comunidade usp

Energia e reconhecimento, a trajetória de José Simões Moreira

Por Roberta Figueira

A questão do aquecimento global é bastante polêmica e cada vez mais presente em nosso cotidiano. O gás carbônico, CO², é o responsável pelo efeito estufa, conforme já foi comprovado. Sendo assim, estudiosos como José Simões Moreira, professor da Escola Politécnica (Epusp), acreditam que o emprego de tecnologias que produzam o mínimo de CO² deve ser incentivado como regra geral. Isso inclui o uso eficiente da energia e processos de aproveitamento de calor residual, evitando queimas adicionais de combustível.

“Nossa pesquisa tem dado uma visibilidade internacional ao nosso trabalho”, afirma José Simões Moreira

Foi devido a essa visão e pelo trabalho desenvolvido no Laboratório de Sistemas Energéticos Alternativos do Departamento de Engenharia Mecânica (Sisea) da Epusp, referente a processos de liquefação de gás natural, que o professor José Simões Moreira foi convidado a participar do debate de novas tecnologias de captura de carbono, em órgão da ONU. Essa foi a primeira Reunião Global da Technology Roadmap (TRM) para discussão de rotas para Captura e Armazenamento de Carbono (CCS), realizada pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido).
Segundo o professor, o convite foi feito depois que o Sisea publicou dois artigos internacionais referentes a estudos de tecnologias de liquefação de gás natural decorrentes de orientações de mestrado, iniciação científica e projetos financiados pelo setor produtivo, dando essa visibilidade internacional nesse assunto. Em função disso, pensou-se na aplicação dessas tecnologias para liquefação ou solidificação do gás carbônico para efeitos do seu transporte e armazenamento a partir do centro industrial produtor.

José Simões Moreira, convidado a participar do debate de novas tecnologias de captura de carbono, em orgão da ONU

O objetivo da reunião era discutir um documento, chamado de roadmap que deve fornecer indicativos e informações relevantes para ações governamentais e tomadores de decisões no setor industrial para a implantação de tecnologias de CCS. A Unido focou seus esforços no âmbito dessa reunião em cinco setores industriais: fontes de CO² de elevada pureza, indústrias de cimento e aço, setor de refinaria e setor de biomassa. “A reunião foi dividida nesses setores e especialistas discutiram tecnologias apropriadas para cada um deles”, conta o professor.
A trajetória de José Simões Moreira, no entanto, vai muito além de sua atuação com tecnologias de CCS. O professor sempre gostou de engenharia desde pequeno. Aponta seu pai, um autodidata em mecânica, como grande influência em sua carreira. “Em minhas recordações, sempre o vejo acertando a regulagem de motores ou fazendo reparos mecânicos nos seus automóveis”, conta o professor.
Crescendo nesse ambiente, não foi muito difícil decidir se tornar engenheiro. Só lhe bastava decidir que área da engenharia seguir. Após considerar durante a adolescência seguir para a elétrica, acabou cedendo aos encantos da mecânica. Ingressou na Escola Politécnica em 1979 e ao final do primeiro ano já sentiu vocação para a área de energia, particularmente, Termodinâmica e Máquinas Térmicas.
“Ao concluir o curso trabalhei no setor industrial, porém mantive um ‘pé’ na Universidade”, conta. Fez mestrado e logo se tornou auxiliar de ensino no

Depois de formado o professor trabalhou no setor industrial mas manteve relação com a universidade

Departamento de Engenharia Mecânica da Epusp, onde atua até hoje, agora na qualidade de professor associado. Realizou doutorado no Rensselaer Polytechnic Institute em Nova Yorque, foi professor visitante no Peru e, mais recentemente, no INSA-Lyon, na França.
Após o doutoramento no exterior, iniciou suas atividadesem 1995 no Sisea. “A proposta desse laboratório é justamente explorar formas alternativas do uso e transformação da energia”, explica. Nesse sentido, tem desenvolvido vários projetos na área de gás natural, dentro do conceito de cogeração, isto é, produção simultânea das energias eletromecânica e térmica.

Segundo Moreira, esses projetos são muito relevantes no contexto do uso eficiente da energia química acumulada nos combustíveis. Isso tem uso prático, por exemplo, para produzir eletricidade por meio de um gerador elétrico acionado por uma turbina a gás ou motor de combustão interna, com o aproveitamento da energia térmica associada a produtos de combustão para produzir outro efeito, como o aquecimento de água ou, até mesmo, produção de ar condicionado. “Também nosso laboratório tem desenvolvido algumas outras iniciativas na área de equipamentos para produção de ar condicionado por meio de ciclos de absorção de calor, bem como outras iniciativas mais modestas na área de uso de energia solar”, conta.Todos esses projetos têm cunho aplicativo, inclusive com financiamento do setor industrial. “Nossa pesquisa mais fundamental tem dado visibilidade internacional ao nosso trabalho, com interações com instituições do exterior e publicações em periódicos bem qualificados”, afirma.

2 comentários sobre “Energia e reconhecimento, a trajetória de José Simões Moreira”

  1. ESTELITA disse:

    ESTUDAMOS JUNTOS EM 1972/1974 NA ESCOLA ESTADUAL DO VILA FLÓRIDA – GUARULHOS – SP. ELE ERA O MELHOR ALUNO DA ESCOLA!

  2. Edvaldo Angelo disse:

    O Prof. Simões (como é carinhosamente conhecido) é um grande Pesquisador e Professor. Tem investido seus melhores esforços na formação de pessoal e também no desenvolvimento científico. É um homem coerente e íntegro. Parabéns pela carreira PROFESSOR!

Deixe um Comentário

Fique de Olho

Enquetes

As questões nas reuniões do Conselho Municipal de Política Urbana envolvem, indiretamente, transporte e mobilidade. Em sua opinião, qual item seria prioridade para melhorar o transporte público?

Carregando ... Carregando ...

Dicas de Leitura

A história do jornalismo brasileiro

O livro aborda a imprensa no período colonial, estende-se pela época da independência e termina com a ascensão de D. Pedro II ao poder, na década de 1840
Clique e confira


Video

A evolução do parto

O programa “Linha do Tempo”, da TV USP de...

Áudio

Energia eólica e o meio ambiente

O programa de rádio “Ambiente é o Meio” foi...

/Expediente

/Arquivo

/Edições Anteriores