários montam um moderno centro cirúrgico móvel, composto por três tendas destinadas a cirurgias e três para outros procedimentos e atendimentos nas especialidades de oftalmologia, ginecologia e odontologia.
O Centro Cirúrgico possui equipamentos de última geração, forração térmica e aparelhos de ar-condicionado. Toda a energia consumida pelos equipamentos é fornecida por oito grupos geradores, também levados pelos voluntários. “Temos uma organização bem qualificada e com uma expertise que inexiste no Brasil”, diz o ortopedista de Campinas Ricardo Affonso Ferreira, diretor executivo e um dos fundadores dos Expedicionários da Saúde.
Parcerias
A organização teve origem nas viagens que um grupo de amigos, em sua maioria médicos, realizava por vários lugares do Brasil. Em 2002, ao visitar o Pico da Neblina, no Amazonas, o grupo teve contato com uma aldeia yanomami. O confronto com uma realidade tão diferente daquela em que viviam motivou os amigos a mudar o foco das viagens e procurar criar uma iniciativa que favorecesse a população indígena amazônica.
Um dos primeiros passos foi conversar com as instituições de atendimento à saúde na região para entender como elas atuavam e assim planejar ações que as envolvessem. Em 2003 foi oficialmente estruturada a Associação Expedicionários da Saúde, que desde então leva medicina especializada, principalmente atendimento cirúrgico, a regiões isoladas, beneficiando populações indígenas e ribeirinhas.
Parcerias com empresas públicas e privadas, doações e trabalho voluntário de profissionais de diferentes áreas têm permitido que os Expedicionários – associação constituída como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) – realizem as ações. Uma parceria fundamental é com a Força Aérea Brasileira (FAB), já que se trata de transportar, a partir de Campinas, sede da organização, algo como dez toneladas de equipamentos para a montagem do centro cirúrgico móvel a cada expedição.
Amazônia Legal
A primeira expedição foi realizada em fevereiro de 2004, com destino a Iauaratê, povoado do município de São Gabriel da Cachoeira (AM). De lá para cá, mais de 20 outras expedições foram organizadas na Amazônia Legal. O número de consultas chega perto de 20 mil, enquanto o total de cirurgias ultrapassa 3.100.
A mais recente foi também em Roraima, na região de Surucucus, Terra Indígena Yanomami. Um hospital de campanha foi montado próximo ao 5º Pelotão Especial de Fronteira do Exército para a realização das cirurgias e consultas. Mais de 60 voluntários, entre médicos e enfermeiros, participaram da expedição, além de cerca de 80 servidores do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), que se envolveram na triagem e apoio aos atendimentos. A organização também atuou no Haiti nos meses seguintes ao terremoto que devastou várias cidades do país no início de 2010.