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Guia apresenta a situação dos banheiros públicos em São Paulo

Guia sobre banheiros públicos possui viés múltiplo de análises, tornando-se relevante para a área médica e de saúde
Por Marcia Scapaticio

Um guia sobre banheiros públicos em São Paulo. Tal ideia foi concretizada por Homero Bruschini, urologista do HCFM. O guia Banheiros em São Paulo: Onde ir, Como fazer? (Editora Livro de Bolso) foi realizado em conjunto com Maria Alice Lelis, Patrícia Féra e Regiane Glashan, enfermeiras que fazem parte da equipe de trabalho do médico. Bruschini afirma que a motivação primeira para a elaboração dessa publicação foi a de “levantar um problema de saúde pública que é pouco considerado, além de servir como uma orientação aos moradores e visitantes da capital paulista que necessitam da utilização de sanitários públicos”.

As três profissionais visitaram as regiões da cidade e constataram a situação dos banheiros públicos e de alguns centros comerciais. Os locais expostos no guia vão desde a região central, a área comercial e financeira, que engloba a Avenida Paulista em toda a sua extensão, os parques públicos e as instalações sanitárias existentes nas áreas de transporte. Esta análise incluiu visitas ao Terminal Rodoviário do Tietê, às Estações de Metrô e Terminais de ônibus.

O livreto foi entregue, primeiramente, aos profissionais da área médica e de saúde. Baseando-se neste fato, observamos a multiplicidade de aplicação do guia, que é visto com bons olhos por especialistas da área de saúde, como pela professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) Maria Helena Matté, que menciona a possibilidade do trabalho servir de referência e apoio para o desenvolvimento de estudos complementares.

A população também foi beneficiada com a distribuição que ocorre de forma gratuita, no Departamento de Urologia do HC, no qual o médico atua como chefe do Grupo de Disfunções Miccionais, Urologia Feminina e Incontinência Urinária.

Para o professor, uma das constatações relevantes não se limita apenas à questão da manutenção dos banheiros, mas sim, a ausência destes. “Podemos nos servir do exemplo da região da Paulista, na qual os sanitários públicos disponíveis se restringem ao Parque Trianon; sendo assim, alternativas possíveis encontram-se nas agências bancárias, galerias, bares e restaurantes.”

Bruschini revela que não quis causar polêmica de teor político e já recebeu contato de vereadores interessados nas constatações do guia. “A ideia é não fazer libelo político, só estamos mostrando o cotidiano do cidadão paulistano.” E, direcionado por este pensamento, o doutor afirma: “Pior do que um banheiro sujo é não atender à demanda por sanitários na cidade. Na questão médica, o mais grave não é uma possível incontinência, mas sim adiar o ato de ir ao banheiro, que, além do desconforto, causa infecção no trato urinário”.

O guia possui um viés múltiplo de análises e pode ser de interesse de áreas correlatas. É o que acontece, segundo a professora da FSP Maria Helena Matté, que desenvolve um estudo sobre os alimentos comercializados no mercado informal, tendo como objeto o queijo minas. A pesquisadora constatou que a contaminação dos queijos vendidos por ambulantes é decorrente do manuseio inadequado, proveniente do contato direto com as mãos não higienizadas corretamente. “Produtos frescos e expostos a fatores externos como a temperatura e o armazenamento merecem cuidados redobrados no manuseio.” Outro ponto importante nesta análise é a verificação da ausência de sanitários que possam ser utilizados pelos ambulantes enquanto estão trabalhando; tal infraestrutura diminuiria os riscos de contaminação por bactérias ligadas à flora intestinal.”

Profa. Maria Helena Matté da Faculdade de Saúde Pública

Profa. Maria Helena Matté da Faculdade de Saúde Pública

A professora atenta para o fato de que a Universidade, representada pela FSP, possui diversas pesquisas na área médica, acreditando em campanhas em prol da saúde. “Mas cabe às autoridades realizar campanhas educativas e parcerias que conscientizem a população acerca da importância da higienização correta, lembrando que as pessoas são abertas a medidas socioeducativas que têm como único fim o benefício direto dos envolvidos.”

Para Regina Monteiro, diretora de Meio Ambiente e Paisagismo da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), ligada à Prefeitura de São Paulo, “é notório que há empecilhos para os cidadãos paulistanos no que diz respeito ao atendimento da demanda por sanitários na cidade, porém a empresa está se empenhando nos estudos que possibilitem alternativas viáveis.” O estudo já foi feito, contudo, há entraves que precisam ser revistos. “Por exemplo, a estipulação de um valor simbólico pelo uso dos banheiros que, teoricamente, não pode ser cobrado; além da manutenção desses locais, a qual tem de ser realizada de maneira ostensiva.”

Regina Monteiro afirma que uma boa solução é a realização de parcerias. “Existem locais em que o espaço é subutilizado, como acontece na região da República; a ideia é a disponibilização da infraestrutura a uma empresa que cuide dos sanitários. Novas publicidades poderiam acontecer no formato de 10 cm x 10 cm e dar início às parcerias cidadãs, nas quais a população será beneficiada.” O projeto já é bem aceito, com o interesse de diversas empresas em participar desta forma de patrocínio. Segundo a diretora, a prioridade é encontrar novas formas de atender às necessidades da população.

Um comentário sobre “Guia apresenta a situação dos banheiros públicos em São Paulo”

  1. Amauri Leme da Silva disse:

    Outro dia contornando a praça da Sé de carro com alguns parentes do interior que estavam visitando a cidade fiquei surpreso com o cheiro de urina e fezes que vinham dos jardins, que por sinal foram reformados a pouco tempo.

    Comentando o fato, do dinheiro gasto e da falta de planejamento, como ainda não se percebeu que obras de melhoria não podem simplesmente ser implantadas e "pronto". A manutenção tem que ser constante e efetiva para que se perceba que a mudança não é temporária.

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