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A juventude também é premiada

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Helena, seu marido Ivan e seu filho Leon. Atualmente, a professora está grávida de seu segundo filho

Ganhadora do Prêmio Fundação Bunge 2011, Helena Lage Ferreira, da FZEA, mostra como aliar conhecimento e juventude

Por Isabela Morais

Há pouco menos de seis meses, a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), de Pirassununga, conta com a presença de Helena Lage Ferreira em seu quadro de docentes. Os poucos meses de dedicação à USP, porém, não devem esconder uma história de vida, já recheada de importantes realizações. Prova disso é que aos 32 anos, casada e grávida do segundo filho, Helena acaba de conquistar o Prêmio Fundação Bunge 2011, na categoria Defesa Sanitária Animal e Vegetal – Juventude.

O prêmio, criado pela Fundação Bunge que é responsável pelas ações de responsabilidade social do grupo Bunge no Brasil – empresa de agronegócios e alimentos –, tem como objetivo incentivar a inovação e o poder transformador dos profissionais nas áreas de ciência, letras e artes. Os candidatos são indicados por universidades, entidades culturais e científicas. As categorias são divididas em Vida e Obra, que reconhece a obra consolidada de um especialista e Juventude, que premia os jovens talentos. Com a premiação, a professora ganha não só reconhecimento do que já foi feito, como também incentivo para continuar em sua linha de pesquisa na virologia aviária.

Mineira da cidade de Ipatinga, em 1999, aos 20 anos, Helena começou sua graduação em Medicina Veterinária pela Unesp. A vivência com a família mostrou-se determinante para a escolha do curso. “Acreditava que bastava gostar de animais para fazer o curso. Meu avô tinha uma fazenda no interior de Minas Gerais, o que me permitiu esse contato. Também tenho dois tios médicos veterinários que serviram de exemplos para mim”, conta.

A fazenda do avô, no interior de Minas Gerais, é parte das primeiras recordações do contato de Helena com os animais e a natureza

Nos primeiros anos de sua graduação, Helena fez descobertas sobre a profissão e já se envolveu na área em que trabalha e é reconhecida atualmente. “Descobri que o curso de veterinária era muito mais abrangente do que eu imaginava. Gostava de muitas áreas, mas no início do segundo ano do curso já comecei a fazer pesquisa com vírus por meio de uma iniciação científica”, diz.

Entre as recordações do período em que cursou Medicina Veterinária, Helena destaca três momentos importantes, que já revelavam frutos de sua dedicação à pesquisa. O primeiro deles foi sua apresentação oral no Congresso de Iniciação Científica. O segundo foi o momento em que recebeu a notícia de que havia ganho uma viagem para o Congresso da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 2000. Ela comenta: “Eu e outra aluna fomos selecionadas, porque tínhamos as melhores médias de notas entre os alunos de iniciação científica”. Já como terceiro evento ela destaca: “Também foi marcante o dia em que ganhei uma menção honrosa no Congresso de Iniciação Científica em 2003 pelo meu trabalho”.

No último ano do curso de Medicina Veterinária, em 2003, Helena estava determinada a fazer uma pós-graduação na área de Genética e Biologia Molecular. Passou então a procurar por laboratórios que realizavam pesquisa na área. Após fazer alguns estágios nesses laboratórios, ela optou pelo programa de pós-graduação de Genética e Biologia Molecular da Unicamp. “Era um programa excelente e que abordava uma área que me atraía. Achei que seria uma boa opção para minha carreira.Tive que estudar bastante para passar na prova”, revela.

Turma da graduação em Medicina Veterinária pela Unesp

Foi então que, em 2004, Helena começou seu doutorado em Genética e Biologia Molecular no Instituto de Biologia da Unicamp com apoio da FAPESP. O projeto abordou os efeitos da interferência por ácido ribonucléico (RNA) na replicação do AMPV (metapneumovírus aviário) in vitro. Este trabalho teve como objetivo inibir a replicação do AMPV in vitro através da interferência por RNA (RNAi), técnica que conferiu um prêmio Nobel da Medicina aos cientistas Andrew Z. Fire & Craig C. Mello, que a criaram, em 2006. Durante esse período, a professora chegou a trabalhar em um hospital veterinário como plantonista. A experiência foi útil para lhe mostrar que nem todas as áreas da Medicina Veterinária eram de seu agrado. Conforme conta, “em pouquíssimo tempo aprendi que não tinha o perfil para trabalhar numa clínica de pequenos animais”.
Após passar pela Unicamp, em 2007, Helena foi contratada pelo Veterinary Agrochemical Research Centre, na Bélgica, onde desenvolveu seu pós-doutorado em Influenza Aviária (H5N1). Para a professora, além de uma importante realização científica, a oportunidade também serviu para o crescimento pessoal. “O maior desafio foi apresentar meu trabalho em uma conferência com os pesquisadores mais prestigiados da minha área. Depois dessa apresentação, fiquei convencida que poderia apresentar qualquer coisa. Tive a oportunidade de conhecer alguns pesquisadores de renome que influenciaram bastante o meu modo de viver a pesquisa”, diz.

Parte da equipe que a professora trabalhou em Bruxelas, na Bélgica

Após desenvolver projetos com colaborações internacionais durante três anos, Helena revela que sentiu a necessidade de interagir com alunos, e não apenas fazer pesquisas. Ainda em Bruxelas, capital da Bélgica, ela prestou concurso para tornar-se professora da USP, em novembro de 2010. Em abril deste ano, Helena voltou ao Brasil para lecionar Epidemiologia, Diagnóstico e Controle das Doenças Aviárias na FZEA. “Tomei posse em abril deste ano e tive a oportunidade de lecionar poucas aulas por enquanto. Gosto bastante de ensinar e foi por isso que resolvi voltar. A integração e aprendizado com os alunos me incentivam a evoluir”, ela diz.
Em julho, essa trajetória recente, mas muito promissora, foi premiada. Helena conta que se surpreendeu com a indicação ao Prêmio Fundação Bunge 2011. “Foi surpreendente, sensacional, incrível! Um grande incentivo para o início de carreira e uma motivação para seguir a minha linha de pesquisa”, diz.

2 comentários sobre “A juventude também é premiada”

  1. Avimig disse:

    Parabéns pela excelente matéria.

  2. marília Marth disse:

    Ao editor da Revista Espaço Aberto da USP.

    Na oportunidade queremos parabenizá-los pela excelente matéria “A juventude também é premiada”, publicada em 06/09/2011.

    Realmente é um prêmio muito valioso para uma jovem, veterinária, mulher e mãe, a Dra. Helena. É uma conquista quase que inédita, pois há poucos anos a Medicina Veterinária não era profissão de destaque, a mulher geralmente seguia o magistério, e veterinária não era profissão para meninas. Então me orgulho da Dra. Helena, que rompeu tantas barreiras, é veterinária e cientista, mulher, mãe e ainda está grávida do segundo filho. Parabéns para a jovem Dra. Helena, para a Revista pela publicação da matéria, para a Fundação Bunge pela seleção de seus premiados, e para a FZEA em por esta profissional em sua grade de professores.

    Marília Martha Ferreira

    Médica Veterinária

    CRMV-MG nº 0004

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