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Pequenos Cidadãos, grandes pessoas

Jovem participa de uma das atividades do Projeto Pequeno Cidadão

Jovem participa de uma das atividades do Projeto Pequeno Cidadão

Projeto da USP São Carlos volta às aulas e traz oportunidades para crianças de 10 a 14 anos

Por Amanda Previdelli

Com a volta às aulas nesse início de 2010, um dos projetos da Universidade de São Paulo, o Pequeno Cidadão, ligado à Coordenadoria do Campus de São Carlos, que oferece grupos de complementação educacionais, culturais e esportivas, também retomou suas atividades com as 220 crianças que atende.

Criado em 1997 através de uma parceria entre a USP São Carlos e a empresa privada KPMG Auditores Independentes, o Projeto Pequeno Cidadão atende as crianças diariamente. São jovens de 10 a 14 anos, em situação de baixa renda e matriculados em escolas regulares do sistema público de ensino. Como o projeto só atende 220 crianças por ano, as que têm o histórico emocional prejudicado (condição de abandono, responsáveis ausentes ou até casos de encaminhamentos especiais de órgãos públicos) são privilegiadas. A extensão, de caráter esportivo, educacional e cultural, é feita no campus de São Carlos da USP, que cede toda a estrutura física e administrativa para as atividades das turmas (matutina e vespertina).

“Queremos investir na formação da criança e do adolescente. Nosso papel é de fundamental importância na idealização de um mundo novo, com menos injustiças sociais”, afirma a coordenadora pedagógica do projeto, Elaine Trimer Ruggiero.

“O mais difícil é acompanhar o histórico de crianças muitas vezes fruto de relacionamentos frágeis, que têm histórico de abandono emocional, maus tratos, bem como tratamentos pejorativos, xingamentos. É difícil ver no rosto dessas crianças e jovens as consequências de acompanhar em casa histórias de alcoolismo, brigas conjugais etc.”, diz a professora que, no entanto, reconhece as vantagens de trabalhar no projeto: “A melhor coisa, sem dúvida nenhuma, é ver o resultado no rosto de cada um, o retorno de todo amor que recebemos, as manifestações de carinho que nos abastecem de energia” .

Crianças em uma das visitas programada

Crianças em uma das visitas programada

Os jovens começam o ciclo do projeto aos dez anos e se formam aos 14. O projeto trabalha com diversas atividades, uma delas, os grupos de pesquisa, existe em parceria com outro projeto de extensão da USP, o Aprender com Cultura e Extensão, ligado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. Os alunos do Aprender se tornam educadores/monitores de atividades que visam à iniciação à alfabetização, além de grupos de pesquisa em português e matemática.

Além dessa frente de pesquisa, há a parceria com o Centro de Informática de São Carlos (Cisc), que oferece acesso à internet e aos computadores do centro. Desse modo, as crianças têm a oportunidade de se incluírem no mundo digital: aprendem técnicas básicas de utilização de computadores, navegam por diferentes sites e criam seu próprio endereço eletrônico.

O Pequeno Cidadão trabalha principalmente com as vocações de cada criança. Todas têm acesso aos grupos de dança, teatro e aos diferentes esportes (basquete, handebol, futsal, futebol de campo, futebol de areia, vôlei, atletismo, natação e triathlon). Aquelas que se destacam em uma área, porém, expõem seus trabalhos ou recebem treinamentos específicos. Um exemplo disso é “uma parceria com Antonio Carlos do Amaral, técnico da seleção brasileira de triathlon. O técnico treinou pessoalmente alguns dos alunos que mostraram maior aptidão para o esporte”, conta o coordenador do projeto e coordenador do campus de São Carlos, o professor Dagoberto Dario Mori.

Os participantes do projeto também recebem tratamento dentário, cortes de cabelo, acompanhamento médico e educação alimentar, além de participarem de debates sobre temas polêmicos (como preconceito) e encontros sobre questões ambientais. “É uma chance para essas crianças mudarem a realidade em que vivem”, diz Elaine Trimer.

A coordenadora do Projeto Elaine Rugiero

A coordenadora do Projeto Elaine Rugiero

Segundo a professora, o projeto bem-sucedido gerou um círculo positivo: “O trabalho dá certo e assim mais pessoas querem fazer parte. Estamos crescendo cada vez mais”, conta. E os números comprovam essa afirmação. É feito um acompanhamento anual dos jovens que completam o ciclo de quatro anos no projeto e 90% deles estão cursando uma instituição de ensino, 84% nunca foram reprovados na escola e 82% estão cursando ou já cursaram algum curso profissionalizante. Além disso, poucos alunos que entram deixam o projeto antes de completar o ciclo: as poucas saídas são normalmente de crianças que mudam de cidade.

“Com certeza todos os momentos vividos no projeto são marcantes e mudam de maneira substancial a forma de encararmos a vida”, explica Elaine. Para ela, todos os dias são uma nova lição de vida. “Dentre esses momentos, um dos mais marcantes foi a alegria de ver um ex-Pequeno Cidadão tendo a oportunidade de acesso a uma universidade pública, como foi o caso do nosso ex-aluno Caio Bruno de Oliveira, que hoje frequenta a Unesp em Rio Claro, e o João Rafael Tavares, que frequenta o Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) em São Carlos”, completa.

No final do ano, acontece a formatura dos adolescentes que completam o ciclo de quatro anos. É nesse evento que a empresa patrocinadora KPMG e o parceiro Colégio Interativo divulgam os vencedores do Prêmio Bessan (uma bolsa de estudos referente aos três anos do ensino médio, em colégio particular, ao aluno de destaque do ano).

No mural do Projeto Pequeno Cidadão, podemos encontrar depoimentos dos alunos e ex-alunos, frases de agradecimento e saudades. “O projeto é uma oportunidade para o jovem ou a criança entrar no mundo. A classe baixa do Brasil é esquecida e esse projeto dá uma nova oportunidade para que os participantes evoluam”, escreve o aluno que assina como “ex-pequeno cidadão agora grande pessoa”. Para Elaine, é uma satisfação “perceber que o projeto cumpriu seu papel dando oportunidades de futuro profissional e cidadania”.

Serviço

Para educadores que querem participar do projeto: Envie seu currículo para a coordenação mencionando o assunto “Educador”

Para crianças:

O projeto trabalha com processo seletivo. A divulgação para inscrições é feita em polos como bairros da periferia da cidade, Centros Comunitários, escolas e Secretarias Municipais.

A criança poderá participar da seleção no ano em que completa 10 anos e um dos critérios de análise utilizados para a seleção é o socioeconômico.

Documentos necessários para inscrição: cópias da certidão de nascimento, do comprovante de residência, do RG/RA escolar da criança, do RG e CPF do responsável, da carteira de trabalho (desempregados), do último holerite (empregados), declaração de renda (autônomos) e duas fotos 3×4.

Mais informações: http://www.saocarlos.usp.br/pequenocidadao
Fone: (16) 3373-9105 ou (16) 3373-8294

Saiba mais sobre outros projetos da USP aqui.

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